Mari Fernandez fala de comparação com Marília Mendonça, terapia e relação com o corpo

Aos 22 anos, cantora viu sua carreira crescer meteoricamente depois do hit 'Não, Não Vou' bombar durante a pandemia.

Mari Fernandez começou no forró e hoje também canta no sertanejo
Mari Fernandez começou no forró e hoje também canta no sertanejo. Crédito: Léo Melo.

Com apenas dois anos de carreira e aos 22 anos, Mari Fernandez vem colecionando cada vez mais conquistas como cantora. Durante a pandemia, a artista viu seu hit “Não, Não Vou” explodir na Internet e, depois disso, virou um fenômeno instantâneo: são mais de três bilhões de streams nas plataformas musicais, além de cerca de seis milhões de seguidores no Instagram.

“Não imaginava que logo no meu primeiro disco, uma das minhas músicas inéditas viralizaria tanto. E tudo aconteceu de uma maneira muito orgânica no TikTok, quando vimos, a música já estava em todos os cantos do Brasil. Vários artistas que eu admirava estavam fazendo dancinha e cantando”, comemorou ela em conversa com Marie Claire.

Mari, que começou no forró e piseiro, também faz sucesso cantando sertanejo e é um dos nomes confirmados na Festa do Peão de Barretos neste ano, um dos maiores eventos do gênero e onde grandes se reúnem: “Tudo que conquistei nesses anos foi mais rápido do que eu pensava”, avalia a cearense, que também já subiu ao palco da 40ª edição do São João de Campina Grande e do Festival Expocrato, o maior festival de música do Norte e Nordeste.

Cantora já passou por grandes festivais brasileiros — Foto: Léo Melo
Cantora já passou por grandes festivais brasileiros — Foto: Léo Melo

Antes de ser cantora, Mari se dedicava a compor e, por conta de sua trajetória, foi muito comparada a Marília Mendonça— que morreu em novembro de 2021 e também começou no mundo da música compondo. No início, essa comparação era inofensiva, até que depois de um tempo ela ouviu “frases que precisavam ser freadas”. “Acredito que a galera precisa entender que cada uma tem a sua história. Já cheguei a ouvir: ‘A Marília se foi, mas você veio para ficar no lugar dela’. Coisas desse tipo, que me faz pensar: ‘Eu não queria que a Marília tivesse ido’.”

Com dois álbuns de estúdio e mais dois discos ao vivo, a artista soma mais de 12 milhões de ouvintes mensais somente no Spotify, onde também foi a segunda artista feminina nacional mais ouvida no ano passado. Apesar do sucesso, Mari Fernandez comenta que tem vontade de mais: “É isso que me motiva a sempre procurar entregar algo melhor para os meus fãs”. E entrega que seu próximo grande sonho é cantar no especial doRoberto Carlos.

Leia a entrevista completa à seguir:

MARIE CLAIRE Você sempre quis ser cantora? Como era sua relação com a música na infância e o que você cresceu ouvindo?
MARI FERNANDEZ 
Comecei a cantar muito cedo. Minha mãe fala que, com 3 anos de idade, eu já cantava aquela música “Mariane” do Bruno e Marrone. E ela sempre cantou em algumas bandas amadoras, daquelas de interior que os amigos se juntam para cantar. Minha avó era compositora e um primo também cantava e tocava violão em bares. Então, venho de uma família que viveu a música. Com uns 8 anos comecei a cantar na igreja e na escola. Todo domingo quando eu ia à igreja, o pastor dava oportunidade para que eu pudesse louvar. Fui crescendo e querendo aprender a tocar instrumentos. Aprendi a tocar meu primeiro, o violão, e desde então comecei como compositora aos 15, sempre vivendo na música.

MC Quais são as suas maiores inspirações na hora de compor?
MF
 Sou uma pessoa que gosta de compor de tudo um pouco. Toda história me encanta. Às vezes eu estou conversando com você aqui e você me conta uma história sua e eu vou lá e disso faço uma música. Gosto de compor canções de sofrência, mas gosto também de compor música também para a galera que está vivendo aquele amor.

MC Desde o começo da sua carreira, algumas pessoas te comparam com a Marília Mendonça. Como é isso pra você?
MF
No início a comparação com a Marília começou com aquele ar de “poxa, que legal as pessoas estão me comparando a uma artista gigante que eu sempre admirei, que foi a pessoa que eu mais me inspirei”. Só que depois, acredito que com meu crescimento e com algumas características que querendo ou não, tínhamos em comum, as pessoas começaram a fazer certas comparações maldosas. Comecei a ouvir frases que entendi que precisavam ser freadas. Acredito que a galera precisa entender que cada uma tem a sua história. A Marília tem o legado dela, ninguém nunca vai ser igual a ela. Tenho uma coisa na minha cabeça que cada cantor, artista, pessoa tem o seu dom, não tem como comparar. Ouvi falas pesadas. Alguns fãs entravam no camarim, se expressavam errado e acabava ficando dentro de mim aquele sentimento estranho, sabe? Eu sentia que não era por maldade, mas aquilo ficava. Já cheguei a ouvir: “A Marília se foi, mas você veio para ficar no lugar dela”. Coisas desse tipo, me faz pensar: “Eu não queria que a Marília tivesse ido”. Além disso, a galera comenta como se, se não tivesse acontecido algo com a Marília, meu trabalho não tinha chegado onde chegou. Mas não é bem assim. Cada uma tem sua história.

