Três homens foram baleados em uma briga entre torcidas organizadas na Zona Norte do Recife. O caso foi registrado pela Polícia Civil, na madrugada desta quinta-feira (29), como tentativa de homicídio. Imagens enviadas pelo WhatsApp mostram correria e confusão.
A confusão aconteceu entre a Avenida Rosa e Silva e a Rua do Futuro, nas imediações da sede do Náutico, que perdeu para o Sport na noite da quarta-feira (28). Mais cedo, vândalos quebraram a pedradas o vidro do ônibus de jogadores do Náutico quando eles chegavam à Ilha do Retiro, onde ocorreu a partida.
O jogo entre os dois times, chamado de “Clássico dos Clássicos”, era decisivo para ambos na Série B do Campeonato Brasileiro. O Sport buscava o acesso ao G4 e o Náutico tentava sair da zona de rebaixamento.
Nos vídeos que mostram a confusão, é possível ouvir o som de tiros e ver pessoas com camisas de times de futebol. Moradores da área relataram que a Polícia Militar usou balas de borracha para dispersar os integrantes das organizadas. Vidraças de lojas foram quebradas.
A Polícia Militar foi acionada para o confronto entre organizadas após o jogo. Desde 2020, uma decisão do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) determinou a extinção de três torcidas organizadas, após episódios de violência e vandalismo no estado.
Os policiais militares relataram que encontraram três homens feridos por disparos de arma de fogo e fizeram o socorro deles para o Hospital da Restauração (HR), no bairro do Derby, na região central do Recife.
A assessoria de comunicação do HR informou que os feridos foram os seguintes:
Laerte José, de 21 anos – está na unidade de trauma, com quadro de saúde estável
Alexsandro Cabral de Oliveira, de 30 anos – passou por cirurgia e está na sala de recuperação, com estado de saúde considerado estável
Wallace José Barbosa da Silva, 20 anos – está na unidade de trauma, com quadro de saúde estável.
Um quarto homem, de 20 anos, deu entrada no HR por volta das 3h43 atingido por uma pedrada, mas teria sido em outra confusão.
A PM afirmou que, segundo informações iniciais, os tiros teriam sido realizados por quatro pessoas, que fugiram em seguida.
No entanto, a mãe de Wallace José, a cuidadora Tatiana Barbosa da Silva, afirmou que o filho alegou ter sido baleado por policiais militares. O g1 perguntou à PM se eles investigam essa informação, mas não recebeu resposta até a última atualização desta reportagem.
“Ele contou para mim que estava indo para casa, com a turma da torcida do Sport. A turma do Náutico veio e começou a jogar pedra. Eles pegaram pedra para revidar também. Quando ele estava indo para casa, quando os ‘homens’ [policiais] passaram, começaram a atirar. Invés de apartar a briga, começaram a atirar”, disse Tatiana.
A Polícia Civil informou que “as investigações foram iniciadas e seguem até esclarecimento do caso”.
Medo e prejuízos
Nesta quinta-feira (29), comerciantes e pessoas que moram na região relataram que tiveram prejuízos com vitrines e janelas quebradas. Um carro que estava estacionado na rua teve o vidro traseiro quebrado.
Uma mulher mostrou a quantidade de capsulas de armas que ficaram pelo chão, bem como bolinhas de gude, que teriam sido usadas para quebrar as vidraças.
Moradores relataram que, atualmente, têm medo de sair de casa em dias de jogo. “Estamos reféns. Dia de jogo, todos mudamos a rotina e evitamos sair, evitamos chegar, porque é uma praça de guerra”, relatou um homem, que pediu para não ser identificado.
“Teve mais de 10 minutos de briga. Foi um palco de briga aqui na [Avenida] Rosa e Silva. Terror. As pessoas ficam assustadas, são moradores. As pessoas idosas ficam com o psicológico abalado”, declarou o morador.