Cabo da PM é condenado a quase 38 anos e indenização de R$ 286 mil por matar mulher

Com a decisão, o militar deverá cumprir a pena em regime inicialmente fechado e não poderá apelar da decisão em liberdade

 

João Urtiga / Alagoas 24 Horas

Cabo Ivan Augusto presta depoimento no 6º DP

O cabo da Polícia Militar de Alagoas Ivan Augusto dos Santos Junior foi condenado a 37 anos e seis meses de prisão pelo assassinato da mulher, Expedita da Silva, crime ocorrido no ano de 2018, no bairro do Sítio São Jorge. Casado há 20 anos com Expedita, o militar matou a mulher com dez tiros de pistola. RELEMBRE O CRIME AQUI.

O julgamento, presidido pelo juiz Geraldo Amorim, ocorreu nesta terça-feira (25) no Fórum do Barro Duro. Além do cumprimento da pena, o militar terá que pagar R$ 286.200,00 à família da vítima.  O júri durou 13 horas e o corpo de jurados acatou as denúncias do Ministério Público: motivo fútil, uso de recurso que dificultou a defesa da vítima, contra mulher em razão de ser do sexo feminino, e do cometimento na presença da filha.

Na dosimetria da pena, o magistrado citou o laudo de exame cadavérico, que demonstra a excessiva violência no cometimento do crime. “O que é agravado pelo fato de que o réu só tinha acesso ao armamento utilizado pelo fato de que era policial militar, formado em curso sério em uma admirável e respeitável instituição estatal, para ser legítimo representante da força do Estado, sendo que, nesse cenário, demonstrou completo descontrole e desprezo pela vida alheia”, afirmou Geraldo Amorim.

O juiz declarou ainda a perda do cargo de policial militar por parte do réu. “Saliento, entretanto, que a perda do cargo somente produzirá efeito após o trânsito em julgado”. O réu deverá cumprir a pena em regime inicialmente fechado e não poderá apelar da decisão em liberdade.

De acordo com os autos, o policial militar tinha comportamento agressivo desencadeado por ciúmes. O crime teria ocorrido durante uma discussão e Expedita ameaçar ir embora com a filha de 13 anos.

O desentendimento entre Ivan Augusto e sua esposa teria se estendido até o quarto quando a menina, ao ouvir o barulho, foi até o cômodo. Lá chegando, deparou-se com a mãe acuada em cima da cama e o réu apontando a pistola para sua cabeça, enquanto a mesma tentava se proteger colocando os braços na frente, mas o cabo não hesitou e deflagrou dez tiros. Diante da cena, a pré-adolescente entrou em desespero e tentou puxar o pai com o intuito de salvar a mãe.

Expedita ainda chegou a ser socorrida e levada para o Hospital Geral do Estado (HGE), onde morreu dias após. Relatos de familiares ressaltam que o réu sempre foi violento e a vítima sempre sofreu agressões físicas e verbais.

Matéria referente ao processo nº 0701603-09.2018.8.02.0001

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