Os depoimentos aconteceram na terça-feira (8). Os funcionários contaram que, naquela noite, o movimento na loja estava tranquilo, sem filas, quando Amanda Queiroz Ornela, de 31 anos, ficou ao lado do caixa para escolher o lanche.
Segundo eles, Mattheus da Silva Francisco chegou logo depois com um amigo e os dois não perceberam que Amanda estava ali. A mulher, então, começou a fazer ofensas racistas contra o estudante de 22 anos (relembre mais abaixo).
Um funcionário disse que não sabe como a discussão começou, mas ouviu a mulher dizer para o jovem que “não gostava de preto” e que “não sabia por que ele estava ali, se ele não tinha dinheiro.”
Outro falou que Amanda reclamou que Mattheus furou a fila e queria encostar nele e que o jovem dizia para não encostar. Falou ainda que em determinado momento Amanda chamou o rapaz de “preto” e disse “você não é nada”. A testemunha relatou ainda que Amanda dizia que era médica e aparentava estar bêbada, e que em nenhum momento Mattheus revidou as ofensas.
Um terceiro atendente disse que estava trabalhando no caixa do drive thru e que também não sabe como a discussão teve início. Mas contou que também viu Amanda chamando Mattheus de “preto”.
Procurada pelo RJ1, Amanda Ornela disse que o caso está sendo resolvido entre a delegacia e os advogados dela.
A 35ª DP (Campo Grande), onde o caso é investigado, disse que o inquérito está em fase final de conclusão.
Segundo Mattheus, a discussão começou porque Amanda disse que ele furou a fila da lanchonete.
“A gente parou ao lado dela pra fazer um pedido de lanche porque não tinha fila única. Aí, a atendente no caso atendeu eu e meu amigo primeiro do que ela. Ela se revoltou contra a gente e começou a insultar a gente”, disse Mattheus.
- Mattheus: Agora fala que eu sou preto!
- Amanda: Preto! Ué, tu é branco?
- Mattheus: Você me chamou de preto, vai, fala.
- Outra cliente: Fala da forma que você falou aqui na frente de todo mundo!
- Amanda: Amanda Ornela, médica, caça aí o CRM.
- Outra cliente: E racista!
- Amanda: Racista! Odeio preto. Odeio preto. Sou obrigada?
- Outro cliente: Você acha que pode ter esse ato de racismo aí só porque você tem dinheiro?
- Amanda: Racismo não dá cadeia!
- Outra cliente: Vai perder a noite na delegacia, vai gravar na delegacia, vai ficar gravadinho lá… Sabe por quê? Racistas não passarão!
Na lanchonete, Amanda disse aos funcionários ser médica e casada com um bandido.
Uma das funcionárias ouvidas nessa manhã também contou que estava no caixa e que ficou muita nervosa com a situação.
Ela disse ainda que não conseguiu terminar o atendimento de Amanda porque a mulher gritava muito.
Na delegacia, Amanda também se identificou como médica.
- Delegacia: A senhora é médica?
- Amanda: Médica psiquiatra, porque pra ser psiquiatra tem que ser médica, filho. Oito anos.
Mas o Conselho Regional de Medicina não identificou nenhum registro no sistema no nome de Amanda Ornelas.
No dia, ela foi liberada depois de ouvida. A Polícia Civil informou que as imagens apresentadas foram incluídas ao procedimento, mas que não capturaram a conduta criminosa, e sim o momento posterior.
A mulher prestou novo depoimento na última quarta-feira (2) e confessou ter chamado Mattheus de “preto” durante a discussão, mas disse que não quis ofender.
Amanda contou que estava bêbada e que passou o dia bebendo cerveja e cachaças.
A mulher também disse aos policiais que trabalha em uma farmácia como auxiliar administrativa e que se apresentou como médica porque uma pessoa, que estava na lanchonete, disse que era advogada.
Amanda contou ainda que falou que era casada com um miliciano por medo de ser agredida e que só teve noção das coisas que falou no dia seguinte, com a circulação dos vídeos.