Autoridades da saúde se reuniram para discutir estratégias para o enfrentamento do surto de meningite que vem afetando Maceió e cidades do interior de Alagoas.
A reunião contou com representantes do Ministério Público Federal (MPF), Secretaria de Estado da Saúde de Alagoas (Sesau), Secretaria Municipal de Saúde (SMS) e do Conselho de Secretarias Municipais de Saúde de Alagoas (Cosems/AL).
Somente neste ano, Alagoas registrou 64 casos de meningite, sendo 29 casos da variante meningogócica. Destes, 27 foram diagnosticados somente em Maceió. Ao todo, 11 pessoas morreram na capital.
Durante reunião, ficou acordado que, dentro de um prazo de 10 dias, as seguintes ações serão adotadas:
- SMS e Sesau encaminharão ao MPF a cópia do microplanejamento da campanha de multivacinação;
- SMS encaminhará o plano de conscientização da campanha de conscientização com profissionais de saúde e com a sociedade;
- Sesau, quando da publicação de boletins semanais, deve incluir o MPF entre os destinatários finais do documento;
- Sesau deve informar se houver retomada da Sala de Situação para enfrentamento do surto de meningite, com informes periódicos das deliberações e encaminhamentos ao MPF, e considerar a inclusão da instituição, como ocorria no período da pandemia;
- Sesau também deve apresentar o planejamento de capacitação para os municípios do interior, em articulação com o Cosems.
Medidas
A SMS revelou que seu planejamento envolve a antecipação da multivacinação – em busca de atualização da caderneta de vacinação de crianças e adolescentes –, cuja campanha será nacional, mas será ampliada e antecipada em Maceió. Outra medida destacada é a busca ativa em áreas vulneráveis da capital, como as grotas, com o objetivo de verificar a situação vacinal das crianças e adolescentes, conscientizá-los e oferecer a atualização das vacinas disponíveis na rede pública.
Um problema identificado pelo Cosems, é que os sistemas do Ministério da Saúde não estão atualizando em tempo real os números da vacinação no estado e nos municípios, o que dificulta o acompanhamento e as atividades de busca ativa, sendo que os números só têm sido atualizados muitos meses depois, não revelando a situação atual de vacinação.
O Laboratório de Biologia Molecular de Alagoas, o Lacen, tem sido o responsável pelos diagnósticos em até 24 horas, o que tem sido primordial na adoção das medidas de quimioprofilaxia. A eficiência do Lacen, inclusive, contribuiu para que a situação de surto pudesse ser identificada no estado, o que não era possível no passado quando as amostras dependiam de análise de outros laboratórios.
Pelo técnico do laboratório foi explicado que poucos estados estão acompanhando tão de perto a incidência da meningite como em Alagoas, isso porque não é fácil ter a amostra, via coleta e cultura, pois a cultura pode ser inviabilizada no momento em que se inicia o tratamento, o que ocorre imediatamente ao diagnóstico, ou mera suspeita.
Leitos
A Sesau assegurou que, até o momento, não há risco de falta de leitos, pois os hospitais que estão recebendo casos suspeitos contam com áreas de isolamento. Os hospitais incluem o Hospital Geral do Estado (HGE), o Hospital Escola Dr. Hélvio Auto de Doenças Tropicais (HDT), que atendem adultos e crianças, e o Hospital da Criança, que possui leitos de UTI pediátrica, caso necessário.
O MPF destacou a preocupação com a incidência e a possível subnotificação de casos nos municípios do interior do estado, sendo proposto a elaboração de um cronograma de treinamento numa articulação entre Cosems e Sesau.