Após perícia, Polícia Científica tem três linhas de investigação sobre explosão de depósito de fogos

Laudo deve ser concluído em até 30 dias, depois de análises laboratoriais e exames complementares

Após realizar nessa quarta-feira (08), perícia no local onde funcionava o depósito de fogos de artifício que explodiu no bairro de Guaxuma, em Maceió, a equipe multidisciplinar do Instituto de Criminalística de Alagoas terá 30 dias para concluir laudo que pretende responder as possíveis causas para o sinistro, que deixou uma pessoa ferida no início da semana, identificar seu epicentro e também avaliar os estragos provocados no meio ambiente.

Ascom Polícia Científica

Peritos do Instituto de Criminalística localizaram diversos vestígios no local onde funcionava o depósito de fogos de artifício que explodiu em Guaxuma

A assessoria da Polícia Científica de Alagoas confirmou ainda, mas sem informar mais detalhes, que a perícia realizada indicou três linhas a seguir. Duas delas devem sex excluídas durante análise técnica.

“Pela perícia realizada na quarta-feira, traçamos três linhas a seguir, e a análise técnica nessa nova fase da perícia irá permitir excluir duas delas, podendo chegar a causa mais provável ou até mesmo a causa em si”, afirmou o perito explosivista, Gerard Deokaran, coordenador do trabalho em campo.

O trabalho realizado por cinco peritos criminais foi iniciado após varredura realizada pelo Esquadrão de Bombas do Batalhão de Operações Especiais (Bope), da Polícia Militar, que encontrou alguns explosivos íntegros, que precisaram ser desmontados, removidos e destruídos, a fim de garantir segurança para realização dos procedimentos que duraram quase seis horas para serem concluídos.

O levantamento pericial foi feio numa área bastante extensa, onde foram constatados, catalogados e recolhidos diversos vestígios relacionados à iniciação da explosão e à natureza química dos explosivos. 

CBM/AL

Explosão em depósito de fogos na Guaxuma, em Maceió

Para realizar a perícia, os peritos criminais se dividiram e realizaram as buscas e coletas dos vestígios em toda extensão da chácara onde aconteceu a explosão, visitaram algumas casas danificadas e foram até em locais onde foram encontradas peças da estrutura arremessadas pela onda de choque da explosão. Todos esses elementos, que podem ter contribuído ou até iniciado a explosão, entre eles, alguns dispositivos eletrônicos, amostras de explosivos e possíveis fluídos biológicos, serão analisados no Laboratório Forense e no setor de Perícias Internas do IC.

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Gerard Deokaran ressalta a importância da preservação da cadeia de custódia dos vestígios coletados, como fundamental para o estabelecimento da dinâmica e a robustez das evidências.

“Por isso, a importância de fazer esse trabalho complementar da análise desses vestígios custodiados para relacionar com a dinâmica da ação e, assim, chegar a causa da explosão”, explicou o perito explosivista formado pelo Bope da PMDF.

Além do coordenador, participaram da ação os peritos criminais Diozenio Monteiro, Jana Kelly, Victor Portela e Wellington Melo, chefe especial do IC.

Ascom Polícia Científico

Explosivos encontrados no local da perícia

Perícia ambiental

A pedido da Polícia Civil, o Instituto de Criminalística realizou ainda uma perícia ambiental para analisar os prejuízos causados à fauna e à flora. A perita criminal Jana Kelly, que é veterinária e especialista na área, analisou a extensão da mata e do pasto destruído por focos de incêndio e também a criação de ovinos e equinos existentes na chácara onde aconteceu a explosão.

Letícia Pascoalino/Alagoas 24horas

Explosão em fábrica de fogos na parte alta de Maceió

“Primeiramente realizamos o levantamento dos dados. Identificamos uma criação de ovinos e equinos, inclusive com fêmeas gestantes. Em casos como esse, os animais podem se machucar diretamente com a explosão, como duas ovelhas que tiveram ferimentos externos leves, mas já estão em tratamento. Foi recomendado aos criadores o acompanhamento com o médico veterinário, o que já estava agendado com o profissional responsável. Na avaliação clínica geral, não foi constatado nada grave, diante do risco que foram expostos por estarem muito próximos ao local. Por isso, a importância da realização da perícia dessa natureza” explicou Jana Kelly.

Quando forem concluídas as atividades em decorrência das perícias realizadas no local e das análises laboratoriais e exames complementares, todas as informações serão repassadas ao 6º Distrito da Polícia Civil, por meio de laudos periciais que serão elaborados pelos setores das Chefias de Perícias Externas, Perícias Internas e de Laboratório do IC da Polícia Científica de Alagoas.

Depoimento

Após passar por audiência de custódia e ser liberado depois do pagamento de uma fiança no valor de R$ 4 mil, o dono do depósito onde estavam acondicionados os fogos, prestou depoimento à polícia nessaquarta-feira (08), no 6º DP, no bairro da Cruz da Almas. Nenhum detalhe do que foi falado por ele foi repassado à imprensa.

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Autuação por danos ambientais

Através da análise das imagens a equipe de fiscalização do Instituto do Meio Ambiente (IMA/AL), que também analisou o terreno onde os depósitos estavam e aconteceu a explosão e conseguiu dimensionar a área afetada pelo incêndio causado na vegetação, emitiu três autuações ao proprietário, que juntas somam mais de R$ 85 mil. Além disso, o local está embargado.

Ascom IMA/AL

Área afetada pela explosão

A primeira autuação foi por operar sem a licença ambiental, no valor de R$ 40.529,19; a segunda por provocar queima e, assim, danificar 1,56 hectares da vegetação de Mata Atlântica, em R$15 mil; a terceira por causar poluição de qualquer natureza, em R$ 30 mil. O autuado tem o prazo de 20 dias para apresentar defesa.

Os fiscais alertam sobre o perigo de empreendimentos desse tipo e pedem que a população colabore denunciando, pelo aplicativo IMA Denuncie, disponível para smartphones nos sistemas Android e iOS.

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