Torcedores do CSA apontam ‘disputa política’ entre Coêlho e Tenório como principal motivo de possível rebaixamento

Morgana Oliveira/Ascom CSA

O CSA vive uma profunda crise em 2022. Após uma meteórica ascensão de 2016 a 2019, quando o Azulão deixou a Série D rumo à Série A. No meio tempo, o time alagoano conquistou o título da Série C, em 2017.

Mesmo com o rebaixamento à Série B, em 2019, o CSA não havia vivido uma situação tão delicada como tem passado na atual temporada. Mesmo com o retorno à segunda divisão, o time alagoano “bateu na trave” na luta pelo retorno à elite do futebol nacional em 2020 e 2021.

A experiência de permanância na Série B e luta pelo acesso à Série A dava ao CSA, em 2022, o status de – em mais um ano – ser um dos clubes que iriam lutar pelo seu retorno à elite do futebol brasileiro. Entretanto, dentro e fora de campo, o alinhamento que havia tido em outras temporadas deu lugar a uma série de equívocos que devem levar o time de volta à terceira divisão.

FRACASSO TÉCNICO

Em apenas uma temporada, o CSA foi dirigido por quatro técnicos. Mozart Santos iniciou a temporada. Alberto Valentim e Roberto Fernandes deram prosseguimento na Série B. O treinador interino, Adriano Soares, também dirigiu a equipe. Ele ficará a frente do time até o final da competição.

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No primeiro trimestre, o Azulão disputou o Campeonato Alagoano, a Copa do Nordeste e a Copa do Brasil, sendo eliminado precocemente em todas estas competições.

  • Campeonato Alagoano: o time foi eliminado pelo CRB nas semifinais e ficou de fora da decisão da competição.
  • Copa do Nordeste: o time que – vinha fazendo uma boa campanha, até então – acabou sendo eliminado pelo Sport, em Maceió, em disputa por pênaltis. Na ocasião, o Azulão era considerado o favorito por ter feito uma melhor campanha e por ter um time mais entrosado.
  • Durante a disputa por pênaltis, o time alagoano perdeu três cobranças e viu o Sport fazer a festa em pleno Rei Pelé.
  • Copa do Brasil: já vivendo um mal momento na temporada, o CSA foi eliminado pelo América Mineiro, sendo derrotado duas vezes. Por 3 a 0, em Maceió e por 2 a 0, em Belo Horizonte.

Já na Série B, principal competição do ano, o time marujo conquistou – até o momento – 36 pontos em 35 partidas disputadas. O Azulão venceu apenas 7 jogos, empatando 13 e perdendo 15.

BASTIDORES EM ‘GUERRA’

Em áudio divulgados nas redes sociais, o ex-presidente do CSA, Rafael Tenório, se lamentou por ter sido – segundo ele – “escanteado” pela nova diretoria do clube, comandada por Omar Coêlho. O ex-mandatário afirmou ainda que se arrependeu de ter apoiado seu sucessor.

“Não foi por falta de humildade minha, que queria ajudar e você nunca aceitou a minha aproximação, porque uns quatro cabras sem-vergonha que estavam lá do seu lado a lhe bajular e não aceitavam. Quando eu disse a você: ‘me entrega esses jogadores que eu vou me sentar com eles e vou mostrar’. Não era para o Mozart ter saído. Você se encantou, como uma serpente se encanta, com o Ximenes. Eu não sei se isso é verdade, mas dizem que tem uma multa estrondosa para tirar o Valentim. Se você assinou, meu amigo, se existe uma multa de 2 milhões de reais, honestamente, meu amigo, isso é uma falta de conhecimento”, disse Tenório.

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Rafael Tenório e Omar Coêlho

Em entrevista após a derrota do CSA para o Londrina, na última sexta-feira (14), Omar Coêlho afirmou “brigas políticas” atrapalharam o andamento de seu trabalho, em 2022. O presidente azulino afirmou ainda que já começou o planejamento para o próximo ano.

