Pai nega abandono de filho de 7 anos na porta de padaria: ‘É meu e de mais ninguém’

Câmeras de segurança registraram homem deixando criança no estabelecimento. Ele afirma que dormiu na calçada após tomar remédio. Conselho Tutelar e polícias Militar e Civil foram acionados.

Menino fica sentado na porta de padaria após ser abandonado pelo pai em Franca, SP — Foto: Reprodução/Câmeras de segurança

Pai do menino de 7 anos que foi deixado na porta de uma padaria em Franca (SP), Mauro Cesar de Oliveira Silva negou nesta terça-feira (18) que tenha abandonado a criança. O garoto foi encaminhado, provisoriamente, pelo Conselho Tutelar a uma família acolhedora no domingo (16), quando o caso foi registrado na Polícia Civil.

“É meu filho. Eu nunca deixei filho abandonado, não. Pode perguntar para todo mundo aqui, todos [vizinhos]. Vou correr atrás e fazer de tudo para trazer ele de volta. É meu, é meu e de mais ninguém.”

Vídeo
Câmeras de segurança no bairro Jardim Vera Cruz registraram o momento em que Mauro chegou com a criança à porta do estabelecimento na Rua Carlos Roberto Bittar, na manhã de domingo.

Os vídeos recebidos pela EPTV, afiliada da TV Globo, mostram o momento em que ele deixa o filho e sai. Outro trecho do vídeo mostra o menino sozinho, sentado na porta. Cerca de oito minutos depois, pessoas que estavam no estabelecimento saem para ampará-lo.

Segundo a dona da padaria, a criança estava descalça, com fome e sono. Ela a colocou em um colchão e acionou a Polícia Militar.

Problemas
Mauro Cesar diz que está enfrentando problemas com uma casa que era da família, lar dele e do filho. Ele afirma que tomou uma medicação na manhã de domingo para ansiedade e saiu com o menino. Quando voltavam para casa, a criança sentiu sede e os dois resolveram passar na padaria para que ela pedisse água.

O pai diz que seguiu até mais à frente na rua, sentou na calçada para esperar o filho, mas acabou dormindo por causa do remédio.

“Eu falei para ele: ‘estou indo, mas vou ficar ali na esquina te esperando’. Sentei na esquina e fiquei. Nisso que eu fiquei na esquina, a mulher não deixou ele sair de lá [padaria] e eu cochilei, porque eu tinha tomado diazepan duas horas antes. Eu cochilei. As polícias passaram perto de mim e não viram eu, não sabiam quem eu era. Aí ela falou assim que eu tinha abandonado. Eu não abandonei ninguém porque eu estava ali esperando ele. Ele estava a mais ou menos umas quatro casas para frente de mim”, diz.

De acordo com Mauro Cesar, a Polícia Militar fez a abordagem dele no local, mas não foi possível levar a criança para casa.

“Eu falei pra mulher lá [da padaria]: se eu fosse mulher, vocês ajudavam, mas como é um homem abandonado com um filho, quem é que vai me ajudar? Fui no Conselho Tutelar, fui no Cras. Falaram pra eu ir na Defensoria Pública. Ela [conselheira] me disse que amanhã eu vou ver ele, vou levar as coisas para ele e é para levar os documentos.”

Mauro Cesar diz que cuida sozinho do filho há três anos, desde que a mãe, usuária de drogas, abandonou a família por causa do vício. No passado, ele afirma ter se envolvido com o tráfico, mas que a criança a fez ter uma nova vida.

“A mãe abandonou, preferiu a droga. Eu falo isso e provo. Eu levo para a escola, eu peço ajuda pro povo, porque se eu mexer com droga, eu vou preso. Eu parei de vender droga faz quatro anos, por causa dele.”

Providências adotadas
A presidente do Conselho Tutelar de Franca, Glaucia Limonti, afirma que o órgão já acompanha pai e filho por causa de denúncias anteriores de maus-tratos. Mauro Cesar nega qualquer situação do tipo.

Após ter sido acionado no domingo, o Conselho Tutelar adotou medidas protetivas para acolhimento da criança, enquanto o caso é analisado pelas autoridades.

“Eles até têm um vínculo muito bom, só que tem que ter uma responsabilidade com a criança e até mesmo as condições físicas, educação, higiene. Foi tudo verificado e foi onde que foi aplicada a medida de proteção. A casa estava bem precária, as condições não eram boas, então teve que aplicar essa medida”, afirma.
De acordo com Gláucia, o menino está bem e demonstrou tranquilidade ao ser levado à casa de uma família acolhedora.

Futuro
Sobre a possibilidade de Mauro Cesar recuperar a guarda do filho, a conselheira afirma que a decisão será de um juiz que vai levar em conta a análise que já está sendo feita pelas autoridades a respeito do caso.

O menino pode ficar sob a responsabilidade de um familiar que queira e tenha condições; voltar a morar com o pai, caso ele comprove condições para isso; ou ser levado a um processo de adoção, caso nenhuma das duas outras opções sejam consideradas.

Fonte: g1

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