Neymar não terá condições de estar em campo nos dois jogos que restam para o Brasil na fase de grupos da Copa do Mundo do Qatar. Ele seguirá normalmente com o grupo, trabalhando diariamente com os fisioterapeutas da seleção, já de olho possivelmente no mata-mata.
O acompanhamento intensivo e os aparelhos de ponta que são usados no mais alto nível do esporte serão fundamentais para Neymar conseguir encurtar o tempo de recuperação. O astro tem uma lesão ligamentar lateral no tornozelo direito e ainda um pequeno edema ósseo no local.
Na última vez que teve uma lesão nos ligamentos do tornozelo, por exemplo, Neymar perdeu 12 jogos, entre novembro de 2021 e fevereiro de 2022. O problema, na ocasião, foi no pé esquerdo.
É que existem graus para a lesão que Neymar sofreu, como explicou Joaquim Grava, especialista em medicina esportiva e por muito anos responsável por chefia o departamento médico do Corinthians, em entrevista à ESPN. “À distância, é difícil fazermos uma avalição precisa. Mas, pela experiência de tantos anos no futebol, a entorse de tornozelo pode ser de três graus. Leve, moderado ou grave.”
Segundo ele, os casos graves são os que demandam cirurgia, e nos leves, é possível voltar a jogar após dois ou três dias de repouso e fisioterapia. O caso de Neymar seria o moderado. E aí entra o trabalho do time de fisioterapeutas do Brasil para conseguir deixar o craque apto a retornar.
“O moderado, você fazendo tratamento intensivo, pode se tornar leve, e o atleta ser liberado em, no máximo, duas semanas. O que não pode é ele se tornar grave, porque aí demoraria mais para retornar. Eu acredito que, até pela fisioterapia que existe hoje no futebol, e a da seleção é muito boa, com tratamento intensivo, ele terá condições de continuar após essa fase de grupos.”
Para o Qatar, por exemplo, entre as mais de cinco toneladas de bagagem que o Brasil levou desde a Itália no período de preparação, parte pertencia à fisioterapia, que precisa ter à disposição o que há de melhor justamente para trabalhar nesses momentos.
“Cada um tem um protocolo de recuperação, um protocolo fisioterapêutico. Mas acredito que vamos usar os aparelhos que temos à disposição. Na Europa e nos Estados Unidos, não sei como é no Qatar, existem métodos regenerativos que você pode acelerar o processo de recuperação da lesão. Como é o caso de plasma rico em plaquetas, onde você melhora a cicatrização, e o atleta retorna em menos tempo”, exemplificou Grava.
Segundo o médico, a dor é o que menos preocupa. “De três a quatro dias, essa dor praticamente desaparece, devido ao tratamento com medicamentos e fisioterápico. O importante é a parte biomecânica, que é a movimentação dessa articulação”, explicou.
“Durante a fase de recuperação, o atleta também necessita fazer algum tipo de atividade. Não é ficar 15 dias parado e voltar a jogar. Esse tipo de trabalho tem que ser muito bem feito para o atleta retornar nesse prazo que eu falei e, geralmente, com uma proteção.”
Agora, se é possível fazer com que Neymar retorne eventualmente nas oitavas ou quartas de final da Copa do Mundo, por outro lado, é bastante improvável que ele retome totalmente suas condições.
“Você fazer uma cura 100%, não é no Neymar, não é no Ronaldo, no Romário, é quase que impossível pelo limite que nós temos de dias na Copa do Mundo. Fazendo um trabalho intensivo, pensando que não houve uma lesão mais grave, ele pode voltar, sim. Não nas suas melhores condições, mas ele pode voltar, sim, a jogar na Copa do Mundo.”
Ainda contra a Sérvia, após o lance com Nikola Milenkovic, Neymar conseguiu seguir em campo por pouco mais de dez minutos, algo que segundo Grava não tem impacto para agravar a lesão. Assim que foi substituído, o camisa 10 chorou no banco de reservas e já iniciou tratamento com gelo.
Em suas redes sociais, nesta sexta-feira (25), Neymar mostrou confiança que vai conseguir se recuperar a tempo de estar em campo novamente nos gramados do Qatar.
“Hoje se tornou um dos momentos mais difíceis da minha carreira… E de novo em uma Copa do Mundo. Tenho lesão, sim, é chata, vai doer, mas eu tenho certeza que vou ter a chance de voltar porque eu farei o possível para ajudar meu país, meus companheiros e a mim mesmo. Muito tempo de espera para o inimigo me derrubar assim? Jamais”, escreveu.