O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, se reúne nesta segunda-feira, 17, com o diplomata russo Sergei Lavrov. O encontro acontece no Palácio do Itamaraty, em Brasília, e tem como objetivo discutir a relação comercial entre Brasil e Rússia, assim como a guerra do país de Vladimir Putin com a Ucrânia. A expectativa é que o presidente brasileiro também se reúna nesta segunda com o ministro das Relações Exteriores russo.
Desde que assumiu a presidência pela terceira vez, Luiz Inácio Lula da Silva tem defendido a formação de um “clube da paz” em busca de um acordo pacífico entre os dois países. Como a Jovem Pan mostrou, o mandatário conversou com o líder ucraniano Volodymyr Zelensky em março e reafirmou o “desejo do Brasil de conversar com outros países e participar de qualquer iniciativa em torno da construção da paz e do diálogo”, disse Lula na época, acrescentando que a “guerra não pode interessar a ninguém”.
Na semana passada, em viagem à China, o assunto voltou a ser discutido, desta vez em reunião com o presidente chinês Xi Jinping. No entanto, declaração mais recente do petista sobre a responsabilidade da Ucrânia e a influência dos Estados Unidos desagradam. No sábado, 15, em conversa com jornalistas nos Emirados Árabes Unidos, Lula voltou a dizer que Ucrânia também é responsável pela guerra com a Rússia. Segundo ele, o conflito no Leste Europeu foi uma decisão “tomada por dois países” e com influência de outras potências.
“É preciso conversar com os Estados Unidos e com a União Europeia. Nós precisamos convencer as pessoas de que a paz é a melhor forma de estabelecer qualquer processo de conversação”, disse o mandatário. Antes de embarcar para os Emirados Árabes, o petista já havia dito que os EUA e a União Europeia precisam incentivar a paz e que a guerra só interessa à Rússia e à Ucrânia.
“É preciso que os Estados Unidos parem de incentivar a guerra e comecem a falar em paz. É preciso que a União Europeia comece a falar em paz para a gente poder convencer o Putin e o Zelensky de que a paz interessa a todo mundo e a guerra só está interessando aos dois”, afirmou. As declarações recentes de Lula, assim como a aproximação com a China e Rússia, geraram reação dos Estados Unidos e repercutem na imprensa internacional.
O jornal Washington Post, em artigo publicado na última semana, aponta que o presidente brasileiro teria se recusado a se juntar com Joe Biden na condenação da invasão da Rússia à Ucrânia e reforça a aprovação de Brasília com Pequim, em um momento em que as relações entre EUA e China estão tensas.