Ser alvo de um processo no Conselho de Ética da Câmara pode dar algum desgaste, gerar notícias desagradáveis na imprensa e obrigar contratar um advogado. Mas parece não ameaçar a carreira política da maioria que responde por alguma acusação nesse colegiado.
Dos 28 deputados representados no conselho nos quatro anos dessa legislatura, 20 deles, que representam 70%, conseguiram se reeleger.
Do total de acusados, apenas dois tiveram seus mandatos cassados: Flordelis (PSD-RJ) e Boca Aberta (PROS-PR). Outros nove ainda seguem respondendo a processo, mas todos foram reeleitos. Entre estes estão Eduardo Bolsonaro (PL-SP), alvo de sete representações, e as também bolsonaristas Carla Zambelli (PL-SP), Bia Kicis (PL-DF) e Delegado Éder Mauro (PL-PA). Todos reeleitos, com as maiores votações.
Outros dois reeleitos e com casos ainda pendentes no conselho são alvos das acusações mais pesadas. Josimar Maranhãozinho (PL-MA) foi flagrado numa operação da Polícia Federal manuseando caixas de dinheiro, e Wilson Santiago (Republicanos-PB), que foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República, em 2019, pelos crimes de organização criminosa e corrupção passiva.
Entre os não reeleitos estão Soraya Manato (PTB-ES), cujo marido, Carlos Manato (PL), disputa o segundo turno do governo capixaba; Daniel Silveira (PTB-RJ), condenado a oito meses de suspensão do mandato na Câmara, mas que foi preso pelo STF e ganhou indulto de Bolsonaro. Ele não se elegeu senador no Rio.
Algumas deputadas de esquerda também “passaram” pelo Conselho de Ética, mas os casos foram arquivados: Gleisi Hoffmann (PT-PR), Talíria Petrone (PSol-RJ), Jandira Feghali (PCdoB-RJ) e Maria do Rosário (PT-RS). Todas foram reeleitas.
Até o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), foi alvo de uma ação no conselho, mas o presidente do colegiado, Paulo Azi (União-BA), num gesto inédito, recusou de ofício. Lira foi acusado de quebra de decoro por ameaçar expulsar do plenário o colega Glauber Braga (PSol-RJ).