Forças de Israel atacaram nesta segunda-feira (3) a cidade de Jenin, na Cisjordânia, com drones e centenas de soldados por terra, matando oito pessoas.
A operação é a maior ação israelense na Cisjordânia em quase 20 anos, e foi feita em resposta a uma série de ataques de militantes palestinos a colonos judeus na região. O governo de Tel Aviv alega que suas tropas atacaram apenas alvos criminosos, que estão concentradas no campo de refugiados de Jenin, que abriga 14 mil pessoas.
A ação começou na madrugada e, na tarde de segunda, tropas israelenses ainda buscavam suspeitos no campo de refugiados.
O campo de Jenin, criado há 70 anos para abrigar refugiados após a Guerra da Palestina de 1948, é atualmente base também para centenas de combatentes de grupos militantes, incluindo Hamas, Jihad Islâmica e Fatah, segundo o governo israelense.
A operação começou no início da madrugada com um ataque aéreo a um prédio que, segundo o coronel israelense Richard Herdt, é usado por militantes para planejar atentados. Tel Aviv diz que o objetivo era apreender armas.
As Brigadas de Jenin, formada por grupos militantes da cidade, afirmaram ter abatido um dos drones israelenses no ataque.
Mas, na tarde de segunda-feira, drones ainda eram vistos sobrevoando o campo de refugiados. Um novo ataque aéreo também foi registrado e, segundo autoridades locais, 15 pessoas ficaram feridas. Na manhã de segunda-feira, os militares israelense disseram que iriam precisar de pelo menos mais 24 horas para concluir a operação, mas se negaram a dar um prazo final para ação.
“Estamos agindo contra alvos específicos”, afirmou o coronel, que disse ainda que as forças israelenses não pretendem ficar no campo de refugiados de forma permanente.
Já o ministro das Relações Exteriores de Israel, Eli Cohen, elogiou os esforços do Exército e acusou o Irã de estar por trás da violência ao financiar grupos armados palestinos.
“Devido aos fundos que recebem do Irã, o campo de Jenin se tornou um centro de atividade terrorista”, afirmou.
Em comunicado, autoridades de Jenin rejeitaram a alegação e disseram que a violência é uma “resposta natural pelos 56 anos de ocupação desde que Israel capturou a Cisjordânia na Guerra dos Seis Dias em 1967”.
A Casa Branca também emitiu um comunicado em que disse o direito de Israel de se defender.
Protestos dentro de casa
Em paralelo à grande operação na Cisjordândia, o governo de Israel enfrentou também nesta segunda uma tensão interna: centenas de manifestantes invadiram o aeroporto de Tel Aviv em protestos de contra a reforma judicial que o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu pretende fazer e que limita e submete os poderes da Justiça ao Executivo.
Nesta manhã, os manifestantes enfrentaram policiais dentro do aeroporto. Não há relatos de feridos.
Os protestos contra a reforma judicial de Netanyahu já duram meses. O projeto de lei foi aprovado em uma primeira votação no Parlamento em março, mas ainda aguarda outras votações para ser promulgado pelo governo.
Onda de violência
Em 19 de junho, Israel já havia feito uma operação nas Cisjordânia para prender dois palestinos suspeitos de atividade terrorista se transformou em longas trocas de tiros, segundo os militares israelenses. Cinco palestinos foram mortos e dezenas de pessoas ficaram feridas.