MP descobre 1ª manipulação de resultados no futebol brasileiro em 2023; veja partida e os envolvidos

ESPN

Novas conversas envolvendo as investigações da Operação Penalidade Máxima II surgiram com revelações importantes e apontam para o primeiro caso de manipulação de resultados no Brasil em 2023.

Em Goiás x Goiânia, partida disputada em 12 de fevereiro, pelo estadual, conversas mostram que o lateral-esquerdo Denner Barbosa, então jogador do Operário-MT, combinou a derrota no primeiro tempo da equipe visitante mesmo sem atuar por nenhum dos clubes.

O lateral formado na base do Corinthians fez a combinação com um apostador na véspera da partida, em troca do pagamento de R$ 10 mil para seus contatos no clube goiano (veja o diálogo abaixo).

Na partida, o Goiás abriu o placar com três minutos com gol de Lucas Halter e, aos 43, Vinicius ampliou. O placar de 2 a 0 garantiu o resultado desejado na aposta combinada e o prêmio aos envolvidos.

É a primeira descoberta sobre manipulação de resultado na investigação feita pelo Ministério Público de Goiás (MP-GO). As outras situações analisadas eram relacionadas a infrações como cartões amarelo e vermelho ou pênaltis cometidos.

Veja a conversa de Denner Barbosa com o apostador

  • Denner Barbosa: Mas eu tenho um time no Campeonato Goiano com a linha de trás todinha.
  • Bruno Lopez: Me manda o time do Goiano e eu já coto. Se ficar boa…
  • Denner Barbosa: Perder primeiro tempo.
  • Bruno Lopez: Vamos fechar essa parada, então?
  • Denner Barbosa: Preciso saber quanto você paga, que aí eu corro atrás aqui na ligação com os caras.
  • Bruno Lopez: 10 cruzeiros [R$ 10 mil] para cada.
  • Depois de duas horas, Denner respondeu
  • Denner Barbosa: Tá fechado, confirmado o nosso aqui. E os (jogadores do) Goiânia são meus.
  • Bruno Lopez: Fechado.
  • Já no intervalo, Denner voltou a entrar em contato para ‘celebrar’ a aposta bem sucedida
  • Denner Barbosa: Os moleques são nossos.
  • Bruno Lopez: Boa, papai. Coisa linda, hein.

Veja abaixo quais são os jogos que estão sob investigação na Série A

  • Palmeiras x Juventude
  • Juventude x Fortaleza
  • Goiás x Juventude
  • Ceará x Cuiabá
  • Red Bull Bragantino x América-MG
  • Santos x Avaí
  • Botafogo x Santos
  • Palmeiras x Cuiabá

Quais jogadores estão sendo investigados?

  • Eduardo Bauermann (Santos)
  • Gabriel Tota (Ypiranga-RS)
  • Victor Ramos (Chapecoense)
  • Igor Cariús (Sport)
  • Paulo Miranda (Náutico)
  • Fernando Neto (São Bernardo)
  • Matheus Gomes (Sem clube)

Quais jogadores também foram citados no processo?

  • Vitor Mendes (Fluminense)
  • Richard (Cruzeiro)
  • Nino Paraíba (América-MG)
  • Dadá Belmonte (América-MG)
  • Kevin Lomonaco (Red Bull Bragantino)
  • Moraes Jr. (Juventude)
  • Nikolas Farias (Novo Hamburgo)
  • Jarro Pedroso (Inter de Santa Maria)
  • Nathan (Grêmio)
  • Pedrinho (Athletico-PR)
  • Bryan García (Athletico-PR)

Apostadores e membros da organização

  • Bruno Lopez de Moura
  • Ícaro Fernando Calixto dos Santos
  • Luís Felipe Rodrigues de Castro
  • Victor Yamasaki Fernandes
  • Zildo Peixoto Neto
  • Thiago Chambó Andrade
  • Romário Hugo dos Santos
  • William de Oliveira Souza
  • Pedro Gama dos Santos Júnior

O que a “Operação Penalidade Máxima” investiga

A investigação da “Operação Penalidade Máxima” aponta que grupos criminosos convenciam jogadores, com propostas que iam até R$ 100 mil, a cometerem lances específicos em partidas e causassem o lucro de apostadores em sites do ramo.

Um jogador cooptado, por exemplo, teria a “função” de cometer um pênalti, receber um cartão ou até mesmo colaborar para a construção do resultado da partida – normalmente uma derrota de sua equipe.

As primeiras denúncias ouvidas pela operação surgiram no fim de 2022, quando o volante Romário, então jogador do Vila Nova (GO), aceitou R$ 150 mil para cometer um pênalti contra o Sport, em partida válida pela Série B do Brasileiro.

Na ocasião, o atleta embolsou R$ 10 mil imediatamente e só ganharia o restante caso o plano funcionasse. Romário, porém, sequer foi relacionado para a partida, o que estragou a ideia.

A história chegou até Hugo Jorge Bravo, presidente do time goiano e também policial militar, que buscou provas e as entregou ao Ministério Público do estado. A partir daí, criou-se a operação “Penalidade Máxima” para investigar provas e suspeitas sobre o assunto.

Na primeira denúncia, havia a suspeita de manipulação em três jogos da Série B, mas os últimos acontecimentos levaram os investigadores a crer que o problema era de âmbito nacional e havia acontecido em campeonatos estaduais e também na primeira divisão do Brasileiro.

Além de Romário, outros sete jogadores foram denunciados pelo Ministério Público por participarem do esquema de fabricação de resultados: Joseph (Tombense), Mateusinho (ex-Sampaio Corrêa, hoje no Cuiabá), Gabriel Domingos (Vila Nova), Allan Godói (Sampaio Corrêa), André Queixo (ex-Sampaio Corrêa, hoje no Ituano), Ygor Catatau (ex-Sampaio Corrêa, hoje no Sepahan, do Irã) e Paulo Sérgio (ex-Sampaio Corrêa, hoje no Operário-PR).

Algum jogador de futebol foi preso?

Nenhum jogador preso, só pessoas envolvidas nos pedidos de manipulação. Foram três mandados de prisão em São Paulo, mas só para não atletas.

Foram apreendidas granadas de efeito moral em um mandado de prisão em São Paulo a armas de fogo em outro endereço, também em terras paulistas. Nesse local, houve também um flagrante de armas de fogo sem o devido registro.

Os atletas ou aliciadores podem ser indiciados via Estatuto do Torcedor e também podem responder por crime por lavagem de dinheiro, se for o caso. Segundo o Estatuto do Torcedor, a pena varia de 2 a 6 anos de prisão.

O que os jogadores faziam para manipular as partidas?

Os atletas e envolvidos suspeitos estão sendo investigados por manipulação da seguinte forma: receber cartões amarelo ou vermelho, cometer um pênalti, garantir uma derrota parcial no 1º tempo, número de escanteios, etc.

Fonte: ESPN

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