Artista tem dois anos de carreira e já é um fenômeno — Foto: Léo Melo
Artista tem dois anos de carreira e já é um fenômeno — Foto: Léo Melo

MC Já passou por alguma situação de machismo na indústria desde que começou?

MF Não, nunca. Acredito que com essa nova geração, já passou isso de falar que o gênero é mais dominado pelos homens. Ele tá bem misturado, graças a Deus. Tantos ritmos: sertanejo, forró, funk, pop, pagode, samba… Hoje temos uma grande demanda de artistas mulheres fazendo sucesso. Fora eu, tem Simone Mendes, Ana Castelo, Maiara e Maraísa, Lauana Prado, Yasmin Santos, todas estão fazendo bastante sucesso. Já chegou a hora da galera parar de idealizar que [o sertanejo] é dominado por homens porque tá sendo dominado pela mulherada também, por todo mundo. Quando comecei minha carreira foi pelo forró e piseiro, que era realmente ritmos cheio de homens, principalmente o piseiro. Mas quando cheguei, fui muito bem recebida, nunca passei por nenhuma situação desse tipo. Todos os meninos que estavam fazendo sucesso no piseiro me apoiaram desde quando eu era só compositora, muitos gravaram minhas letras.

MC Você se considera no auge da sua carreira agora?
MF
 Estou no meu auge de tudo que venho vivendo nesses dois anos. A cada dia que passa a gente procura trabalhar mais para conquistar ainda mais. Hoje, estou numa fase que a minha vida profissional está maravilhosa. Estou muito grata com ela, porque evoluiu mais rápido do que eu imaginava. Sou uma artista que comecei no forró, mas estou cantando no sertanejo e em diferentes tipos de eventos que não são só do Nordeste. Tenho vontade sempre de conquistar mais, é isso que me motiva a sempre procurar entregar algo melhor para os meus fãs, um show melhor, uma música melhor, uma produção melhor, até um look, cabelo e tudo relacionado a mim para as pessoas que me acompanham. Ainda tenho muito para conquistar.

Mari fez sucesso com música que bombou durante a pandemia — Foto: Léo Melo
Mari fez sucesso com música que bombou durante a pandemia — Foto: Léo Melo

MC Você comentou que teve que fazer terapia para lidar com o sucesso que veio de repente. Ainda faz? Como cuida da saúde mental hoje em dia?

MF Não imaginava que comentar isso geraria tanta repercussão. Depois disso foi que descobri que, pelo visto, a galera ainda não acha terapia comum. Porque teve um pessoal que se surpreendeu por eu ter feito terapia após o sucesso, mas acredito que por eu ser tão nova, procurar uma ajuda profissional para estar sempre me cuidando foi a coisa mais certa que fiz. A saúde mental da gente é o principal, se não estivermos bem, não estivermos entendendo todo o processo que está acontecendo na vida da gente, as coisas não fluem legal não. E continuo fazendo [terapia] até hoje.

MC Em relação a beleza, você acha que os palcos mudaram como você cuida do seu visual? E como é sua relação com seu corpo atualmente?
MF
 Minha relação com meu corpo é tranquila, já estive bem acima do peso no início da carreira. Tive aquela fase de tentar fazer dieta radical, mas durou pouco, porque fui bem aconselhada por quem trabalhava comigo e pelos meus amigos. Eles falaram para eu ir devagar, que não tem pressa para chegar no corpo que quero. Meu corpo ideal é aquele que eu consiga fazer show sem cansar, principalmente com a demanda que tenho todos os dia, tem que estar com um condicionamento físico bom. Canto, faço meu show, não fico ofegante, cansada e corro o palco inteiro. Estou com o corpo que eu me sinto muito bem. Depois que comecei a viver com a minha imagem profissionalmente, comecei a me cuidar mais. Não é que eu não me cuidasse antes, mas meu negócio era usar shorts e chinelo. Para mim é a melhor coisa do mundo. [risos]

MC Tem algum grande sonho que ainda quer realizar?
MF
 Ainda tem um monte de sonhos. Venho realizando um atrás do outro, tem sido muito massa para mim profissionalmente. Recentemente, realizei o sonho de gravar com o Gusttavo Lima. Sobre minha vida pessoal também, vejo que estou conquistando tudo que eu sempre sonhei em comprar e sempre sonhei em poder proporcionar para minha família. Mas ainda tenho um grande desejo, como cantar no especial do Roberto Carlos, além de mais uma turnê internacional, agora vou fazer a minha segunda na Europa.

Fonte: Marie Claire

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