A família de um menino de 4 anos, autista, usou as redes sociais para relatar uma agressão sofrida pelo menor na noite da última quarta-feira (06), em um trecho da Avenida Pratagy, uma das mais movimentadas no bairro do Benedito Bentes, parte alta de Maceió.
Em um vídeo compartilhado pela mãe do menino, a esteticista Inha Araújo, que é moradora do bairro há mais de 30 anos, ela conta que estava no carro, parado, junto com a mãe, a filha de 7 anos e o menino. A criança estaria brincando no automóvel quando percebeu uma latinha de refrigerante vazia e a jogou pela janela traseira do veículo.
Neste momento, um casal que estava em uma motocicleta, teria pego o objeto do chão e arremessado de volta ao veículo chamando a pessoa que cometeu o ato de “porco”. A latinha atingiu o queixo do menor atípico, despertando-lhe uma crise.
A mãe relatou ainda que, no momento que tudo ocorreu, ficou indignada e ainda tentou localizar os autores da agressão, mas sem sucesso.
“Não é porque meu filho é autista, não. Eu acho que nenhum ser humano merece isso. […] É engraçado como as pessoas agem de forma equivocada, não sabem nem o que tá acontecendo. Meu filho entrou em crise, crise que nunca mais vi ele ter, porque hoje ele toma medicações, há três meses. Ele tá apavorado, dizendo que o homem da moto vai pegar ele, então assim… Isso não vai ficar assim”, disse a mãe em trecho do vídeo.
Veja o vídeo:
Em conversa com o Alagoas24Horas, o pai do menor, o auxiliar administrativo Jaimeson Figueiredo, contou que, mesmo sem precisar de atendimento médico e tendo passado dois dias do ocorrido, a criança está instável, nervosa e muito traumatizada, verbalizando constantemente “medo do homem da moto”.
“Eu não estava no momento em que tudo aconteceu, mas faziam dois meses que ele não tinha crise. No dia, ao chegar do trabalho me deparei com a cena de terror que foi ver meu filho se tremendo todo e pedindo o remédio dele para se acalmar”, explicou.
O pai relatou ainda que no mesmo dia tentou abrir um Boletim de Ocorrência online, mas foi informado que, como a vítima ficou ferida, o procedimento precisaria ser aberto presencialmente, o que família só deve fazer neste sábado (09), devido aos compromissos profissionais do casal e os cuidados extras que a situação está demandando com a criança.
“Ficou uma sensação de impotência. No meu caso, eu não vi acontecer. Mas a pessoa se sujeitar a pegar uma lata vazia e arremessar de volta num carro… E só fugiram porque a garupa viu que era criança e disse: ‘corre bora que vai dar m*, pegou na criança’. Queremos achar quem foi, pois espero que não ocorra com outra criança ou adulto. Que ele seja punido e que sirva de lição”, desabafou o pai.
Nas redes sociais, o apelo agora é para que os proprietários de comércios localizados na região, que possuam câmeras de segurança, e que, por ventura, tenha gravado a ação, disponibilizem as imagens para tentar identificar e localizar os autores.
Conselho Tutelar
Jaimeson Figueiredo explicou que acionou também o Conselho Tutelar que atua naquela região e que já recebeu um conselheiro que está acompanhando a situação.
O conselheiro Júnior Mendonça explicou à reportagem que o papel do órgão é encaminhador e que aguarda a formalização do caso junto à polícia para poder remeter notícia de fato ao Ministério Público (MPEAL) para que as medidas cabíveis sejam tomadas.
Ele ressaltou ainda que está à disposição da família para encaminhá-los a possível atendimento psicológico que se fizer necessário e dar suporte para garantir que o caso não fique em pune.
“Ainda não é possível saber se os autores tinham a intenção de atingir a criança ou a avó, que estava na posição de motorista […] mas indepenente disto o ato infrige o Estatuto da Criança e do Adolescente [ECA] que determina que nenhuma criança seja agredida, seja violentada de nenhuma forma, que não receba tratamento desumando ou vexatório”, explicou.