A deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL-SP) classificou o assassinato do irmão e de outros dois médicos no Rio como um “crime bárbaro” e afirmou que já entrou em contato com o Ministério da Justiça para pedir o acompanhamento da investigação. Ele tinha 35 anos.
“Foi um crime bárbaro e a gente quer apuração. A gente já entrou em contato com o Ministério da Justiça para que a Polícia Federal possa acompanhar a apuração desse crime. E a gente espera que tenha resposta o mais rápido possível”.
Muito emocionada, a parlamentar chegou na cidade de Presidente Prudente, onde moram seus pais, no interior de São Paulo, no início da tarde desta quinta (5).
Em entrevista à TV Globo, ela falou sobre a relação com o irmão.
“Era a pessoa mais linda do mundo. Íntegro, inteligente, dedicado. Absolutamente carinhoso com todo mundo. Nunca fez mal pra ninguém. Pelo contrário, ele só orgulhava a nossa família.”
Ela também destacou a luta da família para ajudar Diego a conquistar o diploma de médico.
“Foi muito difícil para os meus pais conseguirem formá-lo como médico. Foi um orgulho grande para a nossa família. Foi bolsista na faculdade, conseguiu chegar muito, muito longe. E é absolutamente injusto e cruel tudo que aconteceu com ele, com a nossa família e os nossos pais”.
O irmão de Sâmia chegou a ser socorrido ao Hospital Lourenço Jorge, mas não resistiu aos ferimentos. Outros dois médicos foram mortos e um terceiro ficou ferido e está internado.
Diego foi residente no Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP e era especialista em reconstrução óssea.
Nas redes sociais, ele postava fotos sobre a rotina de trabalho e viagens com a família.
Em nota, o Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas da FMUSP lamentou as mortes e prestou condolências às famílias.
“O Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas da FMUSP recebeu com consternação a notícia do falecimento de Marcos de Andrade Corsato, médico assistente dedicado e atuante do grupo de Tornozelo e Pé da instituição, bem como dos ex residentes Diego Ralf Bomfim e Perseu Ribeiro Almeida. O IOT- HCFMUSP estende as condolências aos familiares e amigos.”
Entidades médicas, o presidente Lula, ministros, governadores e outros políticos também lamentaram as mortes e cobraram investigação do caso.
O crime ocorreu na madrugada desta quinta-feira (5). Eles estavam na cidade para participar de um congresso internacional de ortopedia.
A Polícia Civil do RJ acredita em execução, já que nada foi levado, e os criminosos chegaram atirando.
Veja abaixo quem são as vítimas:
- Daniel Sonnewend Proença, 32 anos. Formado pela Faculdade de Medicina de Marília em 2016, é especialista em cirurgia ortopédica. Foi levado com vida para o Hospital Municipal Lourenço Jorge com pelo menos 3 tiros e seria transferido para uma unidade particular;
- Diego Ralf Bomfim, 35 anos. Irmão da deputada federal Sâmia Bomfim. Especialista em Reconstrução Óssea pelo Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. Morreu no Hospital Lourenço Jorge;
- Marcos de Andrade Corsato, 62 anos. Médico assistente do Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital de Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP). Fazia parte do corpo clínico do Hospital Sírio-Libanês de SP. Morreu na hora;
- Perseu Ribeiro Almeida, 33 anos. Morava em Jequié, no sudoeste da Bahia, e trabalhava em Ipiaú, no sul do estado. Era especialista em cirurgia do pé e tornozelo pelo Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. Fez aniversário na terça (3). Morreu na hora.
Como foi o ataque
Os ortopedistas estavam hospedados no Hotel Windsor, na Avenida Lúcio Costa, que sedia a partir desta quinta-feira o 6º Congresso Internacional de Cirurgia Minimamente Invasiva do Pé e Tornozelo.
No início da madrugada, os 4 estavam em um quiosque na frente do hotel. Às 0h59, um carro branco parou, e 3 homens de preto e armados de pistolas desembarcaram e abriram fogo à queima-roupa.
Foram pelo menos 20 disparos. Um dos bandidos ainda voltou para atirar mais em um dos médicos que tentava se refugiar atrás do quiosque.
Agentes do 31º BPM (Recreio dos Bandeirantes) chegaram a efetuar buscas, mas ninguém foi preso.