O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta segunda-feira (14) que as mudanças que estão sendo estudadas no cartão de crédito rotativo – que tem os juros mais caros do mercado – não podem comprometer as vendas do varejo.
“Estamos há uns meses discutindo com os bancos, mas não podemos perder o varejo. Não pode mexer nisso aí, tem que proteger quem está no rotativo. Mas se for comprometer o sistema de vendas que é o padrão hoje…”, declarou Haddad, durante entrevista ao jornalista Reinaldo Azevedo.
De acordo com dados do Banco Central, as vendas por meio do cartão de crédito respondem por 40% do consumo no Brasil.
Na semana passada, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou que está avaliando alternativas para reduzir a inadimplência nas operações com cartão de crédito rotativo – que ocorre quando o cliente não paga o valor total da fatura e joga a dívida para o mês seguinte.
- Na ocasião, ele afirmou que uma possibilidade seria extinguir o rotativo do cartão, acionado automaticamente sobre o saldo devedor e enviar o devedor diretamente para um parcelamento desse saldo – com juros mais baixos.
- Além disso, o BC também estuda em criar algum tipo de “tarifa” para desincentivar a compra desenfreada no crédito em uma quantidade muito grande de parcelas – o que, com frequência, leva o comprador a perder o controle da própria fatura.
- Outra alternativa, ainda de acordo com o chefe do BC, seria limitar os juros no cartão de crédito rotativo. Esse cenário, no entanto, poderia levar os bancos a retirarem o crédito de correntistas com “maior risco” de não honrar a fatura, o que prejudicaria o consumo e o varejo.
Campos Neto informou que a proposta do Banco Central para o cartão de crédito rotativo deve ser apresentada nas próximas semanas. Segundo ele, há um projeto de lei ligado ao Desenrola, que está refinanciando dívidas de inadimplentes, que tem um prazo de até 90 dias para ser apresentado.
PIX crédito pode ser alternativa
Também na semana passada, Campos Neto, do Banco Central, afirmou que a instituição continua trabalhando em novas funcionalidades do PIX, o sistema de transferência de recursos em tempo real, e avaliou que isso poderá ser, no futuro, uma alternativa ao cartão de crédito.
Ainda não há informações detalhadas sobre como funcionaria o PIX na modalidade de crédito, pois o produto ainda não foi oficialmente lançado.