A Polícia Federal (PF) enviou um comunicado ao delegado Elvis Secco para que o investigador retorne ao Brasil e se apresente até 5 de maio. Secco, atualmente, é adido da PF no México e está na lista de autoridades ameaçadas de morte pelo Primeiro Comando da Capital (PCC).
A justificativa da corporação é que o Brasil é mais seguro do que a Cidade do México para o delegado. Pessoas próximas ao investigador ficaram preocupadas com essa solicitação de retorno e fizeram um relatório, junto a Elvis Secco, pontuando que onde estão é mais seguro para ele do que no Brasil, onde o PCC atua fortemente.
O relatório foi enviado à direção da PF, em Brasília, que analisa o pedido para saber se realmente traz o delegado de volta ou se ele fica no México. No documento, os investigadores mostram dados de onde estão e informações de segurança, por exemplo.
A CNN apurou que, no ano passado, um primeiro relatório de risco de ameaça foi feito. O documento foi elaborado pelo delegado logo depois do plano de assassinato de clonagem das viaturas.
O objetivo seria, no primeiro momento, para a mudança dele a outro país em que o PCC não atuasse. A PF, então, por conta das ameaças relatadas, ofereceu que Secco voltasse ao Brasil para entrar no programa de proteção, o que não foi aceito.
O adido é um representante da polícia em outro país para tratar de casos de cooperação internacional e investigações. O período da adidância de Secco finaliza em maio do ano que vem, mas a corporação quer que ele volte no próximo mês à terra natal.
No México, o delegado ameaçado usa carro blindado e tem um esquema de segurança reforçado, segundo apurou a reportagem.
Alvo do PCC e ameaças
O delegado Elvis Secco é conhecido como um dos maiores combatentes do crime organizado no Brasil e virou alvo do PCC.
Na operação da Polícia Federal no mês passado contra 11 integrantes da facção acusados de planejar sequestrar e matar autoridades, como o senador Sérgio Moro (União Brasil-PR) e o promotor Lincoln Gakiya, Secco também estava na lista de nomes para serem atacados.
No inquérito, descobriu-se que o PCC tinha dados pessoais e endereços de Secco e que a facção pretendia clonar carros da PF para assassinar o delegado.
Elvis Secco foi coordenador-geral de repressão a facções na PF, e a ordem de assassinato contra ele foi motivada por vingança e partiu do sócio de Marcola, Gilberto Aparecido dos Santos, conhecido como Fuminho.
O criminoso, que está detido na Penitenciária Federal de Brasília, foi preso sob coordenação de Secco, em Moçambique, na África, há três anos.
“Nós temos, sim, uma Lava Jato do PCC. O objetivo da Polícia Federal é fazer com que essa operação tenha fases. Nós da área de combate ao tráfico temos o mesmo objetivo de qualquer área que investigue crimes de corrupção”, disse o delegado ao portal UOL em outubro de 2020, antes de ir para o México
“Se você tem uma primeira fase, você identificou um núcleo financeiro, um patrimônio, você tem que analisar toda aquela documentação, várias mídias, e a partir daquilo traçar objetivo para que outras fases sejam desencadeadas, assim como foi feito no caso da Lava Jato”, complementou.
Sobre o retorno ao Brasil, a CNN procurou o delegado, que preferiu não se manifestar. A CNN também pediu posicionamento da PF, que não se pronunciará sobre o caso.