Uma mulher trans foi assassinada na última terça-feira (25) em Belford Roxo, na Baixada Fluminense. A técnica de enfermagem Julia Nicoly Moreira da Silva, de 34 anos, foi encontrada dentro de casa com marcas de facadas e amordaçada. Para a família, ela foi vítima de crime de ódio.
Julia trabalhava para a Organização Social (OS) Ideias e dava expediente no Hospital Getúlio Vargas Filho, o Getulinho, em Niterói, e no Hospital da Mulher de São João de Meriti. A OS emitiu uma nota de pesar. “Funcionários afirmam que ela sempre foi muito comprometida, competente e prestativa”, destacou.
O corpo de Julia será enterrado nesta quinta-feira (27), ao meio-dia, no Cemitério da Solidão, em Belford Roxo.
Como foi o crime
Vizinhos contaram que dois homens foram à casa de Julia, no Parque São Vicente, na noite de terça-feira, por volta das 21h, e um tempo depois deixaram o imóvel com o carro da vítima. Crianças que estavam brincando estranharam a movimentação e avisaram aos pais, que foram até o local.
Como Julia não respondia aos chamados, os vizinhos arrombaram a porta e a encontraram com várias marcas de facadas, principalmente no pescoço, pulmão e costas. Ela também estava amordaçada e com algodão na boca.
O carro dela foi achado nesta quarta-feira (26), em um outro bairro de Belford Roxo. O veículo estava com várias manchas de sangue. Documentos, dinheiro e cartões foram deixados no carro — apenas o celular de Julia foi levado.
Outra agressão
Há 2 anos, em julho de 2021, Julia foi esfaqueada por um homem dentro de casa. Eles se conheceram num bar e em seguida foram para a residência dela. Ele foi preso em flagrante e condenado por tentativa de feminicídio por motivo torpe, sem condições de defesa da vítima.
Cerca de um ano depois do crime, Julia chegou a receber uma ameaça, que segundo a família, seria do homem.