Esposa de acusado de chefiar fraude no futebol movimentou mais de R$ 2 milhões em 9 meses com dinheiro do esquema, diz MP

Investigação mostrou que a mulher, em apenas nove meses, movimentou mais de R$ 1 milhão a crédito e mais de R$ 1 milhão a débito. Camila não está presa, mas foi acusada na primeira fase da operação.

A apuração do Ministério Público de Goiás (MPGO) indicou que Camila Silva da Motta, esposa de Bruno Lopez, teve “movimentações atípicas” em sua conta bancária em 2022. A investigação mostrou que a mulher, em apenas nove meses, movimentou mais de R$ 1 milhão a crédito e mais de R$ 1 milhão a débito.

Reprodução MPGO

Camila Silva da Motta e Bruno Lopez de Moura, acusados em esquema de manipulação de resultados de jogos de futebol

g1 entrou em contato com a defesa de Camila Motta para um posicionamento, mas não obteve retorno até a última atualização deste texto. O advogado Ralph Fraga, que também representa Bruno Lopez, disse anteriormente à reportagem que vai se posicionar sobre as acusações formal e processualmente no momento oportuno.

Na conta de Camila também foram encontradas transferências suspeitas, como depósitos em espécie em caixas eletrônicos, indicando a utilização da conta para movimentação de valores vindos de manipulação de resultados e apostas, de acordo com o MPGO.

“Apurou-se que Bruno seguidas vezes indica valores e contas para que Camila promovesse as transferências […] tendo Camila a plena ciência de que se tratavam de valores das famigeradas ‘operações’”, narrou o MPGO no processo.

Segundo o MPGO, o último vínculo empregatício de Camila foi em um laboratório de análises clinicas e o salário mais recente foi de R$ 856,75, referente ao mês de janeiro de 2019. No nome da mulher, a investigação encontrou três carros, um Honda Fit, um Hyundai Tucson e uma Land Rover Evoque, avaliada em mais de R$ 110 mil reais.

Já sobre Bruno, a investigação mostrou que o último vínculo empregatício do acusado de chefiar o esquema, teve a remuneração mais recente de R$ 699,60, referente ao mês fevereiro de 2018.

Camila Silva da Motta e Bruno Lopez de Moura, acusados em esquema de manipulação de resultados de jogos de futebol — Foto: Reprodução/MPGO e Redes SociaisCamila Silva da Motta e Bruno Lopez de Moura, acusados em esquema de manipulação de resultados de jogos de futebol — Foto: Reprodução/MPGO e Redes Sociais

Participação de Camila

Camila não está presa, mas foi acusada na primeira fase da operação por integrar o esquema de manipulação. Nesta etapa, o MPGO apurou que a mulher atuava no núcleo administrativo do grupo.

No entanto, na segunda fase, a investigação enquadrou Camila também no núcleo de apostadores, junto com o marido e os demais acusado.

No decorrer do processo, o MPGO mostrou vários prints de conversas e comprovantes de PIX no nome de Camila. Camila foi acusada de fazer parte de organização criminosa, com pena de reclusão, de 3 a 8 anos, e multa.

Camila Silva da Motta é acusada em esquema de manipulação de jogos em operação feita pelo Ministério Público de Goiás — Foto: Reprodução/MPGOCamila Silva da Motta é acusada em esquema de manipulação de jogos em operação feita pelo Ministério Público de Goiás — Foto: Reprodução/MPGO

Negócio em família

Segundo o MPGO, Bruno e Camila têm um filho e são donos da empresa BC Sports Management, que as contas eram usadas com frequência para movimentação financeira do esquema. Pela conta da empresa, eram feitos os pagamentos de sinais e valores aos jogadores, intermediadores e apostas nos jogos, conforme descreveu o processo.

O processo pontuou que não existe nenhuma postagem em perfis de redes sociais de Camila sobre a participação dela na BC Sports. Em seu perfil do Facebook, a investigação encontrou o anúncio de venda de posto de combustível em São Paulo, em 19 de abril de 2021, no valor de R$ 500 mil.

“Após análise das redes sociais da BC Sports, as atividades são aparentemente geridas por Bruno, não havendo nenhuma menção da participação ativa de Camila na gestão”, ponderou o MPGO.

 

Atuação em núcleos

Segundo o MP, o grupo criminoso cooptava jogadores com ofertas que variavam entre R$ 50 mil e R$ 100 mil para que cometessem lances específicos nos jogos – como um número determinado de faltas, levar cartão amarelo, garantir um número específico de escanteios para um dos lados e até atuar para a derrota do próprio time. Diante dos resultados previamente combinados, os apostadores obtinham lucros altos em diversos sites de apostas.

Segundo o Ministério Público, o esquema era dividido em quatro núcleos: de apostadores, financiadores, intermediadores e administrativo.

  • “Núcleo Apostadores”: formado por responsáveis por contatar e aliciar jogadores para participação no esquema delitivo. Eles também faziam pagamentos aos jogadores e promoviam apostas nos sites esportivos.
  • “Núcleo Financiadores”: responsáveis por assegurar a existência de verbas para o pagamento dos jogadores aliciados e também nas apostas manipuladas.
  • “Núcleo Intermediadores”: responsáveis por indicar contatos e facilitar a aproximação entre apostadores e atletas aptos a promoverem a manipulação dos eventos esportivos.
  • “Núcleo Administrativo”: responsável por fazer transferências financeiras a integrantes da organização criminosa e também em benefício de jogadores cooptados.

Nota da defesa de Bruno Lopez na íntegra:

“De igual forma à primeira fase da operação, entendemos que, por se tratar de uma denúncia extensa, com diversos anexos oriundos dos elementos extraídos na investigação, é necessário muita cautela em qualquer comentário. Apesar de se tratarem de fatos novos, jogos diferentes daqueles que foram objeto de denúncia na primeira ação penal, o crime pelo qual Bruno se encontra acusado é exatamente o mesmo, mas por situações diferentes. Como de praxe, sempre com muito respeito ao trabalho do Ministério Público e do Poder Judiciário, as acusações serão formal e processualmente respondidas no momento oportuno.”

Fonte: g1

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