Preso por matar ex-namorada é encontrado morto dentro de cela na Papuda

Luciana de Melo Ferreira, de 49 anos, foi morta no apartamento onde morava, no Sudoeste, em dezembro de 2019 — Foto: Facebook/Reprodução

Um preso foi encontrado morto dentro de uma cela do Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília, na manhã da última segunda-feira (3). Alan Fabiano Pinto de Jesus, de 48 anos, cumpria pena de 24 anos pela morte da ex-namorada, Luciana de Melo Ferreira, em 2019 .

De acordo com a Secretaria de Administração Penitenciária (Seape), ele foi encontrado na cela “com um lençol amarrado na brisa de ventilação e envolto ao pescoço”. A pasta diz ainda que ele estava sozinho.

A família de Alan, no entanto, não acredita na versão e pede que caso seja investigado. A advogada Kelly Moreira, conta que após tomar conhecimento do óbito solicitou à Vara de Execuções Penais do Tribunal de Justiça do Distrito Federal as imagens do sistema de monitoramento do presídio e a cópia dos prontuários médicos dele durante o período em que esteve preso, “a fim de averiguar a realidade dos fatos e as circunstâncias em que eles se deram”.

A defesa diz que Alan Fabiano estava preso desde o dia 24 de janeiro de 2019 e que ficou em cela destinada a presos com nível superior. De acordo com a advogada, ele era portador de uma síndrome rara conhecida como displasia ectodérmica hipoidrótica (anidrótica) — doença caracterizada pela ausência parcial ou completa de glândulas e poros sudoríparos —, por isso, ele fazia uso de medicações de uso contínuo.

A advogada conta que, enquanto esteve preso, Alan foi punido disciplinarmente, “de forma injusta”, em cinco ocasiões e que foi absolvido em quatro delas. De acordo com a defesa, Alan cumpria mais uma punição quando foi encontrado morto.

Segundo Kelly Moreira, no dia 27 de março Alan agradeceu uma policial penal pelo envio de cartas escritas por ele “mesmo após passado um ano do envio”.

“Na ocasião a mesma entendeu que o tom do agradecimento era irônico e desrespeitoso. Em face disso entendeu pela prática de falta grave e aplicou punição de isolamento à Alan, no Pavilhão Disciplinar, mantendo-o sozinho em uma cela por 10 dias. No oitavo dia, ainda em punição, foi comunicado à essa advogada e à genitora de Alan a morte do mesmo”, diz a advogada.

Conforme a advogada, o sistema prisional informou que na segunda-feira (3), por volta das 8h35, quando um interno foi recolher o lixo das celas do Pavilhão Disciplinar viu Alan Fabiano com um lençol amarrado na brisa de ventilação e preso ao pescoço. Mas a família não acredita que ele tenha cometido suicídio.

“[Os familiares] esperam uma apuração minuciosa dos fatos e constatando qualquer indicio que contradiga a narrativa, espera a responsabilização dos responsáveis, seja pela ação ou omissão dos agentes do Estado”, diz a advogada.

O crime cometido por Alan Fabiano Pinto de Jesus
Alan Fabiano Pinto de Jesus foi condenado pela morte da servidora pública Luciana de Melo Ferreira. O corpo dela foi encontrado pela filha, no dia 23 de dezembro de 2019.

Alan, ex-namorado da vítima, foi preso um dia depois, no Hospital de Base. Segundo a polícia, ele foi internado após “passar mal” no dia 22 de dezembro. A vítima teria sido morta no dia 21, por não querer mais o relacionamento.

Câmeras de segurança do condomínio onde Luciana morava, no Sudoeste, ajudaram a polícia a identificar o suspeito.

A gravação mostra que Alan chegou ao local às 20h33 do dia 21 de dezembro. Luciana chegou às 22h30.

Alan, que esperava no terraço, viu a ex-namorada e desceu as escadas, até o apartamento dela. Menos de 30 minutos depois, ele foi embora.

O que diz a Seape sobre a morte do preso
“A Secretaria de Administração Penitenciária informa que na última segunda (03/04), o custodiado A.F.P.J. foi encontrado em sua cela com um lençol amarrado na brisa de ventilação e envolto ao pescoço. O médico da unidade prisional foi acionado e constatou o óbito.

Acrescenta-se que o custodiado encontrava-se sozinho na cela.

Foi realizada perícia do IML/PCDF e aberto procedimento apuratório para investigar os fatos”.

 

Fonte: g1

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