A Universidade Santo Amaro (Unisa) recebeu recursos de seis alunos que foram expulsos após serem filmados em cenas de nudez coletiva durante evento esportivo universitário, e as punições podem ser revistas em alguns casos. Ao todo, 15 estudantes de medicina foram expulsos.
O advogado Marco Aurélio Carvalho, que representa a instituição, afirma que foi instaurada uma sindicância para apurar as denúncias e se os alunos apresentarem “fortes indícios” de que não participaram dos atos obscenos, a expulsão pode ser suspensa enquanto as apurações ocorrem.
— A expulsão foi um recado poderoso para a sociedade, no sentido de que não vamos aceitar comportamentos que tragam vergonha à comunidade médica e à sociedade em geral. Mas a universidade tem que instaurar o devido processo legal e dar o direito de defesa. Então ela pode rever em casos de injustiça, sem problema nenhum, porque não tem compromisso com o erro. Foi instaurada uma sindicância, não haverá de imediato uma revisão da pena, mas pode ter a aplicação do efeito suspensivo, que vai permitir que os alunos voltem para a sala de aula enquanto o processo corre, isso se tiver fortes indícios de que o aluno não estava lá e não participou — explicou o advogado.
A análise dos processos tem o prazo de dez dias, e até a próxima semana todos os casos devem ser concluídos. Depois disso, a universidade vai enviar suas apurações para as autoridades policiais e do Ministério Público.
A reportagem apurou que dos seis recursos, em ao menos quatro os estudantes apresentaram provas de que não estavam envolvidos nas cenas de nudez.
A cena de nudez coletiva foi gravada durante a competição esportiva CaloMed, realizada em São Carlos, entre 28 de abril e 1º de maio, mas os vídeos só começaram a circular nas redes sociais na semana passada. Após a repercussão nacional das imagens, a Unisa anunciou a expulsão de 15 alunos.
A Polícia Civil investiga o caso, e vai periciar as gravações e o ginásio onde os jogos ocorreram. Em um dos vídeos que circularam, jovens são vistos em um ato que foi interpretado como uma simulação de masturbação coletiva. A princípio, a universidade não encontrou provas de importunação sexual por conta dessa suposta masturbação, apenas de ato obsceno pela nudez.
Episódios de misoginia são rotineiros no curso de Medicina da Unisa. Calouros e calouras dizem ser coagidos a aceitar uma espécie de código de conduta assim que entram na faculdade. As regras são especialmente restritas às mulheres, para que pareçam “menos sexualmente atraentes possível”, segundo um relato. A orientação dos veteranos é que elas nunca podem estar de cabelo solto, decote, acessórios, esmalte, saia ou shorts. Devem usar coque alto, calça comprida, blusa que cubra o corpo e sapato fechado. Os homens precisam ter o cabelo raspado.