Chega a ser simbólico que Catar e Equador abram a Copa do Mundo 2022, neste domingo, às 13h, no Estádio Al Bayt. Num torneio marcado por questionamentos fora de campo, as duas são justamente as seleções com presença mais questionada entre as 32 participantes. Cada uma por razões diferentes.
Os questionamentos ao Catar são mais abrangentes e, na verdade, direcionados à escolha do país como sede da Copa (o que, por consequência, lhe garantiu vaga no torneio). O governo é acusado de desrespeitar direitos humanos básicos. Exploração da mão de obra imigrante (inclusive na construção dos estádios), criminalização da homossexualidade e a opressão sobre as mulheres locais estão entre os principais problemas.
Ao longo dos últimos meses, diversos países protestaram contra a escolha da sede. A Dinamarca lançou um uniforme preto. A cor, associada ao luto, foi uma forma de “declaração sobre o histórico de direitos humanos do Catar e seu tratamento aos trabalhadores migrantes que construíram os estádios da Copa do Mundo do país”. Já a prefeitura de Paris, na França, anunciou que a cidade não receberá o Fifa Fan Fest durante o torneio.
– É como essas pesquisas que mostram alguns candidatos na frente, e depois eles não ganham. Pega bem para alguns dizer que não vão assistir, porque o Catar isso, porque a Fifa aquilo… mas a gente sabe que essas pessoas vão assistir, talvez escondidos. Porque nada é maior do que a Copa do Mundo. Para estas pessoas, as que vão ver escondidas, eu digo que vai ser a melhor Copa do Mundo da história – rebateu o presidente da Fifa, em coletiva neste sábado, ao ser perguntado sobre as críticas em torno da escolha da sede.
Para completar, há ainda a expectativa de um protesto em conjunto dos capitães das seleções europeias. Eles pretendem usar braçadeiras com as cores do arco-íris para lembrar dos direitos da comunidade LGBTQIAP+.
Equador: caso Byron Castillo
Já os questionamentos ao Equador são de outra natureza. Em campo, a seleção conquistou a vaga ao terminar as Eliminatórias sul-americanas na quarta colocação. Mas foi acusado pelo Chile de ter usado irregularmente o jogador Byron Castillo em oito rodadas. Segundo a denúncia apresentada pelos chilenos à Fifa, o atleta nasceu na Colômbia, em 1995. Mas seu registro aponta nascimento no próprio Equador, em 1998.
Supostas provas existem. O Chile, que se beneficiaria com uma punição e poderia ficar com a vaga, apresentou uma certidão de nascimento de Castillo em Tumaco, na Colômbia. Para completar, o jornal britânico Daily Mail publicou, em setembro, um áudio atribuído ao jogador no qual ele mesmo afirma que nasceu em terras colombianas.
Na Fifa, o pedido de punição foi recusado em todas as esferas. Já o Tribunal Arbitral do Esporte (TAS) considerou que a Federação equatoriana usou documentos falsos ao inscrever Castillo. Mas garantiu a presença da seleção na Copa. A únição punição aplicada foi a perda de três pontos na próxima Eliminatória.