Qual o sentido de “fim”? E quem disse que ele precisa ser definitivo? Nesse contexto, a próxima exposição da Galeria de Artes Visuais do Complexo Cultural Teatro Deodoro vai provar que não, não é definitivo. “Elias, aliás: depois do fim da pintura” é uma exposição individual de Francisco Elias Oiticica Filho, que será aberta nesta quinta-feira (9), às 19h, com entrada franca.
A mostra, promovida pela Diretoria de Teatros do Estado de Alagoas (Diteal), trará cerca de 60 obras que o próprio artista classifica como o registro de “rastros de tinta” e a construção de “relevos de parede” para comemorar a volta da pintura depois do que para ele parecia o seu “fim”. Apesar de apresentar exposições ao longo da carreira, Francisco ficou afastado da pintura desde 1994.
“Todo nosso complexo respira arte; nós respiramos arte, e em nossa galeria não poderia ser diferente. É com um prazer enorme que recebemos a exposição do Francisco Oiticica, porque, assim como ele, nós entendemos que a arte tem que ser questionadora mesmo e não apenas um ‘suporte para entretenimento’. E é isso que a exposição traz. O público vai poder acompanhar um exposição transgressora e questionadora”, destaca Sandra Menezes, diretora-presidente da Diteal
Francisco traz o Elias de seu segundo nome, que ele nunca havia usado artisticamente, depois de passar muito tempo dedicado à fotografia. Com essa volta à pintura, emergiu no artista uma “nova personagem”, agora chamada de um jeito que poderia ter sido o seu desde o início de sua carreira, mas que só agora se manifestou.
“O título da exposição, “Elias, aliás: depois do fim da pintura”, que ora proponho à Diteal, refere-se, primeiramente, ao meu segundo nome – Francisco Elias – e significa o renascer artístico da personagem de mim mesmo. Essa mostra assinala, pois, uma volta à pintura depois de um longo trajeto em que incorporei áreas afins à minha formação nas atividades que venho desenvolvendo até hoje”, explica o artista.
Retomou a produção de pintura, agora sobre papel kraft em tinta alquídica em 2019, quando integrou um ateliê coletivo desfeito por conta da pandemia de 2020. Durante o isolamento por conta da Covid-19, o artista voltou a produzir arte, usando agora cartões de embalagem que recolhia em lojas e supermercados.
“Meu interesse se voltou para os materiais precários que julgava capazes de questionar o conceito de arte como entretenimento, a narratividade da representação artística e as expectativas do público e do circuito que chancelam a circulação de mercadorias em um mercado de consumo ávido por novidades palatáveis”, disse Francisco Oiticica.
“Receber a exposição “Elias, Aliás” para ocupar a Galeria de Exposições de Artes Visuais do nosso complexo vem reafirmar a intenção de continuar exercendo de forma democrática a ocupação desse espaço público, uma política artística e cultural que continua forte nessa nova gestão, que se mostra determinada a abraçar todos os segmentos criativos de Alagoas. Estar com o artista visual Francisco Oiticica Filho é, de fato, um grande momento das artes na local, por sua contemporaneidade, seu processo criativo, sua fala através da imagem e toda a trajetória de um artista consistente, ávido da sua arte e sensível em sua construção. Seja bem-vindo, Francisco!”, exalta Alexandre Holanda, gerente artístico-cultural da Diteal.
Sobre o artista
Francisco Oiticica Filho é artista visual, professor e escritor. Nascido no Rio de Janeiro, desde 1994 reside em Maceió. Formado em pintura pela Escola de Belas Artes (EBA) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com Mestrado em História e Crítica da Arte, também pela EBA-UFRJ, e Doutorado em Literatura, Cultura e Sociedade pelo Programa de Pós-Graduação Linguística e Literatura da Universidade Federal de Alagoas (PPGLL-UFAL). Lecionou na EBA, na Ufal, na Universidade de Grenoble, França, na Escola Superior de Administração, Marketing e Comunicação de Campinas (Esamc) e na Uninassau/AL. Há anos, escreve sobre letras e artes, além de se dedicar à fotografia.
Foi a fotografia que trouxe o carioca para a Universidade de Alagoas, em 1994. Vem, em livro, publicando bastante. Também vem num ritmo contínuo de produção fotográfica, a exemplo de “Murmuro, ensaio sobre o imprevisto”, selecionado para publicação em 2018 pela Imprensa Oficial e Editora Graciliano; e “Alagoas, memória salobra”, publicado por meio da Lei Aldir Blanc, também pela Iogram, em 2021.
As unidades educacionais e associações que desejarem participar da celebração cultural devem enviar e-mail para escolasditeal@gmail.com ou entrar em contato pelo WhatsApp (82) 98884-6885.
Serviço:
O que: Exposição “Elias, aliás: Depois do fim da pintura”
Onde: Galeria de Artes Visuais do Complexo Cultural Teatro Deodoro, Anexo ao Teatro Deodoro – Centro de Maceió
Abertura: 09/03, quinta-feira, às 19h
Período: De 09/03 a 16/04
Entrada / Visitação: Gratuita