O Ministério Público de Pernambuco (MPPE) disse que outras vítimas foram identificadas e que há cinco inquéritos policiais abertos contra o padre Airton Freire, acusado de estupro pela personal stylist Silvia Tavares de Souza. O religioso foi preso preventivamente nesta sexta-feira (14).
Em junho, a Silvia Tavares disse ter sido estuprada pelo motorista de padre Airton, Jailson Leonardo da Silva, a mando do religioso. A Polícia Civil não informou se prendeu o motorista.
Segundo Silvia Tavares, o estupro aconteceu no dia 18 de agosto de 2022, em uma propriedade da Fundação Terra, criada pelo padre.
Nesta sexta-feira, a Polícia Civil cumpriu um mandado de prisão contra o padre, em Arcoverde, no Sertão, sede da Fundação Terra. A defesa do padre disse que a prisão “surpreendeu” e que vai tentar conseguir um habeas corpus na Justiça (veja resposta mais abaixo).
A corporação disse, também, que houve o cumprimento de um mandado de busca e apreensão na mesma cidade. A Polícia Rodoviária Federal e a Polícia Civil do Ceará também atuaram no cumprimento.
Depois da prisão de padre Airton Freire, o MPPE disse que três membros do Ministério Público foram designados para acompanhar o caso. Disse, também, que por se tratar de inquéritos sigilosos, não vai divulgar detalhes sobre o processo.
O MPPE disse que tem feito “exame criterioso dos elementos de prova até então colhidos” e que se pauta por normas para preservar os direitos humanos e “evitar revitimizações das vítimas que buscaram o aparato estatal para relatarem violências sexuais que estão sob investigação”.
O Ministério Público também disse que a adoção de medidas cautelares, a exemplo da prisão preventiva, é necessária para “afastar os riscos de reiteração delitiva; bem como assegurar proteção às vítimas que procuraram o estado para relatarem fatos criminosos contra suas dignidades sexuais”.
Defesa
Os advogados Mariana Carvalho e Marcelo Leal, que defende padre Airton, disseram que a prisão “surpreendeu” a defesa, e que vai tentar conseguir na Justiça um habeas corpus. Confira a nota da defesa na íntegra:
“Surpreendeu a defesa do padre Airton Freire a decisão de decretar a prisão preventiva do sacerdote. O feito é totalmente contrário às condições previstas em lei e será tratado em habeas corpus a ser impetrado pela defesa. Importante lembrar que o padre, um homem de 67 anos, sofre sérias restrições de saúde.
A decisão ignora que o padre havia se afastado das funções eclesiásticas e da presidência da Fundação Terra, onde desenvolve um trabalho social que atendeu milhares de pessoas nos últimos 40 anos.
Depois do afastamento, ficou isolado em sua residência — que é fixa, onde ele pode ser encontrado a qualquer momento —, de forma a não interferir nas investigações. Apesar de todo o apoio que tem recebido de milhares de pessoas na internet e em manifestações públicas nas ruas de Arcoverde (PE), o padre jamais estimulou ou insuflou movimentos, de modo a não causar comoção social ou desordem pública.
E mais: agiu de boa fé ao concordar em se apresentar espontaneamente à Justiça após a decretação da prisão, sem criar mecanismos de retardamento do cumprimento da ordem legal.”