O cirurgião Gustavo Machado, responsável pela primeira cirurgia na passista da Grande Rio Alessandra dos Santos Silva, que teve o braço amputado após ficar internada em São João de Meriti, prestou depoimento nesta terça-feira (25), na 64ª DP (Meriti), na condição de testemunha.
Também procuraram a distrital um ginecologista que participou da operação e um médico do CTI para onde Alessandra foi levada — todos do Hospital da Mulher Heloneida Studart.
A especializada ainda espera ouvir os profissionais do Instituto Estadual de Cardiologia Aloysio de Castro (Iecac), a segunda unidade onde a passista se internou e onde foi feita a amputação do braço.
À polícia, o cirurgião do Heloneida Studart negou que tenha ocorrido negligência médica no hospital. Segundo o especialista, houve um “problema vascular” em Alessandra que levou à retirada de todo o útero.
Gustavo disse que a transferência da paciente ocorreu no dia seguinte que observaram o problema. Segundo o delegado, ele afirmou que a decisão de amputar parte do braço da passista foi no outro hospital.
“Esse primeiro depoimento trouxe pra gente a rotina e como foi o procedimento cirúrgico que gerou a retirada dos miomas. Segundo ele [o médico], foram retirados 19 miomas, cerca de dois quilos e meio de material. Após a cirurgia, ela teve uma hemorragia interna e dessa hemorragia, ela foi submetida a uma nova cirurgia que culminou com a histerectomia — retirada do útero”, explicou o delegado Bruno Enrique de Abreu Menezes, titular da 64ª DP.
“Após essa cirurgia, ela teve um problema vascular e por isso ela foi encaminhada para o segundo hospital que ficou responsável pela cirurgia vascular e ficou responsável pela retirada do membro da paciente. Provavelmente, que retirou o membro foi o cirurgião-vascular. Como é uma cirurgia vascular, ele teria essa predileção”, completou o delegado.
A polícia investiga se houve alguma negligência ou imperícia.
“Só vamos ter essa reposta após uma perícia médico legal. O prontuário médico será analisado e o IML nos dará uma resposta. Se houver negligência e imperícia será imputada uma responsabilidade penal ao responsável que iremos identificar. Vamos ouvir o responsável pelo CTI e o médico responsável pela retirada do membro.”
No primeiro procedimento, Alessandra retirou miomas do útero. Na segunda cirurgia, a passista apresentou complicações, como dedos escuros, e acabou tendo parte do braço amputado.
Não havia depoimentos marcados, mas profissionais da equipe do Hospital da Mulher Heloneida Studart foram à delegacia após a visita de agentes da delegacia à unidade.
A informação foi confirmada pelo delegado titular da delegacia de São João de Meriti, Bruno Enrique Abreu. Ele disse ainda que o prontuário médico da paciente chegou à delegacia no final da tarde de segunda-feira (24).
Alessandra iria ao Hospital Souza Aguiar, no Centro, para revisar os pontos da primeira cirurgia. Ela reclamou de dores na barriga. A previsão é de tirar os pontos nesta terça-feira.
O g1 questionou a Secretaria Estadual de Saúde (SES) sobre a conduta do médico e se ele pode ser afastado das funções enquanto a polícia investiga o caso. A pasta ainda não respondeu.
O Conselho Regional de Medicina do Rio (Cremerj) também foi procurado para saber se abriu uma sindicância contra o profissional e contra o hospital. O órgão também não respondeu.