“Tem uma briga política dentro do CSA que interfere muito. Desde que eu assumi o CSA, não tive uma semana de folga por causa desses problemas. Todos nós tentamos fazer o melhor, que não deu certo. Ainda há uma esperança de um milagre, mas continuamos com essa esperança. Mas o que nos resta é planejar. Não me furto de nada, trabalhei muito para que desse certo. Mas o futebol é o impoderável, o time não deu liga e cabe a gente planejar o CSA para voltar à Série B do ano que vem e assumir o meu compromisso de devolver o CSA à Série A ao fim do meu mandato”.

TORCEDORES CULPAM DIRETORIA

Sócio-torcedor do CSA há 3 anos, o jornalista Bruno Soriano é um frequentador assíduo das arquibancadas do Estádio Rei Pelé. Apoiador incondicional do Azulão desde criança, o torcedor acredita que a falta de gestão da atual diretoria foi o principal motivo do fracasso azulino em 2022.

“A má gestão resultou na vinda de jogadores que não conseguiram render. Esperava-se muito mais desse elenco. Também é inegável que o extracampo afetou. Além de transparência e competência, faltou cobrança. Faltou aquela preleção ‘para levantar defunto’, aquela presença no vestiário capaz de mudar um jogo. E a atual presidência executiva achou que poderia mudar o cenário a qualquer momento. Isso também pesou demais porque os adversários diretos conseguiram algum progresso nessa reta final. Deram muita autonomia, inclusive, a dirigente forasteiro, que trouxe um treinador “almofadinha”, sem nenhum perfil de Série B, e se despediu pouco tempo depois, como quem larga um osso, agindo com absoluto desdém. Toda essa frouxidão fora de campo se refletiu dentro dele, onde se viu um time sem poder de decisão, muito menos de reação. Perdeu-se o comando. Prova disso é que, após a derrota diante do Londrina, o capitão do time, que já tem três anos de CSA, jogou a toalha e confirmou o que todo mundo já sabia. Mas o CSA é muito maior que toda essa gente. Por tudo isso é que a renúncia da atual diretoria precisa, sim, acontecer. Não apenas pela campanha desastrosa, mas também, e principalmente, pela falta de humildade de quem chegou a recusar ajuda por achar que sairia diminuído. Inacreditável”, comentou Soriano.

Arquivo Pessoal

O jornalista Bruno Soriano aponta decisões equivocadas como principal motivo de crise azulina

Outro torcedor fanático do Azulão, Antônio Braz, criticou as disputas políticas que ocorreram dentro do CSA. Segundo o técnico de segurança do trabalho, as rusgas públicas entre Omar Coêlho e Rafael Tenório foram responsáveis pela eminente queda do clube à Série C.

“Infelizmente, a instituição Cenro Sportivo Alagoano, está sendo – mais uma vez – vítima da vaidade, da arrogância e da falta de união entre seus diretores. O nosso lema sempre trouxe em seu escudo ‘União e Força’. E, quando essa união não acontece, consequentemente, a força dessa instituição se torna enfraquecida. Jogadores e comissão técnica só vêm ao clube porque são aceitos pela diretoria e quando há divergências entre diretores, onde a ganância e a vontade de estar sempre no poder decidindo sozinho, tomando decisões ruins para o clube. Mas, a vaidade não deixa pensar diferente e acontece isso. O Omar Coêlho recebeu todo o apoio de Rafael Tenório para ser eleito presidente do clube e quando assumiu o cargo, abandonou o apoio que recebeu. Rafael Tenório, por sua vez, acabou sendo omisso e está aí o resultado”, afirmou Braz.

Antônio Braz critica diretoria do CSA por possível rebaixamento à Série C

O ‘MILAGRE’ DA PERMANÊNCIA

Faltando apenas três rodadas, o time alagoano precisa vencer todos os jogos restantes e torcer por tropeços de Chapecoense/SC e Novorizontino/SP para sonhar com a permanência na Série B. Os próximos jogos do CSA serão contra Ponte Preta/SP (fora), Vila Nova (casa) e Cruzeiro (fora).

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