Rio de Janeiro – Uma adolescente de 12 anos foi vítima de ataques homofóbicos, racistas e gordofóbicos, em uma rede social, por colegas de uma escola particular da Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio de Janeiro.
A mãe da adolescente conta que os ataques aconteceram em agosto.
Nesta quarta-feira (28), ela apresentou prints de mensagens na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi).
Na troca de mensagens, alunos da escola Eleva chamam a estudante de “gorda, lésbica, pobre e bolsista”. As mensagens foram publicadas nas redes sociais e depois deletadas.
A jovem vive com a mãe e a madrasta, que era professora da escola Eleva, mas foi suspensa após o episódio e, agora em setembro, demitida da unidade.
A jovem agora tem acolhimento psicológico custeado pela família de duas a três vezes por semana.
A mãe afirma que a dor de ver uma filha passar por algo que ela mesma já viveu é ainda maior.
“Uma das adolescentes fez um vídeo no Tik Tok, compartilhou, e as outras compartilharam também. E isso ficou no ar até o momento em que elas perceberam que toda a série tava falando ‘vocês estão cometendo um crime, vocês estão cometendo um crime’, e aí elas tiraram”, contou a mãe da estudante, sem se identificar.
“Fiquei paralisada, a gente fica paralisada nesse tipo de situação, com isso eu revivi as dores do meu passado, eu sofri bastante bullying, eu era a única criança negra na escola que eu estudei.”
“Tirando minha esposa da escola automaticamente minha filha sai da escola. E aconteceram outros casos de racismo na escola, não foram poucos e as pessoas se calaram, eu não vou me calar. Eu já sofri bastante e ver minha filha sofrer dói muito”, disse a mãe.
Na Decradi, o caso foi registrado como injúria por preconceito.
O que diz a escola
Procurada pela TV Globo, a escola disse que se solidariza com a aluna e repudia qualquer tipo de racismo e outras formas de discriminação.
E reforça que:
“A respeito do caso de racismo, homofobia e gordofobia, tão logo soube da situação, que não ocorreu dentro do campus, aplicou medidas disciplinares, pedagógicas e formativas aos alunos e, desde então, está tomando ações acolhedoras para os envolvidos e suas famílias, legitimando, assim, o compromisso de orientar e gerenciar, com a devida importância e cuidado, questões que lhes afastem de um convívio acolhedor e humanizado na escola.
Sobre desligamento da professora, casada com a mãe da aluna que sofreu o bullying, a escola reitera não foi consequência do acontecido. Mesmo acreditando na importância dos feedbacks, quando há um desalinhamento entre expectativa relacionada ao comportamento e conduta quanto à postura em relação aos alunos, a escola toma medidas emergenciais cabíveis.
Entretanto, posteriormente à demissão foi apresentado atestado medico pela profissional, sendo reintegrada aos quadros da escola.”