A poucos dias da estreia oficial do São Paulo na temporada 2023, contra o Ituano, no Morumbi, pela primeira rodada do Campeonato Paulista, no próximo domingo (15), a partir das 18h30 (de Brasília), Carlos Belmonte, diretor de futebol do clube, concedeu uma entrevista esclarecedora à ESPN.
Nesta quinta-feira (12), durante o SportsCenter, o dirigente falou sobre os mais variados assuntos, incluindo o mercado da bola tricolor e até mesmo sobre as estratégias do clube para voltar a conquistar títulos na temporada.
Em relação às movimentações do clube na janela de transferências, Belmonte disse que o São Paulo ainda busca reforços para duas posições, a lateral-esquerda e o ataque. E o dirigente inclusive abriu as negociações pelo atacante David com o Internacional.
“O David é um pedido do Rogério (Ceni), que já trabalhou com ele no Cruzeiro, depois no Fortaleza, mas a gente tem as nossas possibilidades. Chegamos no nosso limite em relação ao Internacional, que tem todo o direito de fazer a pedida que quiser para o atleta, que é deles. Fizemos o que é dentro das nossas possibilidades, se no fim ele vai para o Red Bull Bragantino ou vem para o São Paulo, a proposta está na mesa”, começou por dizer.
“Se não for o David, essa é uma posição que a gente acha que precisa de mais um atacante, um atacante com força porque a gente tem Calleri. Apesar de o David não ser centroavante, o Rogério colocou que na eventualidade da saída ou da ausência do Calleri, ele conseguiria adaptar o nosso formato de jogo com o David mais à frente. O David é, sim, um desejo da gente, mas se não der, achamos que precisamos de mais um centroavante, com as características parecidas com às do Calleri, um jogador que segura muito a bola, que retém, que dá tempo dos nossos jogadores se adaptarem”, prosseguiu.
“E a outra posição, que estamos adaptando e vamos avaliar muito agora ao longo do Campeonato Paulista é a lateral esquerda porque nós tínhamos o Welington e o Reinaldo, o Reinaldo saiu, o Welington deve começar a temporada como titular e estamos readaptando o Liziero, que jogou na base do lado esquerdo, de ala e até de lateral algumas vezes, mas não é uma readaptação fácil para um jogador que está jogando a muito tempo no meio. Essa posição vamos analisar agora, o Liziero, o próprio Patryck, do sub-20, que está na base e é seleção há muito tempo, também vamos fazer uma avaliação. São as duas posições, hoje, que a gente tem olhado mais. Nas demais, a gente acredita que está com o elenco praticamente fechado para essa temporada. Claro que, se no meio do ano tivermos saídas, teremos que ter reposições”, concluiu.
Outro nome que também sempre tem o seu nome vinculado ao São Paulo é o atacante Lucas Moura, que está de saída do Tottenham. Sobre a possibilidade de repatriar o “cria” de Cotia, Belmonte revelou que Julio Casares, presidente do clube, mantém sempre contato com o jogador, mas que acredita que, hoje, um possível retorno é complicado. E o dirigente justificou.
“Na verdade, o Lucas é um jogador que tem um histórico com o São Paulo enorme, obviamente um ídolo da nossa torcida, e o presidente Julio Casares conversa quase que mensalmente com o Lucas. Tem junto ao Lucas a seguinte situação: quando ele decidir voltar ao Brasil, o São Paulo quer ser o primeiro time a ser consultado, e isso a gente conversou com o Lucas, ele tem esse desejo. E a partir daí ver as possibilidades se a gente conseguiria, nesse momento que o Lucas decidir voltar ao Brasil, ter condições de trazê-lo de volta para o São Paulo, que é um sonho de todo torcedor”, disse.
“Mas nesse momento, as últimas conversas que tivemos com o Lucas, sabemos que ao final da temporada, no meio do ano, ele não continua mais no Tottenham, mas a informação que tem é justamente essa, o desejo dele e da família é permanecer ao menos mais uma temporada na Europa, pelo menos esse é o desejo do Lucas e da família. Nós vamos aguardar, sempre conversando com o Lucas, a gente tem uma relação com ele, então estaremos sempre atentos, conversando e o momento que ele desejar voltar ao Brasil, óbvio, se tiver dentro das nossas possibilidades, será sempre um grande prazer para nós no São Paulo ter o Lucas de volta, mas nesse momento a gente acha a situação ainda muito distante, ele tem aí mais meio ano de contrato com o Tottenham e depois disso o desejo de permanecer mais um ano na Europa. Mas nós vamos conversar, se ele resolver voltar antes ao Brasil, o torcedor do São Paulo pode ter certeza que o São Paulo vai estar na briga para ter o Lucas.”
‘Vamos tentar manter a régua da cobrança’
Sem conquistar títulos desde 2021, quando levantou a taça do Paulistão, o São Paulo tenta apagar as frustrações de uma última temporada em que o time acabou vice-campeão no Estadual e na Copa Sul-Americana. E Belmonte revelou como o Tricolor pretende mudar este cenário para voltar a soltar o grito de campeão em 2023.
“Temos que ter os atletas recebendo o que foi combinado. É assim que vamos trabalhar. Vamos tentar manter a régua da cobrança, seja nos atletas, comissão técnica, diretoria, seja de todo o nosso corpo lá, uma régua mais alta. Eu sempre digo: não tem como o São Paulo ficar 10 anos sem ganhar títulos. Aliás, ao meu ver, o São Paulo não pode ficar dois anos sem ganhar ao menos um título. Então esse caminho que temos que traçar esse ano. Ano passado duas finais, nenhum título, mas um time muito competitivo, muito bem montado pelo Rogério Ceni. Tenho certeza que esse ano vamos manter esse nível de competição e, se Deus quiser, chegar a algum título”, disse.
Por último, o dirigente ainda deu a sua opinião pessoal sobre a possibilidade de, futuramente, o São Paulo se tornar uma SAF (Sociedade Anônima do Futebol), assim como os rivais na Série A Botafogo, Cruzeiro e Vasco.
“Vou dar uma resposta de cunho pessoal, não de gestão. Eu acho que esse é um caminho que todos vão acabar seguindo em algum momento, acho que você não tem que ser nem os primeiros a entrar e nem os últimos. A segunda coisa que você tem que fazer é, primeiro, fazer a sua lição de casa para que você possa ser valorado no que você vale. Ou seja, não adianta você pegar um time endividado e fazer SAF porque aí você vai fazer por um preço muito menor do que você vale, num primeiro momento vai parecer espetacular, sensacional, vai entrar dinheiro, mas lá na frente isso vai ter um preço. Então o que eu acho: você tem que fazer a sua lição de casa, diminuir a sua dívida, estar totalmente ajustado nesse sentido para, aí sim, valorar e aí ver se isso vai andar à frente ou não. Claro, passando pelo Conselho, pelo crivo do sócio e do torcedor do São Paulo. Acho que esse é um caminho inevitável e é bom que seja inevitável. Mas acho que não tem que ter pressa, tem quer a qualidade, a condição ideal para em algum momento colocar isso na mesa e discutir.”