48 seleções, mais de 100 jogos e até fuso horário ‘louco’: o que sabemos sobre a Copa de 2026

O título da Argentina sobre a França, na final disputada no último domingo (18), no Estádio Lusail, encerrou uma era marcante na Copa do Mundo. Afinal, o torneio de 2022 foi o último a contar com 32 seleções, formato que começou em 1998, durou sete edições e que não será repetido a partir do próximo Mundial, o de 2026, sediado por Canadá, Estados Unidos e México.

Daqui a menos de quatro anos, uma vez que o Mundial voltará a ser disputado entre os meses de junho e julho e não mais entre novembro e dezembro, serão 48 seleções na fase de grupos. Dessas, 45 buscarão a classificação através das eliminatórias e se juntarão às outras três anfitriãs.

Isso significa que o formato de 32 seleções divididas em oito grupos, em que os dois melhores de cada chave avançam ao mata-mata, chegou ao fim no Qatar. Em 2026, haverá mais times, mais jogos, mais horários diferentes durante os dias com partidas e um torneio mais longo.

No atual formato, a duração média da Copa é de 32 dias, mas, com o aumento, é possível imaginar que o Mundial de 2026 dure pelo menos 35 dias, espaço até curto para espremer os 104 jogos, que representam quase o dobro dos atuais 64.

Então, como a Copa do Mundo de 2026 vai funcionar? Quem vai se classificar? E como isso vai acontecer? A ESPN mostra, abaixo, alguns dos pontos importantes sobre o principal torneio de seleções do mundo.

Por que terão mais países na Copa de 2026?

Essa é a maior expansão que a Copa do Mundo já viu. Entre 13 a 16 países participaram dos primeiros torneios, entre 1930 e 1950. De 1954 em diante, fixaram o número em 16, até que houve o acréscimo para 24, na Espanha, em 1982. O formato com 32 times, como já dito, nasceu na França, em 1998.

A mudança de 32 equipes para 48 representa um acréscimo de 50% e também uma dificuldade extra a quem quiser sediar o evento, por conta do número de estádios e de toda a infraestrutura que a competição requer.

Presidente da Fifa, Gianni Infantino, que no início fez uma proposta de expansão para 40 seleções, defendeu exageradamente a decisão quando foi anunciada em 2017. A Fifa projeta que tal mudança vai gerar U$ 1 bilhão (R$ 5,29 bilhões na cotação atual) a mais de receitas, além dos U$ 640 milhões (R$ 3,4 bilhões) de lucro adicional.

Infantino diz que o dinheiro será reinvestido no futebol: “Aumentar o número de seleções que podem participar vai aumentar também o montante de investimento no desenvolvimento do futebol no mundo inteiro, para garantir que outras equipes possam se classificar”.

Quem terá as vagas extras da Copa de 2026?

Em comparação ao formato abandonado, haverá 17 vagas adicionais nas eliminatórias da próxima Copa. Em 2022, a Ásia recebeu uma vaga extra automática, uma vez que o Qatar foi o anfitrião. Em 2026, Estados Unidos, México e Canadá estarão inclusos nos seis classificados da Concacaf.

A divisão de vagas, portanto, fica assim:

Ásia: 8 (4 a mais em relação à Copa passada)

África: 9 (4 a mais)

América Central, do Norte e Caribe: 6 (3 a mais)

América do Sul: 6 (2 a mais)

Europa: 16 (3 a mais)

Oceania: 1 (1 a mais)

Além dessas vagas diretas, ainda haverá dois lugares extras na Copa para quem se classificar por meio da repescagem mundial. Essa parte final das eliminatórias terá um total de seis seleções: uma de Ásia, África, América do Sul e Oceania, além de duas da Concacaf. Após sorteio, as equipes se enfrentaram e as duas melhores jogarão a Copa.

Quem se classificaria para a Copa de 48 times?

Vamos pegar a Copa do Mundo de 2022 e expandir para 48 times, que é o cenário mais possível até agora.

A título de ilustração, as novas vagas que estarão em disputa no Mundial de 2026 foram adicionadas de acordo com as melhores classificadas em suas respectivas confederações. Mesmo assim, a Itália ficou fora, por não chegar aos playoffs decisivos da Europa.

