Clientes da 123 Milhas, que já tinham reservas confirmadas, não estão conseguindo embarcar, nem ter acesso à hospedagem.
Depois de perder a viagem para o Nordeste, Ramon Almeida e outras três pessoas, receberam o voucher da 123 Milhas. Mas, na hora de ir para o novo destino, o hotel de Florianópolis avisou: “Me mandaram uma mensagem falando que a reserva do sistema deles simplesmente sumiram, que cancelaram essa reserva”, conta Ramon Almeida, engenheiro.
Clientes que também compraram passagens aéreas pela 123 Milhas relatam que não estão conseguindo embarcar e só estão descobrindo que os bilhetes foram suspensos na hora que chegam no aeroporto.
A analista de marketing Tátila Nathália ia de Belo Horizonte para o Chile na manhã deste sábado. Tentou fazer o check-in online e não foi possível. Ela ligou para companhia aérea.
“A moça disse assim que estava tudo certo com a minha passagem, era só chegar lá e fazer o check-in. Hoje eu cheguei no aeroporto faltando umas duas horas e a passagem tinha sido cancelada”, diz.
A 123 Milhas enfrenta uma crise financeira. E, no mês passado, suspendeu a venda de pacotes e a emissão de passagens da linha “Promo”.
A Justiça mineira aceitou o pedido de recuperação judicial e suspendeu por seis meses as ações e execuções de consumidores e fornecedores. Na sexta-feira (1º), a Justiça Federal proibiu que os donos da 123 Milhas saiam do país até que eles prestem depoimento à CPI das Pirâmides Financeiras.
Especialistas em direito do consumidor afirmam que, enquanto a 123 Milhas está em processo de recuperação judicial, as empresas que emitiram bilhetes aéreos e de hospedagem também podem ser responsabilizadas.
“Essa empresa, devidamente identificada e que forneceu documentos que comprovam que seria responsável por aquela execução do serviço, tem a obrigação de forma objetiva e solidária em relação ao cliente consumidor”, explica Luciana Atheniense, especialista em direito do consumidor.
A 123 Milhas afirmou que, na última semana, cancelamentos foram realizados de forma unilateral por outros prestadores de serviço. Declarou ainda que as empresas estão desrespeitando contratos vigentes e que notificou extrajudicialmente as operadoras.