Candidato à reeleição pelo Partido Liberal, o presidente Jair Bolsonaro participou de sabatina nesta sexta-feira, 21, promovida pelo SBT, em parceria com pool de veículos formado por Estadão/Rádio Eldorado, CNN, Veja, Terra e Rádio Nova Brasil. A entrevista individual com o chefe do Executivo ocorreu após desistência do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de participar do debate, que marcaria o segundo encontro direto entre os adversários que disputam a Presidência da República, em 30 de outubro. Sem a presença do petista, que cumpre agenda de campanha em Minas Gerais, Bolsonaro falou sobre temas como privatizações, Orçamento Secreto; impeachment de ministros do Supremo Tribunal Federal e aumento de vagas na Corte; fim da reeleição; queda dos combustíveis e negou defesa de punições por fake news. Em uma de suas principais falas, o presidente reforçou que o ministro da Economia, Paulo Guedes, continua no cargo e exaltou feitos da pasta nos últimos três anos e meio, citando auxílio emergencial, redução de impostos, ações de desburocratização e, segundo ele, uma “grande reforma administrativa”, que coibiu concursos públicos e diminuiu o peso da máquina. “Brasil está pronto e arrumado para voar a partir do ano que vem. A liberdade econômica, o livre comércio e a diminuição do peso do Estado fazem parte do atual e futuro plano do governo”, exaltou Bolsonaro.
Em outro momento, ainda sobre questões econômicas, ao ser questionado sobre a possibilidade de reajuste do salário mínimo abaixo da inflação, Bolsonaro não quis se comprometer a manter o mesmo índice de correção, mas exaltou que o ministro da Economia tem garantido que haverá recursos para garantir o reajuste em 2023. “Guedes tem me garantido que os recursos vem da questão dos dividendos. Essa é a proposta do Paulo Guedes, que é uma pessoa que confio plenamente à economia brasileira”, afirmou. Para 2023, o atual presidente também se comprometeu a manter o Auxílio Brasil em R$ 600 mensais, ainda que os pagamentos não estejam contemplados na peça orçamentária. Segundo Bolsonaro, a proposta é que o valor extra seja viabilizado também pela taxação de dividendos para aqueles que recebem mais de R$ 400 mil. “Caso não seja possível, junto com o parlamento, a exemplo da PEC [das Bondades], faremos o mesmo para viabilizar o pagamento”, acrescentou. Em outro momento, o presidente defendeu a regularização fundiária como alternativa para conter o desmatamento na região da Amazônia, admitindo que o número de queimadas cresceu nos últimos anos, ainda que considere os índices melhores do que em outros governos. “Toda e qualquer terra do Brasil teria a sua localização definida por satélites, então qualquer desmatamento ou foco de calor você poderia mapear. Sabemos que existe desmatamento irregular e foco de calor, mas podemos diminuir responsabilizando diretamente no CPF responsabilizando aquela pessoa pelo dano ambiental”, concluiu.
Ao longo da entrevista de cerca de uma hora, o atual mandatário também foi questionado sobre a possibilidade de, se reeleito, defender o aumento do número de ministros no Supremo Tribunal Federal (STF), e encabeçar pedidos de impeachment contra membros da Suprema Corte. Em resposta, embora tenha admitido ter apresentado pedidos contra o ministro Alexandre de Moraes, atual presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Bolsonaro negou que pretenda entrar com ações pelo afastamento de magistrados do Judiciário. ” O perfil do atual Senado foi mais de Centro-direita. Não pretendo entrar com pedido de impeachment, isso compete exclusivamente ao Senado Federal. Da minha parte, não pretendo aumentar o número de ministros”, reforçou. Também em pauta, o presidente voltou a se posicionar contra uma lei anti fake news e negou que tenha sido responsável pela disseminação de notícias falsas no segundo turno contra Lula. “Lula tem uma simpatia muito grande por parte dos ministros do Supremo, e isso não é novidade para ninguém. Se eu fizer fake news [do Lula], vou dizer que ele é honesto, que defende a vida desde a sua concepção, que não quer legalizar as drogas. Não tem que fazer fake news, tem que mostrar a verdade. Os números tem mostrado a péssima administração do PT durante 14 anos, olha a corrupção nas estatais. (…) Quem seria o sensor das fake news? O melhor controle da mídia é deixar a mídia livre”, afirmou, defendendo a “liberdade” das redes sociais.