Jorge Sampaoli terá dois dias de treinos antes de estrear no comando do Flamengo no jogo contra o Ñublense, pela CONMEBOL Libertadores, nesta quarta-feira (19), às 21h30 (de Brasília).
O treinador, apresentado na segunda-feira, dia em que também comandou sua primeira atividade no Ninho do Urubu, tem estilo bastante característico quando se trata do trabalho no dia a dia.
O ESPN.com.br ouviu jogadores que trabalharam com o argentino em diferentes momentos de sua carreira para entender o que o elenco rubro-negro pode esperar dos treinamentos de Sampaoli.
Reconhecido por saber montar equipes ofensivas, o argentino tem com uma das características mais conhecidas a obsessão pelo futebol. Em um dos seus primeiros trabalhos como treinador, no Juan Aurich-PER em 2002, o comandante fazia os atletas levantarem cedo para treinarem três períodos.
“A gente acordava 6h30 para fazer academia, depois tomava café da manhã e íamos correr na praia. Ele era muito exigente e taticamente muito preparado. O trabalho no campo dele era anos à frente dos outros. Trabalhava cada setor separado e depois quando a gente ia fazer as coisas, cada um sabia exatamente aquilo que deveria fazer”, contou Rafael Bondi, ex-jogador do time peruano ao ESPN.com.br.
O estilo madrugador também foi uma prática durante o ano em que ficou no Santos, em 2019. O argentino costumava chegar todos os dias ao Centro de Treinamentos por volta das 7h e mostrar vídeos aos jogadores – logo após o desjejum – de como se comportava o adversário.
Em seguida, fazia um aquecimento em campo reduzido. Os treinos muito intensos, porém, mais curtos – cerca de 80 minutos divididos em quatro momentos.
Com o campo “aberto”, os jogadores eram colocados na posição que seriam escalados nas partidas. Sampaoli não costuma repetir os treinos, que são sempre voltados para o próximo jogo.
“Ele sempre sobe uns moleques da categoria de base e monta direitinho o adversário. Ele mostra vídeos para os garotos, que reproduzem como é o time. Um dia a gente treina a forma como o adversário ataca e a molecada faz igual. No outro, é treino da saída de bola da nossa defesa, no outro é da saída deles”, disse Luan Peres, que foi comandado pelo treinador no Santos e no Olympique de Marselha, ao ESPN.com.br.
Outro ex-jogador do Peixe, Victor Ferraz, conta que o treinador variava o esquema tático a cada partida. E não abria mão que suas equipes tivessem muita posse de bola e pressionassem o adversário o tempo todo.
“Ele podia até repetir a escalação, mas nunca usava o mesmo posicionamento porque jogava de acordo com o adversário”, disse o lateral.
Sampaoli costuma ficar até tarde da noite no CT e não se desligava do trabalho facilmente. Apesar de ter colecionado algumas confusões e desafetos ao longo da carreira, o treinador também tem um lado mais tranquilo.
“Era o tempo todo a 200 quilômetros por hora. É um cara que é aquilo ali. Não é um teatro ou marketing. Ele conversa contigo e logo em seguida passa por você e não olha na tua cara porque está pensando em 10 coisas lá na frente. Quem não está acostumado acha que ele é um cara arrogante ou difícil. Mas foi uma experiência única, não teve preço ficar com ele por um ano e dois meses lá. Aprendi demais”, disse Márcio Zanardi, que trabalhou com o treinador no Santos.
“Ele é muito gente boa como pessoa. Chega no vestiário, começa a brincar, chuta bola em alguém, faz as brincadeiras. Dentro de campo ele muda, fica mais estressado, aquele jeito Sampaoli, mas fora de campo ele dá muita risada e zoa bastante”, disse Peres.