O vereador Marquinhos da Silva (PSC), que agarrou a parlamentar Carla Ayres (PT) à força durante uma sessão da Câmara de Florianópolis, é investigado por importunação sexual e violência política de gênero, informou a Polícia Civil.
O inquérito foi aberto nesta sexta-feira (9), segundo a delegada Alessandra Colpani Rabello. “Há um contexto de o fato ter ocorrido no exercício da função política”, disse.
A situação foi flagrada pelas câmeras do legislativo. Os vereadores participavam de uma sessão na quarta-feira (7) e discutiam um projeto, quando a parlamentar foi abordada por Silva.
Na imagem, é possível ver que ele a aborda puxando-a pelo braço. Ao ver sua recusa, ele se levanta, enquanto a vereadora tenta sair. Na sequência, ele a abraça por trás e beija seu rosto à força. Em nota, o legislativo afirmou que vai apurar o caso.
Segundo a investigadora da Delegacia de Proteção à Criança, ao Adolescente, à Mulher e ao Idoso (Dpcami) da Capital, a vereadora deve ser ouvida na próxima semana. Assim que ela prestar depoimento, Silva também prestará esclarecimentos.
‘Assédio explícito’
Em entrevista, a vereadora chamou o episódio de “assédio explícito”. “Um assédio contra o meu corpo e que manifesta a forma como os homens lidam com as mulheres em vários espaços, inclusive nos espaços institucionais”, afirmou.
O vereador também terá a conduta investigada pelo partido. Em nota, ele se disse triste pela “notícia de acusação de assédio” e admitiu ter abordado a colega “de maneira inconveniente, sem a sua autorização” (leia a íntegra abaixo).
Luiz Inácio Lula da Silva (PT), presidente eleito, se solidarizou com a vereadora. No Twitter, o político chamou o episódio de “absurdo”.
O que disse o parlamentar
Recebo com tristeza a notícia de acusação de assédio contra uma colega, vereadora Carla Ayres, na sessão desta quarta-feira (7), da Câmara Municipal de Florianópolis, com quem, apesar de divergências políticas, sempre demonstrei imenso carinho e respeito, dentro e fora do plenário.
Reconheço meu erro em abordar a vereadora de maneira inconveniente, sem a sua autorização, e diante disso peço minhas sinceras desculpas a ela e a todas as mulheres que se sentiram ofendidas pelo meu ato. Ressalto que em nenhum momento agi de maneira má-intencionada, porém, fui infeliz em invadir o seu espaço.
Levarei essa atitude equivocada como um aprendizado, compreendendo essa situação e repudiando toda forma de assédio. Sempre fui um defensor e incentivador da participação da mulher na política, sendo criador do projeto que fomenta a participação feminina na política, tendo o “Dia da Mulher na Política”, celebrado 8 de março (caso sancionada, denominada Lei Olga Brasil da Luz).
Espero que a nobre vereadora, da qual tenho enorme apreço, aceite meu pedido de desculpas.
O que disse o diretório nacional
O Partido Social Cristão defende o respeito incondicional às mulheres e não compactua com nenhuma atitude de seus filiados que possa constranger ou colocar em risco a integridade física e emocional das mulheres. O partido acompanhará as investigações sobre o caso e vai orientar o diretório estadual a abrir sindicância para apurar os fatos.