O Palmeiras está na briga para ter Andrey Santos emprestado após o meio-campista do Chelsea não atingir a pontuação permitida para estrangeiros atuarem na Inglaterra. A ESPN apurou que o clube brasileiro de fato se movimenta para ficar com o meio-campista neste ano. Andrey é considerado o reforço ideal para o setor que perdeu Danilo para o futebol inglês. O trunfo do Palmeiras está na boa relação com Giuliano Bertolucci, agente do atleta.
Fontes ouvidas pela ESPN veem a situação com otimismo e dizem que o negócio tem chance de dar certo. No entanto, também adotam cautela e afirmam que há fatores importantes a serem concluídos. Nesse momento, o Palmeiras está na frente dos outros concorrentes por Andrey.
Só que o empecilho para ter o volante está no tempo de contrato. Inicialmente, o Chelsea planeja emprestar Andrey até o fim da temporada europeia, que termina em maio. Por outro lado, o Palmeiras teria interesse em ficar com o atleta até o fim deste ano. Internamente, a diretoria alviverde não avalia como boa a oportunidade de ter Andrey por poucos meses e coloca como condição ficar com o jogador até o fim do ano.
Pelo lado do Chelsea, é interessante emprestar Andrey para uma equipe que dispute as principais competições do mundo. Seja na Europa, nas cinco principais ligas, já que Andrey conseguiria rapidamente atingir a pontuação necessária para estar habilitado a atuar na Inglaterra, ou para um time que dispute a Série A do Brasileirão e a Conmebol Libertadores.
Um exemplo prático recente foram as idas dos brasileiros João Gomes, do Wolverhampton, e Gustavo Scarpa e Danilo, do Nottingham Forest. Os atletas atuaram com frequência por Flamengo e Palmeiras, respectivamente, e conseguiram a pontuação necessária. Contratado no mesmo período que Andrey, o trio já atua na Premier League.
Por que Chelsea não conseguiu inscrever Andrey Santos?
Andrey Santos não poderá defender o Chelsea no primeiro semestre de 2023, já que o clube não conseguiu o visto de trabalho para tê-lo à disposição para jogar a Premier League. O jovem revelado pelo Vasco não conseguiu somar os pontos necessários no sistema inglês que regula as permissões do governo local para jogadores de futebol.
O regulamento de 2022/23 da Premier League detalha quais são essas exigências. E ajudam a entender por que um empréstimo para um clube do Brasil que disputará a CONMEBOL Libertadores aparece como uma boa opção para que Andrey consiga o documento chamado GBE (sigla para Governing Body Endorsement, a aprovação, ou “endosso” em tradução livre, governamental).
O principal cálculo da regra é feito basicamente na relação entre minutos possíveis em jogos e os de fato disputados por um jogador. Essa lógica se aplica em partidas de seleções principais, competições continentais e campeonatos nacionais. De acordo com o percentual de participação, e com bônus de acordo com títulos ou classificação final nos torneios, o atleta vai somando pontos.
O jeito mais fácil de conseguir o GBE é o jogador ter defendido sua seleção nacional na maioria dos jogos do período analisado – que é sempre o ano anterior à data do pedido do visto. A assiduidade na seleção principal garante a aprovação automática do GBE, o que não é o caso de Andrey.
O meio-campista chegou ao Chelsea tendo jogado apenas a Série B pelo Vasco em 2022. O problema é que a segunda divisão brasileira é considerada uma competição de sexto escalão no sistema de pontos inglês. Ou seja, mesmo somando participação de 90% a 100% dos jogos clube cruz-maltino na competição, Andrey só consegue dois pontos dos 15 que são o mínimo exigidos para o GBE.
Se o Vasco estivesse na Série A em 2022, por exemplo, o campeonato já seria visto no terceiro nível de pontos no sistema inglês. Atuando de 90% a 100% dos jogos possíveis na elite nacional, Andrey somaria oito pontos ao invés de apenas dois.
O acesso que o Vasco conquistou na última temporada também vale pontos no sistema do GBE, mas Andrey soma apenas mais um pelo nível considerado pelos ingleses para a Série B – o título da Série A, por exemplo, valeria quatro pontos nesse cálculo.
Como o Vasco não disputou nem a Libertadores, nem a Sudamericana em 2022, Andrey não conseguiu somar pontos com as competições continentais, mas há pontos relevantes no sistema inglês. A Libertadores, por exemplo, tem o mesmo peso da Champions League, e participação na casa de 90% a 100% dos jogos possíveis garantem 10 pontos aos jogadores.
É por isso que um empréstimo ao Palmeiras, por exemplo, que disputará a Libertadores 2023, seria um bom cenário para o jogador e o Chelsea. O clube alviverde monitora a situação, mas exige que o empréstimo seja até o final do ano e não apenas até junho.
Sob a perspectiva dos Blues, como o cálculo do sistema do GBE é feito percentualmente, um empréstimo apenas até o fim do semestre seria suficiente, já que Andrey teria possibilidade de somar pontos na Libertadores e também na Série A do Brasileiro, que começa em abril.
Há também exceções prevista no sistema de pontos, e o Chelsea tentou encaixar Andrey nesse cenário. Nesse caso, o pedido é avaliado por um painel, que pode conceder ou não o GBE mesmo sem os pontos necessários. Uma das exceções prevista é que o clube prove que o “jogador jovem mostre potencial significativa e tenha qualidade suficiente para fomentar o desenvolvimento do jogo na Inglaterra.”