Uma das principais linhas de investigação sobre o assassinato de três médicos na Barra da Tijuca nesta quarta-feira é que o ortopedista Perseu Ribeiro de Almeida foi confundido com o miliciano Taillon de Alcântara Pereira Barbosa. Ele já foi condenado por chefiar a milícia de Rio das Pedras, na Zona Oeste do Rio. O grupo criminoso disputa o controle do território com uma facção que domina a Cidade de Deus, para onde os homens que mataram os médicos teriam se abrigado após o crime.
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Quem é Taillon?
Taillon é filho de Dalmir Pereira Barbosa e ambos são apontados pelo Ministério Público do Rio como integrantes de uma quadrilha que atua em regiões da Zona Oeste da cidade. Em dezembro de 2020, ele teve a prisão preventiva decretada pelo crime de organização criminosa. Ele foi condenado, em junho de 2022, a oito anos e quatro meses de prisão por chefiar a quadrilha. Deixou a cadeia em março para a prisão domiciliar e, seis meses depois, recebeu autorização para sair de casa.
Documentos obtidos pelo EXTRA revelam que Taillon Barbosa obteve livramento condicional em 25 de setembro deste ano. Segundo o processo, ele mora na Avenida Lúcio Costa, na mesma avenida onde os médicos foram assassinados. Seu apartamento fica a 750 metros do quiosque onde aconteceu o crime.
A decisão do livramento condicional, assinada pelo juiz Cariel Bezerra Patriota, determina que Taillon compareça ao juízo a cada três meses para comprovar suas atividades. Ele precisa voltar para casa às 23h e permanecer durante toda a noite. Também é sua obrigação “porta-se de acordo com os bons costumes”, não se ausentar do estado, não se mudar sem comunicação ao juízo.
“Não frequentar lugares passíveis de reprovação social, tais como aqueles onde haja consumo excessivo de bebidas alcoólicas; onde haja venda de drogas ilícitas; casas de prostituição; prática de jogos proibidos e outros análogos”, finaliza a decisão.
Por que Taillon foi preso?
De acordo com o MP, Taillon seria responsável pela exploração do transporte alternativo de vans e mototáxi e de serviços básicos como oferta de água, gás e TV a cabo, em Rio das Pedras, na Muzema e em outras comunidades nos arredores. O grupo também cobrava “taxas de segurança” de comerciantes e moradores, promovia a invasão e grilagem de terras e lucrava com a construção imobiliária clandestina.
“Há o registro de uma série de recentes “disque-denúncias” que indicam que Taillon apresenta comportamento extremamente violento e exerce proeminente função de comando na organização criminosa”, diz trecho da sentença, assinada pela juíza Juliana Benevides de Barros Araújo.
Nas denúncias anônimas há relatos de que ele andava sempre “acompanhado de seguranças armados”. Em áudios interceptados pelo Ministério Público na época, Tailon diz ter dado “uma trava” em uma das pessoas que controlava a Muzema, demonstrando, segundo a investigação, que exercia o comando da quadrilha. Nas conversas analisadas pelo Gaeco, o miliciano mostrava que tinha relação com policiais militares: “desenrolei o bagulho do batalhão hoje”.
“Usar o nosso nome não pode. Se não pagar a gente aparece e resolve”, disse Tailon em outra conversa.
Os promotores apontam também que as atividades dos bandidos dessa quadrilha envolviam agressões, ameaças e mortes na região. Na ocasião, Taillon foi preso em ma operação deflagrada após o desabamento de edifícios na Muzema em que 24 pessoas foram mortas.