Laudo de reconstituição do caso do gari Walquides deve ser entregue em 60 dias

Ascom Polc/AL

Reprodução simulado do caso do gari Walquides

Após a realização da reprodução simulada realizada nessa terça-feira (18), que investiga a abordagem de guarnições da Polícia Militar que terminou com o gari Walquides Santos, 29 anos, ferido por um disparo de arma de fogo, o Instituto de Criminalística da Polícia Científica de Alagoas informou que deve levar cerca de 60 dias para entregar o laudo com os resultados obtidos na atividade pericial.

O exame foi iniciado às 17h30 e foi encerrada às 21h45, com quatro horas e quinze minutos de duração, com a interdição das ruas São Cristóvão e São José que fica na Vila Emater, em Jacarecica, local onde teria acontecido a ocorrência, no dia 13 de janeiro de 2022. Durante esse intervalo, foram ouvidas três versões do fato, que teria se originado a partir de uma denúncia anônima de venda de entorpecentes na região. 

Os trabalhos no local do exame foram coordenados pela perita Camila Valença, que contou com o apoio de mais três peritos criminais, Clisney Omena, Ivan Excalibur e Rafaela Jansons. Eles utilizaram vários equipamentos, entre eles, câmeras fotográficas para o registro da dinâmica e um drone para o mapeamento da área que abrangeu as duas vias públicas interditadas. 

“Tudo ocorreu nos conformes. Primeiramente, ouvimos e reproduzimos a versão de cada uma das duas equipes, as quais foram averiguar a denúncia anônima, ou seja, se estaria ocorrendo tráfico de droga e por último foi escutada a versão do Walquides. Agora entramos no processo de elaboração do laudo, que levará no mínimo dois meses para ficar pronto, visto que precisamos realizar alguns exames complementares”, explicou a perita Camila Valença.

Reprodução / Redes Sociais

Familiares e amigos alegam que Walquides Santos, conhecido como Everton, foi preso injustamente

O caso

O gari Walquides Santos da Silva, de 26 anos, segundo seus familiares, foi baleado pelas costas injustamente durante uma ação da PM na Vila Emater, no dia 13 de Janeiro de 2022, quando chegava em casa.

Os PMs da Rocam o teriam confundido com um traficante e não teriam sequer oferecido socorro. Ele foi internado no Hospital Geral do Estado (HGE) para onde foi socorrido e foi submetido a cirurgia no intestino. Lá, ele ficou algemado e deveria ser encaminhado ao presídio quando tivesse alta médica, já que um dia após a prisão, a polícia abriu um processo contra o rapaz, que foi acusado de tráfico de drogas. Porém a Justiça de Alagoas, por meio do juiz Antônio José Bittencourt Araújo, concedeu liberdade provisória ao gari, no dia 28 de janeiro, após 15 dias de internamento, mesmo dia em que ele recebeu alta médica.

Familiares do gari realizaram protestos por não estarem conseguindo visitá-lo na unidade médica. À época, a família decidiu que o jovem não voltaria mais para a comunidade onde morava, já que familiares e amigos relataram terem sido ameaçados por policiais.

Inicialmente, a reprodução simulada estava prevista para o dia 29 de março de 2023, mas devido ao mau tempo, o exame pericial precisou ser cancelado. Segundo a perita criminal, o cancelamento se fez necessário, visto que a atividade em análise precisa também reproduzir as condições climáticas relativas ao dia da ocorrência.

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O delegado Robervaldo Davino, que investiga o caso, acompanhou os trabalhos do Instituto de Criminalística. Os advogados do gari e dos policiais militares também acompanharam a realização da reprodução simulada, uma atividade pericial que cada vez mais tem sido utilizada pelos órgãos que integram o sistema de persecução penal para tirar dúvidas e responder quesitos sobre dinâmicas de alguns casos sobre investigação criminal.

O chefe de perícias externas, perito criminal Clisney Omena, explicou que a reprodução simulada dos fatos, comumente conhecida como reconstituição, é um exame pericial de natureza complementar que visa esclarecer pontos controversos existentes nos autos de um inquérito policial ou processo judicial. Ele disse que o Instituto de Criminalística tem envidado esforços no sentido de atender às solicitações desse tipo de perícia, que estavam se avolumando. 

“Com o empenho dos Peritos Criminais temos conseguido dar vazão a esses pedidos. Do final do ano passado até o momento conseguimos realizar seis reproduções simuladas. É uma experiência muito gratificante porque proporciona a troca de conhecimentos entre os profissionais participantes e fornece elementos materiais à autoridade solicitante, contribuindo para que seja feita a Justiça, dado o caráter técnico e imparcial da Polícia Científica”, afirmou Omena.

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