Pelo menos quatro mulheres sofreram queimaduras de segundo grau por todo o corpo após realizarem sessões de bronzeamento com fita em uma clínica estética no bairro de Jardim Brasil, em Olinda. Os procedimentos foram feitos no domingo (15) e as vítimas precisaram ser socorridas e levadas para o Hospital da Restauração, no Derby, no Centro do Recife.
Uma mulher ainda está internada no hospital. O estado de saúde dela é considerado estável, segundo a unidade hospitalar. A Polícia Civil está investigando o caso.
Uma das vítimas foi a estudante Andressa Silva. Ela disse que já havia feito o procedimento outras vezes, sendo uma delas na mesma clínica, onde pagou R$ 75. Entretanto, ela estranhou o produto usado no corpo dela na última sessão. No mesmo dia ela sentiu ardência e vermelhidão no corpo.
“Cheguei no atendimento, tomei banho e fiz a esfoliação. Ela montou o biquíni, passou o produto e me botou para o sol, 40 minutos de frente e 40 minutos de costa, e cabine [de bronzeamento artificial]. O resultado foi perfeito na hora. À noite, começou a arder, queimar e ficar mais vermelho que o normal”, afirmou a estudante.
Na segunda-feira (16), Andressa entrou em contato com a responsável pelo bronzeamento, que orientou que ela misturasse três produtos e passasse nas queimaduras.
“Expliquei a ela, ela disse que eu peguei uma insolação, que estava 39 graus e me passou sulfato de prata, nistatina e pós-sol, misturados, para passar no corpo. Eu passei, começou a arder e queimar mais que o normal também. Na terça-feira (17), comecei a ver as bolhas e corri para a emergência”, declarou.
No Hospital da Restauração, segundo a vítima, os médicos recomendaram uma internação. Sem ter com quem deixar os filhos, ela preferiu voltar para casa e, agora, está com o corpo todo enfaixado. Ela registrou um boletim de ocorrência por lesão corporal, e disse que não consegue mais fazer as tarefas domésticas, tendo que pagar outra pessoa para fazer.
“O que eu vi de diferente foi um borrifador em que ela botou um óleo. Disse que era um chá e aplicou, dizendo que era para ativar o bronze. Na hora, ela não me explicou. Na terça-feira, ela disse que era um chá de beterraba com óleo de café”, declarou.
Andressa Silva afirma que conhece outras oito mulheres que também sofreram queimaduras no corpo por causa do serviço de bronzeamento feito pela clínica.
Outra vítima, que não quis se identificar, afirmou contou que frequentava o local há um ano, e nunca teve qualquer reclamação. Agora, precisa tomar remédios para dor, por causa das queimaduras de primeiro grau que sofreu.
“Estou psicologicamente afetada, pensando no meu corpo. Meu corpo era bonito, e eu gostava de usar roupas que, hoje em dia, sei que não vou poder mais usar. O médico disse que vão ficar marcas no meu corpo”, contou.
Em entrevista ao NE1, a responsável pela clínica explicou que trabalha há seis anos na área, e que nunca registrou queixa dos clientes. Ela, que não quis ser identificada, afirma que o produto que usa nas clientes foi sabotado e está esperando o resultado do laudo. A dona diz que também procurou a polícia.
“Meu produto está na farmácia de manipulação, e vai sair o laudo e eu vou provar. Eu fui para a delegacia e o delegado disse que lá não pode resolver. Fui indicada para levar o produto para perícia. Quando sair o laudo, tenho que ir para a delegacia. Estou indo com meu esposo atrás de um advogado. Alguém sabotou [o produto], mas o delegado disse que fica difícil. Meu espaço não tem câmera”, afirmou.