A 10ª Vara Federal Brasília autorizou a soltura de Walter Delgatti Neto, conhecido como hacker da Vaza Jato.
Ele terá de usar tornozeleira eletrônica, apresentar um relatório mensal ao e-mail do delegado com local, horário e atividades desenvolvidas na internet, informar o endereço residencial atualizado e avisar a polícia se tiver de se ausentar do estado de São Paulo por mais de 48 horas.
A informação é dos advogados de Delgatti, Ariovaldo Moreira e Matheus Moreira.
Preso em 2019 na Operação Spoofing, que investiga invasão de contas de Telegram de autoridades, Delgatti foi autorizado a responder em liberdade mediante algumas condições – dentre elas, não usar internet de nenhuma forma, nem mesmo aplicativos de mensagens.
No fim de junho, o hacker voltou a ser detido após ele dizer estar cuidando do site e das redes sociais da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) fazer compras online e usar um e-mail como chave pix para arrecadar doações, além de não ter sido foi localizado nos endereços indicados à Justiça – ele estava proibido de se mudar sem autorização.
A detenção preocupou o entorno do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), quee se assusta com a possibilidade de Delgatti fechar uma delação premiada.
O hacker já revelou ter sido levado por Zambelli para um encontro com Bolsonaro no Palácio da Alvorada, residência oficial do presidente da República, em agosto de 2022, em meio à campanha eleitoral. Na ocasião, o núcleo bolsonarista quis saber detalhes do sistema de urnas eletrônicas.
Desde então, o hacker não saiu do núcleo bolsonarista, e foi parar na mira da PF por outro motivo: a invasão dos sistemas do CNJ para inclusão de um falso mandado de prisão expedido pelo ministro Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), contra si mesmo.
Bolsonaristas temem que o hacker envolva Carla Zambelli no episódio da invasão do CNJ. Ela diz não ter conhecimento das declarações de Delgatti sobre o episódio.