Assim, se a Copa de 2022 já tivesse o formato de 48 seleções, estes seriam os países classificados (os novos estão em negrito):

África: Argélia, Camarões, República Democrática do Congo, Egito, Mali, Marrocos, Nigéria, Senegal, Gana e Tunísia

Ásia: Austrália, Irã, Iraque, Japão, Qatar, Arábia Saudita, Coréia do Sul e Emirados Árabes Unidos

América do Norte e Central: Canadá, Costa Rica, Jamaica, México, Panamá e EUA

Europa: Bélgica, Croácia, Dinamarca, Inglaterra, França, Alemanha, Holanda, Macedônia do Norte, Sérvia, Espanha, Suécia, Suíca, Polônia, Portugal, Ucrânia e País de Gales

Oceania: Nova Zelândia

América do Sul: Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, Peru e Uruguai.

As duas equipes classificadas pela repescagem mundial seriam Chile e Congo. Os outros países que participaram desta fase e foram eliminados são: El Salvador e Honduras (pela Concacaf), Ilhas Salomão (Oceânia) e Síria (Ásia).

Neste cenário hipotético, seriam duas estreias na Copa do Mundo, além do anfitrião Qatar: Mali e Macedônia do Norte.

Como a fase de grupos funcionará na Copa de 2026?

É aqui que ainda está meio nublado. Inicialmente o formato seria de 16 grupos com três seleções cada, mas o próprio Infantino, em entrevista coletiva na sexta-feira (16), disse que a Fifa pode rever a ideia e manter a fórmula com grupos de quatro equipes. Neste caso, seriam 12 chaves e uma mudança no modo de classificação.

Se pegarmos estas suposições que foram feitas dos classificados e colocarmos no formato com 48 times, podemos ter alguma ideia do que vai acontecer em 2026.

Opção 1: grupos de 3 seleções

Faz quase seis anos que o conselho da Fifa votou para aumentar o número de seleções que disputam a Copa do Mundo e aprovaram um formato que você iria ver os 48 times divididos em 16 grupos, com três times cada.

Os dois primeiros iriam para a chave de classificação, com 32 países, que se enfrentariam no mata-mata. Mas Arsène Wenger, ex-técnico do Arsenal e atualmente o chefe de futebol global da Fifa, admitiu que a decisão final sobre o formato será feita em 2023.

O número total de jogos cresceria de 64 para 80, e a Fifa acredita que o torneio pode ser jogado nos 32 dias necessários. Esta Copa do Mundo no Qatar foi disputada em 29 dias, por conta do momento em que está sendo feita, no meio da temporada europeia, mas não é o normalmente utilizado.

Cada grupo teria um time de cada confederação, então parece lógico que poderíamos colocar em um pote os 16 times da Europa, um para cada grupo, enquanto os outros potes seriam separados pela classificação geral da Fifa, como é possível ver abaixo.

Pote 1 (Uefa): Bélgica, Croácia, Dinamarca, Inglaterra, França, Alemanha, Holanda, Macedônia do Norte, Sérvia, Espanha, Suécia, Suíça, Polônia, Ucrânia e País de Gales.

Pote 2: México, EUA, Canadá, Brasil, Argentina, Uruguai, Colômbia, Senegal, Irã, Marrocos, Peru, Japão, Coréia do Sul, Chile, Tunísia e Costa Rica.

Pote 3: Nigéria, Argélia, Austrália, Egito, Camarões, Equador, Mali, Qatar, Arábia Saudita, Panamá, Gana, Jamaica, Iraque, Emirados Árabes Unidos, República Democrática do Congo e Nova Zelândia.

