Javier Tebas tem 60 anos, é natural da Costa Rica e um advogado que fez carreira no futebol — desde de 2013, preside a LaLiga, como é chamada a Liga Espanhola de Futebol Profissional.
Formado em direito pela Universidade de Zaragoza, Tebas exerce a profissão desde 1987. Ele fundou a sua própria sociedade, inicialmente especializada em Direito das Sociedades que, depois, voltou seu nicho para Direito Desportivo e Falência.
Antes de ser presidente da LaLiga, em 2001, ele ocupou o cargo de vice-presidente da organização em 2001. Segundo o jornal El País, em reportagem publicada em junho de 2014, “costumava-se dizer de Javier Tebas que ele puxava as cordas do futebol espanhol ‘nas sombras'”.
Ele representou 30 clubes em negociações de direitos televisivos, liderou os processos de falência de times e, quando assumiu a presidência da LaLiga, disse que tinha como prioridade a limpeza dos clubes.
Caso Vini Jr.
Tebas é também uma figura polêmica na Espanha, como avaliou Fernando Kallás, correspondente de esportes da Reuters na península ibérica, em entrevista ao podcast O Assunto desta terça-feira (23). O nome de Tebas veio a publico nesta semana depois de uma troca de mensagens em uma rede social com o brasileiro Vinicius Jr, que novamente sofreu ataques racistas como atleta do Real Madrid.
Na saída do estádio, depois de ser expulso de um jogo neste domingo (21), ao reagir a provocações racistas, Vini Jr, como o atleta é conhecido, foi parado por um jornalista. O profissional espanhol ignorou os ataques a Vini Jr. e perguntou se o atleta iria pedir desculpas por ter provocado a torcida do Valência.
Vini Junior se manifestou nas redes sociais. “Não foi a primeira vez, nem a segunda e nem a terceira. O racismo é normal na La Liga”. Em uma rede social, Tebas comentou a manifestação dizendo que o brasileiro deveria se informar adequadamente antes de criticar a competição. Vini respondeu pouco tempo depois:
“Por mais que você fale e finja não ler, a imagem do seu campeonato está abalada. Omitir-se só faz com que você se iguale a racistas. Não sou seu amigo para conversar sobre racismo. Quero ações e punições.”
Depois, em um outro post no Twitter, em resposta a outra publicação de Vini Jr., Tebas disse que é injusto dizer que a LaLiga e a Espanha sejam racistas.
“Nem Espanha, nem La Liga são racistas. É muito injusto dizer isto. Como LaLiga, denunciamos e combatemos o racismo com toda rigidez dentro das nossas competências. Nesta temporada foram relatados 9 casos de insultos racistas (8 delas por insultos contra Vini Jr.). Sempre identificamos os infratores e levamos a denúncia aos órgãos legisladores. Não importa que sejam poucos, eles são implacáveis.”
“Não podemos permitir que se manche a imagem de uma competição que é símbolo de união de povos, onde mais de 200 jogadores são de origem negra em 42 clubes que recebem em cada rodada o respeito e o carinho da torcida, sendo o racismo um caso extremamente pontual (9 denúncias) que vamos eliminar.”
Apoiador do VOX
Apesar de não constar em sua biografia publicada no site oficial da LaLiga, Tebas é declaradamente apoiador e votante do VOX, partido espanhol de extrema direita.
“Nos anos 70, ele era a porta-voz e membro da Fuerza Nueva que era um partido falangista, né? Franquista, fascista, declaradamente. Essa é a mentalidade dele e ele continua a defendendo as ideias dessa ideologia de ultradireita”, disse Kallás ao O Assunto.
O que disseram outra autoridades
Luis Rubiales, presidente da Federação Espanhola de Futebol, pediu desculpas ao brasileiro pelo comportamento de Tebas e pelo que vem acontecendo com ele na Espanha.
O primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, disse que é preciso tolerância zero com o racismo no futebol, mas não falou em punição aos agressores. Ele anunciou uma campanha para combater os discursos de ódio nos estádios.