O Papa Francisco, de 86 anos, passará por uma cirurgia de emergência sob anestesia geral na tarde desta quarta-feira no hospital Gemelli, em Roma, devido ao risco de obstrução intestinal, informou o Vaticano em comunicado. É a segunda operação que Francisco realiza no intestino em pouco menos de dois anos, em meio a problemas de saúde frequentes — entre eles uma pneumonia que o deixou internado por três dias em março — que geram preocupações nos fiéis.
De acordo com o comunicado do Vaticano, o religioso argentino de 86 anos será operado na parede abdominal e deverá ficar internado por “vários dias” para se recuperar. Mais cedo, o Pontífice havia participou da audiência semanal na praça São Pedro, no Vaticano, onde não fez nenhuma menção à operação planejada, e aparentou serenidade ao permitir que várias crianças subissem no papamóvel.
“A operação agendada nos últimos dias pela equipe médica que assiste o Santo Padre, tornou-se necessária devido a uma laparocele que está causando síndromes suboclusivas recorrentes, dolorosas e agravadas. A permanência na unidade de saúde durará vários dias para permitir o curso normal do pós-operatório e a recuperação funcional completa”, diz a nota divulgada à imprensa.
Laparocele, no jargão médico, é um tipo de hérnia que se forma sobre uma cicatriz resultante de cirurgia, cujos fatores de risco infecção de ferida prévia e idade avançada. Outros facilitadores para a doença são grandes cicatrizes, algo que o Papa tem devido a uma cirurgia prévia que realizou no intestino grosso em julho de 2021, quando passou 10 dias internado.
Ele foi admitido na Gemelli há pouco menos de dois anos para fazer uma operação pré-agendada para tratar de uma diverticulite, inflamação na parede do intestino grosso que causa espessamento da parede do órgão, que fica mais estreito. No jargão médico, o termo para o quadro é estenose.
A ideia inicial era fazer uma cirurgia robótica, com técnica sofisticada e pouco invasiva realizada com a ajuda de robôs. O quatro provou-se mais grave do que o inicialmente previsto já no centro cirúrgico, contudo, e os médicos acharam melhor mudar os planos e fazer um procedimento “a céu aberto”, quando a barriga é cortada. Cerca de 33 centímetros do órgão foram removidos.
Em uma entrevista à Associated Press em janeiro, o chefe da Igreja Católica havia dito que seus problemas intestinais tinham retornado, mas que “estava com boa saúde” para uma pessoa da sua idade.
Na terça, o Papa havia sido levado à Gemelli — cujo 10º andar tem uma ala reservada aos ocupantes do Trono de São Pedro — para exames gerais, onde sua equipe determinou que a operação seria necessária. Ele permaneceu no hospital por cerca de 40 minutos.
Esta será a segunda internação do Papa em pouco mais de dois meses, após ser levado de ambulância ao hospital no dia 29 de março, quando passou mal depois de uma audiência. Ele recebeu tratamento com antibióticos e foi liberado três dias depois.
Na época, noticiou-se que Francisco havia sido diagnosticado com bronquite aguda, mas em uma visita à Hungria no mês passado o religioso disse que sofreu de uma forma “aguda e grave” de pneumonia localizada na parte inferior do pulmão. O Pontífice teve a maior parte do pulmão direito removida aos 21 anos de idade por causa de uma pneumonia grave, e sua saúde vem sendo motivo de especulações desde que a fumaça branca saiu da chaminé do Vaticano anunciando seu nome em março de 2013.