Dona de clínica de reabilitação fez empréstimos milionários em nome de pacientes

Mulher e proprietários da loja onde os empréstimos ocorriam são procurados pela polícia.

Dona de clínica em Juazeiro do Norte é procurada pela polícia por envolvimento em esquema criminoso. — Foto: Edison Silva/TV Verdes Mares

A dona de uma clínica de reabilitação no Bairro Aeroporto, em Juazeiro do Norte, no interior do Ceará, é procurada pela polícia por envolvimento no esquema criminoso de uma loja de luxo que usou dados de clientes e até de funcionários para fazer empréstimos milionários.

Conforme as investigações conduzidas pelo delegado Júlio Agrelli, da Delegacia Regional de Juazeiro do Norte, a proprietária da clínica usou a documentação de pacientes internados na unidade para fazer empréstimos na loja de luxo.

A polícia também descobriu que a mulher é irmã de criação de um dos sócios da Maison Móveis e Decoração, onde os empréstimos eram contratados sem o consentimento das vítimas. Além dela, a dona da loja de decoração e os sócios seguem foragidos.

O g1 entrou em contato com o Centro de Reabilitação e Atenção Integrada (Cerai) para ouvir a versão sobre as denúncias contra a proprietária do local, mas até a publicação da reportagem as ligações não foram atendidas.

O Cerai presta serviços de assistência psicossocial e à saúde a portadores de distúrbios psíquicos, deficiência mental, dependência química e grupos similares.

A polícia orienta que familiares dos internos do local procurem a delegacia caso constatem a contratação de empréstimos na Maison sem o consentimento das vítimas.

Descoberta do caso

São procurados: Cicera Marciana Cruz da Silva, conhecida como Anna Cruz, dona da loja; além de Iorlando Silva Freitas, Irineide Bezerra Braga e Marcelo Sousa Miranda.

O caso veio à tona após as vítimas registrarem boletins de ocorrência denunciando empréstimos feitos sem o consentimento; elas preencherem um cadastro na loja, de onde os suspeitos pegavam dados para fazer o empréstimo. A investigação inicial resultou em uma operação no dia 13 de setembro, liderada pelo delegado Júlio Agrelli. Na ocasião, uma vendedora foi presa.

Inicialmente, a polícia conseguiu identificar cinco vítimas, lesadas em mais de R$ 1 milhão. No decorrer das investigações, outras vítimas procuraram a delegacia, entre elas estão auxiliares de limpeza e faxineiros da Maison, que descobriram que tiveram empréstimos feitos no nome deles.

Conforme a polícia, os suspeitos chegaram a fazer empréstimos de R$ 600 mil, que lesou uma pessoa que ganhava apenas um salário mínimo. O valor aprovado para uma pessoa assalariada levou os agentes a suspeitar de que o golpe envolve também bancários. A estimativa da polícia é que os golpes ultrapassem R$ 10 milhões.

A defesa da loja, em nota, informou que a Maison Designer Interiores está colaborando com a investigação e esclarecendo todos os fatos junto à Polícia Civil, apresentando a documentação necessária para a demonstração da lisura de suas operações.

Como funcionava o golpe

Segundo a polícia, as vítimas eram abordadas pela vendedora Iaynnara e outras funcionárias, que insistiam que as pessoas fizessem um cadastro, com o pretexto de oferta de promoções para beneficiar os clientes.

Ela também argumentava que precisava de uma quantidade mínima de dados para bater a meta mensal da empresa. Com os dados pessoais, os empresários faziam empréstimos em nomes das pessoas que haviam feito o cadastro.

Ainda de acordo com a polícia, eles chegaram a fazer empréstimos de R$ 600 mil. O valor aprovado para uma pessoa assalariada levou os agentes a suspeitar de que o golpe envolve também bancários (leia mais abaixo).

“De cinco pessoas apenas [vítimas do golpe], o montante [do golpe] era de mais de R$ 1 milhão. Durante a investigação, a gente descobriu que esse montante pode passar de R$ 10 milhões. A gente não tem ideia ainda de qual o tamanho da fraude e quantas vítimas foram lesadas por essa quadrilha”, detalha o delegado regional de Juazeiro do Norte, Júlio Agrelli.

“Eles usavam, na verdade, esse subterfúgio para gerar um capital para a loja, movimentar um fluxo de capital e se capitalizar, comprar estoque”, diz.

A Polícia Civil investiga a prática de crimes como lavagem de dinheiro, estelionato, falsificação de documentos e formação de quadrilha. A apuração policial identificou também clientes que eram enganados e nem sabiam. “A gente não tem ideia ainda do tamanho exato da fraude e nem quantos clientes foram engados”, diz o delegado.

 

Fonte: G1 CE

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