A psicóloga Bruna Nunes de Faria, de 27 anos, teve parada cardíaca após passar mal ao tomar contraste para fazer uma ressonância magnética em Goiânia, segundo o relatório médico emitido pela clínica no dia que a jovem morreu, em 21 de dezembro.
“Paciente evoluiu logo em seguida com PCR (pardara cardiorrespiratória) em assistolia. Realizado IOT (intubação orotraqueal) mais manobra de RCP (ressuscitação cardiopulmonar), sendo realizado 3 ciclos com administração de 2 ampolas de adrenalina”, escreveu a equipe que socorreu a psicóloga.
O documento mostra que Bruna relatou mal estar e falta de ar 30 segundos após receber 10ml de contraste na corrente sanguínea.
Bruna foi retirada imediatamente da máquina de ressonância magnética e levada para uma sala de recuperação. Segundo o documento, a jovem apresentou uma “piora clínica súbita” e cianose, que acontece quando o sangue que chega nas artérias tem pouco ou nenhum oxigênio.
O relatório revela que Bruna passou mal às 9h30 e morreu 40 minutos depois, às 10h09. Durante esse tempo, a equipe tentou fazer a reanimação, mas sem sucesso.
Bruna fez o exame no Centro de Diagnóstico por Imagem (CDI) Unidade II, que fica na Avenida Portugal, no Setor Marista. O procedimento foi realizado pela equipe do médico Ary Daher. A defesa dele disse que aguarda o resultado do laudo que vai determinar a causa da morte e que se solidariza com a família da jovem.
A defesa de Ary Daher explicou que o grupo CDI foi dividido em dois, que, por enquanto, seguem operando com o mesmo nome, mas que prestam serviços diferentes. A outra empresa de exames pertence aos médicos Luiz Rassi Júnior e Colandy Nunes. As clínicas funcionam de forma separada, apesar de estarem localizadas no mesmo endereço. Elas realizam exames distintos, com equipamentos distintos, médicos e colaboradores também distintos, segundo a defesa de Luiz Rassi.
Morte de Bruna
Bruna morreu na quarta-feira (21). A psicóloga teve dois AVCs (Acidente Vascular Cerebral) há quase 50 dias. Ela fez uma bateria de exames para descobrir a causa. Passou por cinco neurologistas e três cardiologistas. A mãe contou que a ressonância magnética do coração, em que ela passou mal, era o último exame que ela tinha que fazer.
Há suspeita, segundo a mãe, que Bruna teve um choque anafilático, uma reação alérgica grave, durante o procedimento. Jane mostrou a última foto que tirou da filha minutos antes de a jovem morrer (veja abaixo).
“Vi minha filha morrer. Ela ficou com o corpo roxo. A última coisa que ela falou foi: “Estou sem ar”. E não falou mais nada”, contou Jane Alves.
A morte foi registrada na Polícia Civil para ser investigada, segundo o delegado Leonardo Sanches. A causa da morte será identificada por autópsia feita no Instituto Médico Legal (IML).
“Ela era maravilhosa, alegre, divertida. Tinha o sorriso encantador. Cheia de sonhos e projetos, amava a profissão que escolheu. Minha filha era muito vaidosa, gostava de ir a festas com amigos, gostava de viver o hoje como se fosse o último dia”, desabafou a mãe.
Bruna Faria nasceu em Bonfinópolis, onde foi velada e enterrada na quinta-feira (22). A jovem trabalhava como psicóloga da Prefeitura de Silvânia e fazia parte da Equipe Multiprofissional de Atenção Domiciliar (Emad) da Secretaria Municipal de Saúde.
Nota do CDI gerido pelo médico Ary Monteiro
“Aguardaremos o resultado do laudo que vai determinar a causa da fatalidade, mas, desde já, nos solidarizamos com os familiares e amigos da paciente e seguimos à disposição para prestar toda a assistência necessária. Reforçamos que em nossos exames são adotados elevados padrões de segurança, com acreditação em grau máximo e procedimentos certificados pelas autoridades do setor, sempre buscando garantir o bem-estar e a saúde de nossos pacientes, valores que sempre fizeram parte da história da clínica”, diz a nota enviada pelo advogado do médico Ary Monteiro.
Nota do CDI gerido pelo médico Luiz Rassi Júnior
“As Clínicas CDI sob a coordenação do Dr. Luiz Rassi e Dra. Colandy Nunes Dourado, vêm a público esclarecer:
É com muita tristeza que recebemos a notícia da morte da jovem Bruna Nunes de Faria, paciente que realizava exame de ressonância magnética. Tal fato nos leva ao dever e obrigação de prestar esclarecimentos aos nossos clientes, corpo clínico, colaboradores, médicos e sociedade em geral.
Há dois grupos distintos operando sob o nome CDI. Um, o nosso – Dr. Luiz Rassi e Dra. Colandy Nunes Dourado -, com as Clínicas CDI Diagnósticos em Cardiologia; CDI Diagnósticos Angiotomográficos e Nuclear CDI. E, outro, sob a responsabilidade do Dr. Ary Monteiro Daher do Espírito Santo e Sra. Adriana Maria de Oliveira Guimarães Monteiro. Os grupos estão em fase final de separação judicial.
O processo judicial iniciado há mais de 02 anos, se deu em virtude de divergências de valores e princípios éticos no exercício da Medicina. As clínicas sempre funcionaram de forma separada, apesar de estarem localizadas no mesmo endereço, realizando exames distintos, com equipamentos distintos, médicos e colaboradores também distintos.
O exame da paciente Bruna Nunes de Faria, com fatídico e lamentável desfecho, foi realizado pela Clínica cujo responsável técnico é o Dr. Ary Monteiro Daher do Espírito Santo, que se chama Centro de Diagnóstico por Imagem PORTUGAL, o qual tem se identificado como CDI Radiologia.
Informamos também que o processo de separação dos imóveis está em curso, a fim de que a população em geral possa diferenciar ainda mais as Clínicas, ao buscar e escolher livremente atendimento para diagnósticos médicos.
Por fim, nos solidarizamos com a família e amigos de Bruna Nunes de Faria, lamentamos profundamente sua morte e esperamos que a causa do óbito seja esclarecida de forma rápida e efetiva, com apuração pelos órgãos competentes.”