Trabalhadores de Alagoas são resgatados de condições análogas à escravidão no ES

Trabalhadores tinham que pagar por comida, transporte e instrumentos de trabalho. Operação teve início na última quarta-feira (3) na cidade de Vila Pavão, no Noroeste do Espírito Santo.

Dez trabalhadores, alguns deles naturais de Alagoas, foram resgatados de condições de trabalho análogas à escravidão em uma propriedade rural de café em Vila Pavão, no Noroeste do Espírito Santo, durante uma operação de auditores fiscais do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).

MTE/Divulgação

Um dos quartos de casas onde trabalhadores resgatados dormiam em fazenda de café no ES

Segundo informações do MTE, os profissionais foram aliciados por uma mulher não identificada em seus estados de origem – Alagoas e Sergipe – com promessas de um salário vantajoso, bom alojamento, alimentação farta e passagens de ida e volta, tudo por conta do empregador. Inicialmente o grupo era de 28 pessoas.

Quando chegaram à propriedade, os trabalhadores se depararam com uma situação completamente diferente da que foi prometida. As duas casas onde foram alojados não contavam com camas, armários para guardar as roupas e objetos pessoais, mesa e cadeiras para realizarem as refeições. Os colchões disponíveis eram finos e pareciam colchonetes.

Em uma das casas não havia forro, o piso era de madeira e havia vãos no chão, entre os telhados e as paredes dos cômodos, permitindo a passagem de insetos e outros animais.

Os trabalhadores tinham dois banheiros pequenos e em um deles o piso era de cimento rústico. O outro tinha um pequeno buraco, no alto de uma das paredes, que servia como janela. Não havia chuveiros e a água do banho saía de canos. A água dos banheiros, das pias das cozinhas e do único tanque das casas saía de uma caixa d’água, parcialmente tampada e instalada no alto de uma das casas.

MTE/Divulgação

Casa sem forro onde trabalhadores resgatados em situação análoga à escravidão ficavam alojados no ES

Pagamentos indevidos

O pagamento que recebiam estava longe de atingir um salário mínimo mensal. Cada trabalhador ganhava R$ 16 por cada saca de 60 kg de café colhido, porém, o trabalho era feito de forma manual sem qualquer ferramenta que facilitasse a retirada dos grãos dos galhos dos pés de café.

O pagamento era feito de forma semanal, sempre com o desconto da passagem (R$ 50 por semana de um total de R$ 350) e da própria alimentação, que era fornecida pelo empregador de forma precária, com racionamento de proteína, além de não fornecer a energia necessária para o esforço físico utilizado na colheita de café.

Além destes, os profissionais tinham que arcar com outros gastos, como o peneiras e de equipamentos de proteção individual indispensáveis para a execução segura da colheita.

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Fazenda de café onde trabalhadores foram resgatados em situação análoga à escravidão no ES

Sem suportar as péssimas condições de trabalho, 18 trabalhadores conseguiram dinheiro com familiares e deixaram a fazenda antes da ação de fiscalização.

A operação teve início na última quarta-feira (3) e teve o apoio do Ministério Público do Trabalho, do Ministério Público Federal, da Defensoria Pública da União e da Polícia Federal.

O empregador foi autuado e teve que arcar com o pagamento das verbas salariais e rescisórias devidas aos trabalhadores totalizando cerca de R$ 26 mil, assim como as passagens de volta para a cidade de origem de cada um deles na última sexta-feira (05), data em que todos retornaram para suas cidades de origem.

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