A falsa médica de 37 anos presa na terça-feira (30) na região de Perdizes, na Zona Oeste de São Paulo, que pagou R$ 50 mil de fiança e foi liberada para responder em liberdade com medidas cautelares, afirmou à polícia ter renda de R$ 20 mil a R$ 30 mil. Ela usava o carimbo de uma médica otorrinolaringologista e nutrologia.
A acusada tinha o mesmo nome e sobrenome parecido com uma médica que atende em Mairiporã e Caieiras, na Grande São Paulo. A suspeita usava CRM da profissional para solicitar exames e receitar remédios, como flagrado no momento da prisão.
Em nota, o advogado da falsa médica, Gustavo Polido, disse que a ação policial se deu de forma equivocada e que não houve utilização de qualquer nome, houve equívoco nos carimbos recebidos, pois possuem o mesmo nome, sem qualquer intenção de fraude.
A suspeita afirmou à investigação ser farmacêutica de formação e estudante de medicina. Ela tinha sido presa por exercício ilegal da medicina e falsidade ideológica.
Entenda o caso
A verdadeira médica recebeu a denúncia pela internet, por uma paciente que procurou atendimento com a falsa médica e resolveu fazer uma pesquisa sobre ela.
Ao descobrir que a mulher estava utilizando os dados de outra profissional, mandou uma mensagem alertando a médica real, vítima da situação.
A médica que é vítima pediu ajuda a uma amiga, que foi acompanhada de um policial. A prisão em flagrante foi feita após a falsa médica passar a receita assinada e carimbada para exames de rotina.
De acordo com o delegado responsável pela investigação, a falsa médica utilizava da fama nas redes sociais. Ela se apresentava como especialista em medicina estética.
“A gente acredita que ela se utilizava dessa fama, de ter muitos seguidores, de ter conhecimento técnico na área de estética, para utilizar desse carimbo, a fim de que pudesse dar maior legitimidade a sua atuação, uma vez que não detém título de médico, mas tem conhecimento dessa área de estética”, contou o delegado.
A polícia não informou por quanto tempo a falsa médica realizou os atendimentos nem se algum dos pacientes dela chegou a ser prejudicado.
Crise de pânico e choro
À Justiça, a defesa afirmou que ela “encontra-se em tratamento psiquiátrico e psicoterapêutico há 4 anos por quadro de transtorno misto de ansiedade e depressão”. A suspeita teve uma crise de pânico e choro ao ser presa.
Mesmo em liberdade, ela terá que comparecer mensalmente em juízo para informar e justificar suas atividades; tem obrigação de manter o endereço atualizado junto à vara e proibição de ausentar-se da comarca de residência por mais de oito dias sem prévia comunicação ao juízo sob pena de revogação das medidas e ser presa.
Em consulta aos profissionais no Conselho Regional de Farmácia há um registro ativo em nome da acusada, com “requisitos legais para atuar em saúde estética”.