Canadá ficaria no pote 3, porém, como é anfitriã, está no pote 2, onde também ficam México e Estados Unidos. Se fizéssemos uma simulação, os grupos poderiam ficar assim:

Grupo A: Canadá, País de Gales e Argélia

Grupo B: França, Coréia do Sul e Nigéria

Grupo C: Estados Unidos, Sérvia e República Democrática do Congo

Grupo D: Portugal, Japão e Egito

• Grupo E: Suíça, Senegal e Emirados Árabes Unidos

Grupo F: Bélgica, Irã e Equador

Grupo G: Polônia, Uruguai e Austrália

Grupo H: Macedônia do Norte, Peru e Camarões

Grupo I: Inglaterra, Colômbia e Jamaica

Grupo J: Croácia, Tunísia e Iraque

Grupo K: Ucrânia, Marrocos e Arábia Saudita

Grupo L: Holanda, Argentina e Panamá

Grupo M: Dinamarca, Chile e Gana

Grupo N: Suécia, Brasil e Nova Zelândia

Grupo O: Alemanha, Costa Rica e Qatar

Grupo P: México, Espanha e Mali

Os dois melhores times de cada grupo passam para o mata-mata, com 32 equipes. Foi este momento que causou uma certa polêmica, porque significa que o último jogo da fase de grupos pode dar margem para vários tipos de jogos “casados”, já que um time ficará sem entrar em campo.

Na Copa do Mundo de 1982, cada grupo tinha quatro times, mas as partidas na rodada final não eram jogadas ao mesmo tempo. A Alemanha Ocidental e a Áustria, por exemplo, duelaram na última rodada em um jogo que classificou ambos e deixou a Argélia fora do torneio. Foi após este incidente que a Fifa adotou jogos simultâneos do grupo final.

A Fifa sugeriu que poderia reverter este cenário, com a sugestão de uma disputa de pênaltis para definir o vencedor a cada empate no torneio, mas nem essa possibilidade eliminaria por completo a chance de manipulação de resultados no terceiro jogo.

Outra crítica a este formato de grupos de três é que tira um pouco do “drama” que existe hoje em dia. Afinal, dois dos três participantes de cada chave passariam de fase.

Os países também jogariam uma partida a menos na primeira fase. Por essas razões, a Fifa está considerando repensar este esquema. Pelas palavras de Infantino, é quase certeza que irão abandonar essa opção.

Opção 2: grupos de 4 seleções

A ideia é fazer estes 48 times se reorganizarem neste formato com grupos de quatro times que temos hoje. Entretanto, como ao mata-mata precisam passar 16 ou 32 seleções, isso exige outro tipo de mudança na fórmula.

Significa que pelo menos os dois melhores de cada grupo, mais os oito melhores terceiros colocados gerais da primeira fase, jogariam a fase eliminatória. A Uefa tem usado o mesmo sistema na Eurocopa, onde quem está em terceiro lugar ainda tem chance de ir para a fase seguinte.

A parte positiva é criar a fase de grupos com dois jogos decisivos na última rodada, que pode produzir um grande drama, tal como vimos nesta edição do Qatar. Teria menos emoção, já que o terceiro lugar também pode chegar ao mata-mata, mas parece um formato mais natural para a Copa do Mundo. E todos jogariam ao menos três vezes.

Os potes de sorteio seriam diferentes. Provavelmente voltariam ao sistema usual dos anfitriões no pote 1, junto às equipes mais bem classificadas pelo ranking da Fifa.

Pote 1: México, Estados Unidos, Canadá, Brasil, Bélgica, Argentina, França, Inglaterra, Espanha, Holanda, Portugal, Dinamarca

Pote 2: Alemanha, Croácia, Uruguai, Suíça, Colômbia, Senegal, País de Gales, Irã, Sérvia, Marrocos, Peru, Japão

Pote 3: Suécia, Polônia, Ucrânia, Coreia do Sul, Chile, Tunísia, Costa Rica, Nigéria, Argélia, Austrália, Egito, Camarões

Pote 4: Equador, Mali, Qatar, Arábia Saudita, Panamá, Gana, Jamaica, Macedônia do Norte, Iraque, Emirados Árabes Unidos, República Democrática do Congo, Nova Zelândia

Cada grupo não teria mais que uma equipe de cada confederação, com exceção da Europa. Uma nova simulação foi feita e os grupos ficaram assim:

