A idosa Cremilda Mendes da Silva, de 63 anos, está há 10 anos à espera de uma cirurgia de artroplastia no Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (Into), no Rio de Janeiro, mas o hospital não tem a prótese necessária.
“Eu me preparei toda, me liberaram pra cirurgia de prótese no joelho depois de 10 anos esperando. E o cirurgião falou pra mim: único problema é que a gente está sem a prótese”, diz Cremilda.
Há dois meses, a equipe de reportagem da Globo entrou em contato com o Into e, finalmente, a paciente conseguiu realizar todos os exames que faltavam. Mas, na semana passada, foi informada de que não havia as próteses para implantação no joelho e que o hospital aguardava a abertura de licitação.
Cremilda da Silva disse que enfrenta dificuldades pelo problema de saúde. A cirurgia viria para diminuir suas dores e melhorar a articulação do joelho.
“Deitada na cama, quase não faço nada. Comecei a lavar louça ontem, não terminei. E assim sempre, com muita dor. 24 horas de dor, 48 horas de dor. E agora me trazer essa notícia que foi frustrante ouvir., desabafa.
O Into, hospital da rede federal, tem diversos leitos fechados pela falta de profissionais de saúde e de materiais. A fila interna do instituto tem mais de 7 mil pacientes aguardando por cirurgia, e a fila para a realizar a primeira consulta para tratamento no joelho tem mais de quase 11 mil pacientes esperando.
De acordo com o Censo Hospitalar Público, são 79 leitos desativados e 31 livres, mas mesmo disponíveis, não são cedidos para a central de regulação encaminhar os pacientes. A hospital totaliza pelo menos 650 leitos fechados.
A Câmara de Deputados aprovou uma medida provisória para a contratação de 4.117 profissionais de saúde para as unidades federais até o fim do ano que vem.
“Isso certamente vai permitir a reabertura da emergência do hospital geral de Bonsucesso e a reabertura de novos leitos hospitalares pro Estado do Rio de Janeiro. Os hospitais federais são fundamentais para reduzir a fila de sistema de regulação e pelo cuidado de toda a alta complexidade da cidade e do Estado do Rio de Janeiro”, informa o deputado federal Daniel Soranz.
Essa semana, a Comissão de Saúde da Câmara de Vereadores fez vistorias em dois hospitais: no Hospital Federal de Bonsucesso, na Zona Norte do Rio, a equipe encontrou 118 leitos fechados; e no Hospital Universitário Clementino Braga Filho, também na Zona Norte, são 144 leitos desativados. A equipe notou muitos equipamentos novos em desuso.
O Into informou que a paciente foi inserida na lista de espera do hospital em 2019, e que agora aguarda apenas o período necessário de suspensão do medicamento de uso contínuo, que interfere no procedimento cirúrgico. O instituto não respondeu sobre a falta da prótese.
O hospital informou também que, nos últimos quatro anos, foram feitas 27.600 cirurgias, e que nesse período houve uma redução de 16% do tamanho da fila. No ano passado, constatou que mais 1.200 pacientes entraram nesta lista de espera.