Apreendido pela primeira vez no Distrito Federal na manhã dessa sexta-feira (7/10) pela Polícia Civil (PCDF), o ecstasy líquido pode trazer maiores riscos ao usuário do que a forma mais comum da substância ─ em comprimido ou em cristais. Segundo o perito criminal do Laboratório de Química e Física Forense do Instituto de Criminalística da PCDF Luciano Chaves Arantes, apesar do nome, as drogas causam efeitos distintos e são quimicamente bem diferentes.
“O ecstasy líquido muitas vezes é utilizado para facilitação sexual. Ele é colocado dentro da bebida da outra pessoa e, dependendo da quantidade, pode levar à morte”, alertou.
Diferentemente da sensação de bem-estar e das emoções afloradas em decorrência do uso do ecstasy comum, a droga no estado líquido é responsável por gerar alucinações e sentimentos alegres. Em contrapartida, ela pode causar náuseas, vômitos, mudanças na visão, inconsciência e overdose com morte, frente aos sintomas típicos, como hipertensão, ataque de pânico e perda de consciência dos comprimidos.
Segundo o especialista, o batismo de drogas diferentes com nomes semelhantes pode ter ocorrido por causa da paridade de efeitos que trazem um aumento no bem-estar do usuário.
Composição química
Enquanto o ecstasy em forma de comprimido é produzido a partir do MDMA e do MDA, sua forma líquida pode ser desenvolvida a partir do butanodiol ou do Gama-ButiroLactona (GBL). Os últimos compostos, então, são digeridos pelas mesmas enzimas responsáveis pela absorção do álcool no organismo. Como produto, é obtido o ácido Gama-HidroxiButírico ─ substância responsável pelas alucinações e perda de consciência.
Segundo o especialista, o GBL é produzido em larga escala pela indústria e pode ser utilizado como removedor de tintas metálicas e limpa piso. Ele também é capaz de dissolver plásticos e desentupir pias.
Apreensão
Um fornecedor de ecstasy que abastecia festas em casas noturnas de Águas Claras foi preso na sexta (7/10). A detenção ocorreu no âmbito da Operação Cincinnati, quando também foi cumprido um mandado de busca e apreensão em um apartamento na mesma região.
No local, agentes encontraram centenas de comprimidos de ecstasy, volume expressivo de butanodiol, embalagens e frascos, além da máquina para pagamento com cartões e um veículo. A Coordenação de Repressão à Drogas (CORD) conduziu a ação. O investigado foi autuado por tráfico de drogas qualificado.
A PCDF estima que cada 15 ml de butanodiol é vendido por R$ 60. Geralmente, esse tipo de droga é comercializado em pequenas quantidades.