Grupo A: Argentina, Suíça, Suécia e Iraque

Grupo B: Bélgica, Peru, Costa Rica e Gana

Grupo C: Canadá, Irã, Chile e Macedônia do Norte

Grupo D: Holanda, Marrocos, Coreia do Sul e Jamaica

Grupo E: México, Sérvia, Egito e Qatar

Grupo F: Dinamarca, Uruguai, Camarões e Emirados Árabes Unidos

Grupo G: Inglaterra, Croácia, Nigéria e Equador

Grupo H: Estados Unidos, Colômbia, Polônia e República Democrática do Congo

Grupo I: Portugal, Senegal, Austrália e Panamá

Grupo J: Brasil, Japão, Ucrânia e Mali

Grupo K: Espanha, País de Gales, Tunísia e Arábia Saudita

Grupo L: França, Alemanha, Argélia e Nova Zelândia

O problema com grupos de quatro times é o grande número de jogos. A Copa de 2022 teve 64 partidas. Se o torneio tiver grupos de três times, o número cresce para 80. Com chaves de quatro seleções, chegaremos em 104 partidas, um acréscimo de 47%. E isso aumentaria os dias de disputa para, no mínimo, 35, desde que o calendário permita.

A Associação Europeia de Clubes é contra o acréscimo de 48 jogos porque vai impactar no calendário local. Os medos foram acalmados quando a Fifa disse que o torneio ainda poderia ser disputado em 32 dias, mas uma mudança para 104 partidas naturalmente causa um Mundial mais longo.

Como a Copa de 2026 será diferente da última edição que teve nos Estados Unidos?

Mais seleções e mais partidas

Apenas 24 países disputaram a Copa do Mundo de 1994 nos Estados Unidos, jogando um total de 52 partidas (36 na fase de grupos). Em 2026 é mais provável que ela tenha 104 jogos, com 72 deles na fase de grupos.

Mais cidades-sede em fusos-horários diferentes

A Copa do Mundo de 94 foi, majoritariamente, jogada no horário leste, mas teve jogos na Califórnia (+2 horas de diferença) e na parte central do país (+1). Em 2026, a Copa do Mundo terá 16 sedes, em três países, em diferentes fuso-horários novamente.

Atlântico (-4 do GMT e -1 de Brasília): Vancouver, Seattle, San Francisco, Los Angeles

Central (-5 do GMT e -2 de Brasília): Guadalajara, Cidade do México, Monterrey, Dallas, Houston, Kansas City

Pacífico (-7 do GMT e -4 Brasília): Atlanta, Miami, Boston, Nova York/Nova Jersey, Philadelphia, Toronto

Mais jogos disputados mais tarde

Em 1994, o começo dos jogos estava atrelado ao público europeu, sem jogos começando depois das 16h30 do horário local, que seria 00h30 do outro dia na Europa.

Tirando o último jogo da fase de grupos, a Fifa não vai organizar duas partidas para serem jogadas ao mesmo tempo. Com mais jogos a serem jogados, parece que as partidas serão dispostas ao longo do dia para dar conta das diferenças de fuso horário.

Em 1994, apenas 24 jogos foram feitos, com os dois grupos que foram organizados. Era possível evitar estes horários ruins para os europeus. Mas, com 48 partidas a, será muito difícil evitar que o torneio dure muito mais tempo.

Então, na Copa do Mundo de 2026, é possível que a primeira partida do dia comece 13h, no fuso horário da Costa Atlântica nos Estados Unidos, e 18h no horário de Londres, por conta do horário de verão. A última acabaria às 23h no fuso horário do Pacífico dos Estados Unidos, 2h no fuso horário da Costa Atlântica (-4 do GMT) e 7h no fuso GMT, em Londres.

Na Copa do Mundo de 2014, no Brasil, Costa do Marfim e Japão fizeram o único duelo que foi na madrugada do GMT, começando às 2h da manhã, em Londres, e às 22h no Brasil, para que as quatro partidas sejam jogadas naquele dia. Todos os outros dias voltaram a ter três partidas ou menos. No Qatar, o horário de 22h local foi o oficial para o pontapé inicial, sendo a primeira vez que isso aconteceu na Copa do Mundo.

Fonte: ESPN

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