A informação é uma ferramenta essencial para lidar com a velocidade da internet e, em especial, para combater os crimes cibernéticos. Quando envolve crianças e adolescentes, a orientação sobre o uso da tecnologia é extensiva aos pais e a comunidade escolar. Por isso, dentro da programação alusiva ao Maio Laranja, de combate ao abuso e à exploração sexual infantil no Brasil, a Secretaria da Primeira Infância realizou a oficina “Tecnologia e primeira infância: como proteger as crianças?”, nesta terça-feira (30), no auditório Aqualtune, no Palácio Floriano Peixoto, com coordenadores e pedagogos das Creches Cria – Criança Alagoana, em parceria com as prefeituras municipais.
O delegado responsável pela seção de crimes cibernéticos da Polícia Civil de Alagoas, Sidney Tenório, fez a palestra sobre “O papel das famílias, escolas e professores nas interações entre tecnologia digital e primeira infância”. Ele explicou que configura estupro virtual se alguém, por meio de ameaça, chantagem e constrangimento, e pela internet, obrigar uma pessoa a tirar a roupa na frente de uma webcam, a praticar ato libidinoso ou a se fotografar sem roupa. A denúncia pode ser feita de forma anônima pelo número 181.
O psicólogo clínico e mestre em subjetividades, políticas e processos psicossociais pela Universidade Federal de Alagoas (Ufal), Pedro Henrique Matias, abordou o tema “Tecnologia digital, primeira infância e violência sexual: os impactos no desenvolvimento socioemocional e psicomotor”. Para ele, as diretrizes para uso responsável de tecnologias digitais são: tempo de tela equilibrado; supervisão adequada; conteúdo apropriado para a idade; interatividade e engajamento; uso conjunto com adultos; espaço para exploração livre; segurança e privacidade online; interação social off-line.
De acordo com Pedro Henrique, o papel da escola acerca do uso de tecnologias na primeira infância se destaca com o planejamento e seleção de recursos; integração curricular; formação de professores; mediação e orientação; alfabetização digital e orientação de pais.
A assistente social, Anna Emanuelly Laurindo, especialista em: violência sexual nas redes; em serviço social e políticas públicas e em direitos da criança, juventude, mulheres e idosos, discorreu sobre o tema “Violência sexual online: a era digital e a proteção integral na primeira infância”.
Oficinas
Após as palestras, o público foi dividido em quatro grupos e trabalharam os seguintes eixos: “Tecnologia e primeira infância: limites e possibilidades”; “O papel da família na interação entre a tecnologia e a primeira infância”; “O papel da escola na interação entre a tecnologia e a primeira infância” e as “Estratégias para proteção integral infantil na era digital”. O encerramento do evento foi com a apresentação das oficinas de cada eixo trabalhado.
De acordo com a secretária da Primeira Infância, Paula Dantas, a violência sexual exige atenção durante todo o ano, especialmente, quando com as vítimas estão na primeira infância. “Para combater a velocidade dos crimes cibernéticos é necessária a atuação e o fortalecimento de uma rede que passa pelos educadores, família, estado, entre outros entes”, comentou.
A coordenadora do Cria Santa Luzia, Íris Layane do Nascimento, participou do evento e destacou a importância da abordagem do tema no próprio município a fim de orientar inclusive as famílias das crianças. Ela comentou que o perfil das vítimas, geralmente, são crianças carentes e que precisam do apoio da unidade educacional. “É um assunto tão doloroso, mas necessário discutir para saber lidar com a criança e a comunidade. Tivemos um caso em que o abuso foi exposto pela própria criança”, comentou.