‘Homossexual tem reserva no inferno’; fala de pastor durante evento de igreja evangélica em Brasília é denunciada por deputado

O deputado distrital Fábio Felix (PSOL) afirmou, nesta terça-feira (21), que irá denunciar ao Ministério Público do Distrito Federal (MPDFT) e à Polícia Civil as falas homofóbicas do pastor estadunidense David Eldridge, feitas durante um evento de uma igreja evangélica Assembleia de Deus, no domingo (19), no Parque da Cidade, em Brasília.

Durante o encontro – que teve apoio do governo do Distrito Federal – o pastor disse aos fiéis que todo homossexual, bissexual e transgênero “tem uma reserva no inferno” . O vídeo da pregação foi divulgado no canal do YouTube do Congresso Geral da União de Mocidades das Assembleias de Deus de Brasília (UMADEB).

No entanto, na manhã desta quarta-feira (22), o trecho questionado pelo parlamentar havia sido cortado da gravação. O g1 fez contato com a igreja Assembleia de Deus, responsável pelo congresso, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem.

Em uma rede social, o distrital Fábio Felix afirmou que “discurso de ódio não é liberdade religiosa. É crime”.

“A LGBTfobia não pode ser relativizada e tão pouco promovida pelo poder público. O que se vê nessas imagens é o derramamento de combustível pro ódio constante que faz com que LGBTI+ sejam agredidos fisicamente e assassinados todos os dias”, disse o parlamentar.

 

A reportagem também questionou o GDF, que aparece como parceiro do evento, e o Ministério Público do DF. Mas não houve resposta.

Falas homofóbicas

Apesar do trecho não estar mais disponível no canal oficial do evento, o deputado distrital Fábio Felix manteve o registro em uma postagem na sua rede social.

“Todo homossexual tem uma reserva no inferno, toda lésbica tem uma reserva no inferno, toda transgênero tem uma reserva no inferno, todo bissexual tem uma reserva no inferno, toda drag queen e prostituta tem reserva no inferno”, diz o pastor.

 

Em pé, o público gritou em apoio às falas. Em seguida, o pastor chamou a atenção de um homem na plateia que vestia uma “calça apertada“. Segundo David Eldridge, a peça de roupa é o “espírito do homossexual” e, por isso, ele também iria para o “inferno”.

Em outro trecho, ainda disponível na internet, o pastor estadunidense David Eldridge afirma que aqueles que consumem pornografia, que tiram proveito de meninos e meninas, que assistem programas de televisão com conteúdo sexual também estão “fazendo reservas no inferno”.

Eldridge disse ainda que “adora vir ao Brasil”, mas que toda vez que chega no país sente a presença do Espírito Santo que diz, “David, fala para o Brasil que existe inferno, salve-os de ir para o inferno”.

Crime

 

Pastor estadunidense David Eldridge durante evento da igreja Assembleia de Deus, em Brasília — Foto: Youtube/ReproduçãoPastor estadunidense David Eldridge durante evento da igreja Assembleia de Deus, em Brasília — Foto: Youtube/Reprodução

Em 17 de maio de 1990, a Organização Mundial da Saúde (OMS) excluiu a homossexualidade da classificação de doenças, ou problemas relacionados à saúde. Desde então, o 17 de maio foi escolhido como símbolo de luta pela diversidade sexual, contra a violência e preconceito.

E 2019, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu permitir a criminalização da homotransfobia. Os ministros consideraram que atos preconceituosos contra homossexuais e transexuais devem ser enquadrados no crime de racismo.

Conforme a decisão da Corte:

  • “Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito” em razão da orientação sexual da pessoa poderá ser considerado crime;
  • A pena será de um a três anos, além de multa;
  • Se houver divulgação ampla de ato homofóbico em meios de comunicação, como publicação em rede social, a pena será de dois a cinco anos, além de multa;
  • A aplicação da pena de racismo valerá até o Congresso Nacional aprovar uma lei sobre o tema.
Fonte: G1

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