Você já sentiu vontade de deixar um recado em um papel e colá-lo bem à vista no ambiente de trabalho? Em tom de brincadeira, muitos profissionais realizaram esse desejo como uma “medida drástica” para manter o foco nas tarefas durante o expediente.
Pessoas que trabalham em diferentes áreas participaram da “trend” nas redes sociais, colando na cadeira do escritório frases como: “Orem por mim que hoje ‘tô’ só por um milagre”, “Não me chame para um café (pois eu irei)” e “Por favor, não fale comigo (sou tagarela e me distraio fácil)”.
“É um movimento de interação entre as pessoas depois que voltamos a trabalhar nos escritórios. Uma maneira de colocar uma ‘tag’ que eu teria no WhatsApp, mas no presencial”, explica a psicóloga Tallita Kemmer, especialista em desenvolvimento organizacional da Merkis.
😜 Quem entrou na ‘trend’
Com a legenda “Quando o time precisa tomar algumas medidas drásticas… 🤫”, um vídeo publicado pelo Cubo Itaú, espaço de fomento ao empreendedorismo digital, recebeu até esta quarta-feira (5) mais de 350 mil curtidas no Instagram.
O vídeo foi publicado em junho e desde então não para de receber interações. Entre os mais de 2 mil comentários, muitos se identificaram com as propostas das plaquinhas: “Vou fazer uma frase por dia 😂”, “exatamente minhas frases no trabalho 😉”, “tem horas que só assim”.
Em São Paulo (SP), a médica residente Nicole Garrido entrou na brincadeira ao escrever recados baseados nas características e hábitos dela e das colegas de trabalho.
Nos bilhetes, tem aviso sobre quem não gosta de sair à noite e até de quem acorda de mau humor.
Já em Londrina (PR), a tendência movimentou funcionários da Eco Soluções Biológicas. Nas plaquinhas, eles escreveram frases que costumam usar durante o trabalho.
“A gente pensou nas frases que a gente mais fala no nosso dia a dia, essa correria das funções”, conta o responsável pela empresa, João Paulo Moraes Ribeiro.
✋ Brincadeira tem limite
Brincadeiras como essas ajudam a deixar o clima mais leve e criar conexões entre as pessoas, segundo a educadora Ligia Oliveira. No entanto, também é preciso ter bom senso e ponderar as situações.
Ligia, que é especialista em Gestão de Marca Empregadora na Cia de Talentos, acredita que certos momentos de descontração “fazem com que as pessoas trabalhem mais felizes e engajadas”, mas é preciso avaliar se o local e a cultura da empresa permitem esse tipo de brincadeira.
“Se a equipe entra na brincadeira é porque as pessoas têm um perfil descontraído, brincam entre si, têm certa intimidade umas com as outras, mas isso também é reflexo do clima e da cultura organizacional”, explica. “Se essas pessoas trabalhassem em locais mais formais ou com clima ruim, com uma cultura tóxica, elas, com certeza, não sentiriam abertura para usarem essas plaquinhas.”
Renato Almeida dos Santos, diretor do Instituto de Pesquisa do Risco Comportamental (IPRC), compartilhou 5 dicas para evitar ser mal interpretado se entrar na “trend”:
Perguntar para pessoa “alvo” da brincadeira se ela não está constrangida;
Ter referência de como o outro se sente e não se “eu me sinto bem” com a brincadeira;
Não brincar com temas que envolvem minorias (raça, etnia, LGBTQIA+, PCD, etc);
Se houver alguma negativa da brincadeira, encerrar de imediato;
Se for gestor da área, sempre entender e seguir os pontos citados anteriormente, pois a liderança é a principal responsável pelo ambiente (mesmo que não faça brincadeiras, é preciso ter conhecimento delas).