Efeito Neymar? Nike vê domínio nos pés da seleção brasileira acabar depois de seis Copas do Mundo

O capitão Thiago Silva deve puxar a fila de jogadores que entrarão em campo pela seleção brasileira na próxima quinta-feira (24), contra a Sérvia, na estreia na Copa do Mundo do Qatar. Neymar, provavelmente, será o 11º. Mas seja nos pés que pisarão primeiro no gramado do Estádio Lusail ou por último haverá algo em comum: nenhum dos dois estará com chuteiras da Nike.

Pode parecer pouco, mas a empresa que é parceira da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) desde 1996 não está acostumada a ver nomes de peso seleção atuando com chuteiras que não são suas em Copas do Mundo. Em 2022, chegará ao fim uma hegemonia de 24 anos.

É que desde 1998, na França, quando os contratos de patrocínio individuais ganharam força no futebol, a Nike sempre teve domínio na seleção brasileira. Em todas as últimas seis Copas do Mundo, a marca norte-americana teve, pelo menos, o dobro de jogadores com suas chuteiras na comparação com qualquer outra concorrente. Agora, o cenário será bem mais equilibrado.

A Nike, é verdade, ainda é a fornecedora com o maior número de atletas convocados por Tite, com dez. Contudo, Adidas e Puma são responsáveis pelas chuteiras dos outros 16 jogadores, com oito cada. Uma proporção que a parceira da CBF nunca vivenciou em um Mundial.

Alisson, Danilo, Marquinhos, Casemiro, Fred, Lucas Paquetá, Everton Ribeiro, Vinicius Jr., Rodrygo e Richarlison serão os representantes da Nike no Qatar. A Puma, porém, tem contrato com o maior astro do Brasil, Neymar, que rompeu seu vínculo de forma controversa com a marca americana.

Antes mesmo de explodir para o futebol, desde os 13 anos, Neymar teve chuteiras da Nike nos pés. Só que, em 2020, o vínculo foi encerrado. As versões são divergentes: o jogador e seu estafe afirmaram que não concordaram com os valores propostos, enquanto a empresa atribuiu o rompimento a uma investigação de assédio sexual do astro a uma funcionária.

Um mês depois do “divórcio”, Neymar foi anunciado como novo garoto propaganda da Puma, marca que terá outros sete jogadores no time de Tite – Ederson, Weverton, Alex Sandro, Thiago Silva, Bremer, Antony e Pedro. A Adidas será representada também por oito nomes, com Daniel Alves, Éder Militão, Fabinho, Bruno Guimarães, Gabriel Jesus, Martinelli e Raphinha.

Domínio histórico

A Nike veste a seleção brasileira desde 1996, em contrato assinado por 160 milhões de dólares e investigado por suspeitas de pagamento de propina a Ricardo Teixeira, então presidente da CBF. Em 98, na França, a marca se fortaleceu tendo Ronaldo Fenômeno como seu principal patrocinado.

Após o vice-campeonato do mundo, por exemplo, ficou famosa a imagem do atacante lamentando a derrota por 3 a 0 na final para a França com suas chuteiras amarradas no pescoço. Era uma das demonstrações de força da Nike nos bastidores, em algo que também chegou a ser investigado.

Em relação aos jogadores daquela seleção, a Nike era vinculada a 11. Diadora e Reebok tinham dois atletas cada, e a Mizuno, um. Outros seis vice-campeões não tinham qualquer patrocínio.

Na campanha do pentacampeonato, em 2002, com Ronaldo e Ronaldinho Gaúcho já como grandes expoentes, a Nike tinha impressionantes 18 jogadores com suas chuteiras. As únicas exceções eram Rivaldo (Mizuno), Kaká (Adidas), Marcos e Cafu (ambos com acerto com a Lotto).

O domínio seguiu nas Copas seguintes: em 2006, 11 jogadores vestiam Nike (a segunda marca com mais atletas era a Adidas, com apenas cinco) na Alemanha; em 2010, 15 (4 com a Adidas) na África do Sul; em 2014, 14 (7 com a Adidas) no Brasil; e em 2018, 16 (7 com a Adidas) na Rússia.

Contrato milionário

O atual vínculo da Nike com a CBF foi assinado em 2007 por Ricardo Teixeira. O contrato é válido até o final de 2026, e as partes já trataram sobre uma possível renovação, ainda que as negociações tenham emperrado, como noticiou o ESPN.com.br no último mês de agosto.

No acerto que tem com a seleção brasileira, a Nike paga US$ 35,5 milhões (R$ 190 milhões na cotação atual) por ano à CBF. Nas conversas para tentar renovar o contrato, a confederação pretendia subir esse valor para o patamar recebido por seleções como a Alemanha (50 milhões de euros anuais, ou R$ 276 milhões, da Adidas) e incluir um percentual de 10% sobre vendas dos produtos da fornecedora com a marca da Amarelinha, algo que não ocorre hoje.

O duelo de fornecedoras na Copa

Se já não domina a seleção brasileira nas chuteiras, nas camisas da Copa do Mundo, a Nike tem vantagem sobre a concorrência. A empresa veste 13 times no total no Qatar.

Além do Brasil, também vestem uniformes feitos pela marca: Qatar, Holanda, Inglaterra, Estados Unidos, Arábia Saudita, Polônia, França, Austrália, Canadá, Croácia, Portugal e Coreia do Sul.

A Adidas, que tem contrato com a Fifa para ser a parceira oficial da Copa, é a segunda empresa com mais seleções no Mundial, com sete (País de Gales, Argentina, México, Espanha, Alemanha, Japão e Bélgica); seguida da Puma, que tem seis: Senegal, Marrocos, Sérvia, Suíça, Gana e Uruguai.

Outras seis marcas têm uma seleção cada: Marathon (Equador), Majid (Irã), Hummel (Dinamarca), Kappa (Tunísia), New Balance (Costa Rica) e One (Camarões).

Fonte: ESPN

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