A prova de que satisfação pessoal está longe de ser uma ciência exata como a matemática é personificada em Gil do Vigor. Mesmo após conquistar a fama e experimentar a tranquilidade de uma conta bancária pomposa, ele segue se dedicando aos estudos nos Estados Unidos, fazendo seu doutorado. O ex-BBB está em ritmo de provas finais, decisivas para seguir no programa educacional, sofrendo com fórmulas enormes e longas horas de estudo. Milionário, ele não precisaria mais fazer todo esse esforço. Mas nem tudo é pelo dinheiro.
— Antes do PhD, meu único objetivo era dar uma vida melhor para minha família. Hoje, é mostrar para várias pessoas que a educação abre portas. Na aula, esses dias, o professor falava que adquirir conhecimento é uma forma de mostrar ao mercado que você é mais produtivo. Logo, justifica a recompensa de um salário maior. Aí meus amigos começaram a rir dizendo para o professor que meu salário vai ser menor do que o que ganho hoje. Foi uma algazarra (risos). Mas a verdade é que a educação em si é minha recompensa. Adquirindo esse conhecimento, eu posso repassar para outras pessoas. Hoje, me sinto único aqui. Mas sei que amanhã outros estarão no mesmo lugar que eu — justifica o economista de 31 anos em conversa com o EXTRA direto da Califórnia.
A brincadeira entre os colegas faz sentido. O quanto já faturou desde que saiu do reality da Globo Gil tem “vergonha de falar”. O que ele entrega, no entanto, é que se preparou para ter um salário ótimo até o fim da vida, “caso tudo dê errado”.
— São muitos milhões (de faturamento). Eu invisto tudo e fico sempre de olho no rendimento. Dentro desses cálculos, eu coloquei um valor pensando na possibilidade de eu perder tudo de repente, ficar pobre mesmo. E com esses valor, eu consigo me manter com um salário de R$ 30 mil até o fim da vida. Dá para manter uma rotina regozijada, né? — destaca ele.
Professor do povo
Em meio aos estudos intensos, Gil abriu o canal do youtube “Matemática do Vigor”, em que ensina conceitos de cálculo e geometria para as pessoas que estão se preparando para o Enem.
— Sei que não substitui a experiência de uma sala de aula, mas eu aprendi inglês pelo Youtube e isso me ajudou no PhD. Era a plataforma gratuita que me permitia o acesso ao conhecimento. Pensei que agora, da mesma forma, eu poderia ajudar outras pessoas. Sei que a matemática é uma barreira para muitos jovens.
Como é economista e se dedica a teorias mais aprofundadas, Gil precisou foi recordar conteúdos antigos:
— Eu não lembrava mais nada (risos). Fui estudando e criando paralelos com a vida real. Com minhas cachorradas, posso explicar o básico e deixar tudo muito claro. Estou aperfeiçoando as técnicas.
Os conteúdos, publicados sempre às terças e quintas-feiras, são gravados em um dia, já que ele ainda se dedica ao quadro “Tá lascado”, do “Mais você”, e tem uma manhã reservada para filmar conteúdos publicitários. Nos demais dias, incluindo domingos, é só estudo.
— Não vou mentir, não aproveito nada da vida nos EUA. Não sei mais o que é beijar! Mas todos os meus colegas estão assim — resume ele, já sonhando com as férias no Brasil: — Quero ir para Recife, tomar um banhozinho de piscina, ir a festas e dar meus beijos. Estou necessitado.
Choro agora, satisfação depois
Quando as dificuldades vêm, o pernambucano confessa sentir vontade de jogar tudo para o alto. Mas como gosta de dizer, é só dar “dois tapas no rosto” para seguir vigorando no seu objetivo principal.
— Eu sou humano. Tem horas que dá vontade de ir a praia, viajar para Paris, viver tomando champanhe. Mas repito para mim: “Pare, gay, você sabe que a educação é importante”. Larga o drama, canceriano (o signo dele). Só quem vive isso sabe o quanto é difícil. Esses dias, eu parei para chorar. É muita pressão. Estou dando essa entrevista sem almoçar. Vou só comprar um chá gelado e estudar até meia-noite. Nem quando eu era CLT eu tinha que ralar tanto. As tarefas de leitura e de exercícios vão se acumulando, você vai se afogando. Uma das provas que tenho que fazer dura 5h45, são apenas cinco questões e a gente não consegue terminar.
O medo da reprovação ronda, mas a satisfação com o aprendizado é muito maior.
— Se eu reprovar, serei expulso do programa. Gera preocupação porque foi um ano de investimento nesse objetivo. Mas se não der, que bom que tive esse ano de experiência e absorvi muito conhecimento. É um sentimento de missão impossível o tempo todo, mas quando consigo resolver, percebo que minha capacidade é maior do que eu imaginava. Aí vira choro de alegria e agradeço a Deus.